Começada a construção em 1979, mas apenas enviado ao espaço a bordo do vaivém Discovery no dia 24 de abril de 1990, o Telescópio Espacial Hubble está a comemorar 30 anos desde o início da sua saga de exploração. O telescópio é o protagonista de muitos feitos nos campos da astronomia e astrofísica ao longo dos anos, tendo fotografado e registado fenómenos do espaço, tais como discos formadores de planetas em volta de estrelas próximas.
O seu nome foi atribuído em homenagem a Edwin Hubble, que na década de 1920 construiu o maior telescópio até à data, no Observatório Mt. Wilson em Pasadena, na Califórnia. O Hubble elevou-se para além da superfície terrestre, para o espaço, longe da distorção da atmosfera, das nuvens carregadas de chuva ou qualquer tipo de poluição de iluminação que o impedem de chegar ainda mais longe nas suas observações.
Entre muitas outras descobertas, fez o raio-x à química das atmosferas de planetas em orbita de outras estrelas, identificou o primeiro buraco negro supermassivo no coração de uma galáxia vizinha e ajudou os cientistas a obter provas de teorias sobre o universo. Mas são as suas fotografias fantásticas que tornaram o Hubble tão conhecido, como as Nebulosas Laguna e Caranguejo Sul, ou vislumbres lindíssimos de Saturno.
O Hubble tem um design concebido para receber astronautas e proceder a reparações, assim como ser atualizado com upgrades com tecnologias mais avançadas para continuar a sua missão. E esse é o segredo para o mais antigo e precioso observatório operacional. A NASA reconhece que o “olho” do universo mudou por completo a nossa compreensão do cosmos.
Em 2016, o Hubble identificou, mediu e confirmou aquela que é considerada a galáxia mais longínqua do espaço, e a mais próxima de um Big Bang. O telescópio captou luz emitida há 13,40 mil milhões de anos atrás. Os cientistas referem que esse universo tinha “apenas” 407 milhões de anos. A visão aguçada do Hubble ajudou ainda a NASA a confirmar a existência de um oceano líquido sob a superfície gelada da Lua Europa de Júpiter. O telescópio registou uma espécie de geiseres a expelirem água quente do interior deste corpo celeste.
Na galeria pode ver 30 fotografias, uma para cada ano de missão do Hubble
Recentemente, assistiu ao nascimento de uma estrela dentro do quadrante NGC 1333, uma nebulosa de reflexão cheia de gás e poeira, localizada a mil anos-luz da Terra. Fenómeno igualmente registado na galáxia Kiso 5639, a mais de 82 milhões de anos-luz de distância, quando viu o nascimento de estrelas, num evento considerado muito raro.
Apesar da solidão da viagem pelo espaço, o Hubble tem uma equipa na Terra que toma conta do seu destino, organizada na Goddard Space Flight Center da NASA. A equipa é composta por diretores técnicos e cientistas que supervisionam todos os aspetos da missão do telescópio. Diversos elementos garantem ainda a saúde do Hubble, a sua segurança e claro, que este esteja sempre operacional. Para tal, observam diversos elementos integrados como a energia, a temperatura, a gestão dos seus dados, a direção de navegação, entre outros aspetos que ditam o sucesso das suas missões. O software e o hardware, assim como a rede de comunicações e a infraestrutura terrestre é seguida por esta preciosa equipa.
O Hubble tem 13 metros de comprimento, aproximadamente o tamanho de um autocarro, e pesa cerca de 11 toneladas. Do espaço, e em órbita do planeta azul, consegue circundá-lo em apenas 96 minutos, ou seja, praticamente a duração de uma partida de futebol.
O plano da agência espacial norte-americana era realizar diversos eventos públicos para celebrar este aniversário especial, mas infelizmente a pandemia de COVID-19 obrigou ao seu adiamento. No entanto, a era digital permite realizar iniciativas através da internet, e a NASA planeia ao longo do ano partilhar imagens, vídeos, documentários, e outras atividades interativas no seu website e nas redes sociais, sob o tema #Hubble30.
Uma das brincadeiras interativas que a NASA preparou prende-se com a data de aniversário dos utilizadores. Neste site, se partilhar o dia e o mês em que nasceu, o sistema devolve-lhe uma fotografia captada pelo Hubble nesse mesmo dia. Experimente e descubra qual a sua fotografia espacial.
Com 30 anos a percorrer o espaço, ainda não existe uma data marcada para a sua reforma, mas a NASA já tem o seu sucessor quase concluído. Trata-se do telescópio James Webb que tem data prevista para ser lançado ao espaço em 2021, considerando os atrasos previstos devido à pandemia de COVID-19.
As últimas notícias davam conta que os técnicos e engenheiros estão a fazer testes nas instalações da Northrop Grumman, na Califórnia. E este já mexe, com o sistema interno do aparelho a ser capaz de assumir a configuração que terá quando entrar em órbita. Para ter uma ideia, o seu espelho principal tem uma dimensão total de 6,5 metros.
Mas até o substituto chegar, certamente que o Hubble irá ainda brindar a humanidade com novas descobertas e fotografias espetaculares. A NASA certamente que as continuará a partilhar…
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