Visível a olho nu e a cerca de 2,5 milhões de anos-luz da Terra, Andrómeda não é apenas mais uma galáxia no vasto universo. Graças ao Telescópio Espacial Hubble, a vizinha da Via Láctea revelou segredos que ajudam a contar uma história única que pode mudar a forma como entendemos o cosmos.

Há cerca de um século, Edwin Hubble descobriu que Andrómeda, antes considerada apenas uma “nebulosa espiral”, era na verdade uma galáxia independente, muito além dos limites da Via Láctea.

A revelação abalou os alicerces da astronomia, mostrando que o universo era muito maior do que se imaginava. Hoje, o telescópio que leva o nome do astrónomo realizou a análise mais detalhada de sempre desta galáxia vizinha, permitindo aos cientistas explorarem o seu passado turbulento.

Andrómeda é muito diferente da nossa galáxia. Enquanto a Via Láctea segue um caminho relativamente calmo, Andrómeda é descrita como um verdadeiro “desastre galáctico”. Segundo os cientistas, sofreu colisões e fusões com outras galáxias, o que moldou a sua estrutura e formação estelar. A história turbulenta é visível nos fluxos de estrelas e no enorme número de estrelas jovens que ainda habitam Andrómeda.

Os cientistas acreditam que, há muito tempo, Andrómeda colidiu com uma galáxia vizinha, possivelmente a Messier 32. Essa interação terá consumido grande parte do gás disponível, o que levou a uma intensa formação de estrelas, seguida por um período de “calmaria” estelar.

Atualmente, Andrómeda é um híbrido, com um núcleo de estrelas mais velhas e uma periferia ainda ativa, mas menos vibrante do que se esperava para uma galáxia da sua dimensão.

Para criar um mosaico detalhado de Andrómeda, o Hubble teve de observar mais de 600 campos de visão diferentes ao longo de mais de uma década.

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O resultado é uma imagem impressionante, composta por 2,5 mil milhões de pixéis, mostrando mais de 200 milhões de estrelas. Mesmo assim, isso é apenas uma fração da galáxia, que contém cerca de 1 bilião de estrelas no total.

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Os dados recolhidos pelo Hubble permitem aos cientistas estudar a idade, composição química e massa das estrelas de Andrómeda, ajudando a reconstruir os eventos que moldaram a galáxia ao longo do tempo. Estes estudos também servem de referência para entender melhor a nossa própria galáxia, já que, inseridos na Via Láctea, é difícil observar a sua estrutura como um todo.

As descobertas do Hubble preparam o terreno para futuras investigações com telescópios ainda mais avançados, como o James Webb e o Nancy Grace Roman, nota a NASA. Estes novos instrumentos vão ampliar o alcance do que já foi feito, ajudando a desvendar mais mistérios do universo, sublinha a agência espacial norte-americana.