“Houston, daqui Base da Tranquilidade, o Eagle pousou” e “Um pequeno passo para um homem, um salto gigante para a humanidade” são duas frases que ficaram para a história sobre a primeira vez que um ser humano visitou a Lua.
Mais precisamente a 20 de julho de 1969, os astronautas da Apollo 11 Neil A. Armstrong, Michael Collins e Edwin E. “Buzz” Aldrin completaram a primeira “chegada humana” à Lua.
Na altura ainda não sabiam, mas cumpriram o objetivo nacional do Presidente John F. Kennedy, estabelecido em maio de 1961, de pousar um homem na Lua e devolvê-lo em segurança à Terra antes do final da década.
A história da exploração espacial começou muito antes de os norte-americanos colocarem os primeiros homens no satélite natural da Terra, antes de a antiga União Soviética ter feito de Yuri Gagarin o primeiro humano a completar um voo orbital da Terra, antes mesmo de a NASA ter sido criada.
O fascínio pela Lua - aquele "destino planetário" que podemos ver facilmente com os nossos olhos e por isso mais à mão de semear - é ancestral e manifestou-se de várias formas ao longo do tempo. A missão Apollo 11 foi “apenas” uma delas, mas sem dúvida a mais decisiva: foi aí que a "viagem extraterrestre" propriamente dita começou.
Foi com a Apollo 11 e com os seus três tripulantes Neil Armstrong, Edwin "Buzz" Aldrin e Michael Collins que a humanidade conseguiu chegar à Lua pela primeira vez, mas as missões que a antecederam foram determinantes para tornar o sonho realidade. Mais de oito anos de preparativos separam o anúncio de John F. Kennedy e o lançamento a 16 de julho de 1969 da espaçonave Columbia.
A estratégia norte-americana para a exploração espacial estava, assumidamente, em curso desde abril de 1959, quando foi apresentado o projeto Mercury, de voo tripulado. Mas tal objetivo só foi cumprido passados dois anos, a 5 de maio de 1961, e não antes dos soviéticos colocarem Yuri Gagarin a orbitar a Terra.
Clique nas imagens que fazem a história da chegada do Homem à Lua
Antes das missões Apollo, iniciadas em 1967, o programa Gemini contribuiu para apurar e testar diferentes aspectos a que seria necessário dar resposta numa viagem do género, como a capacidade dos astronautas fazerem voos de longa duração ou da nave acoplar em órbita em redor da Terra ou da Lua.
Já o conjunto de missões que concretizaram o desígnio não começou da melhor forma: a primeira de todas, a Apollo 1, resultou numa tragédia, com a morte dos três tripulantes durante uma simulação na plataforma de lançamento, quando a cápsula onde permaneciam se incendiou, a 27 de janeiro de 1967. Mas a 16 de julho de 1969 iniciava-se a história com final feliz.
“3… 2… 1… temos descolagem!”
A 16 de julho de 1969, a missão Apollo 11 descolava para uma viagem à Lua e à história mundial. Longe de existir a SpaceX de Elon Musk e o seu Big Fucking Rocket, a “boleia” da espaçonave Columbia ficou a cargo do Saturn V, o maior e mais poderoso foguetão até à altura.
Especialistas do Johnson Space Center da NASA “juntaram” imagens dos locais de pouso das missões Apollo na Lua, criando panorâmicas, para dar uma ideia da experiência visual.
A bordo iam o comandante, Neil Armstrong, o piloto do módulo de comando Columbia, Michael Collins e o piloto do módulo lunar Eagle, Edwin "Buzz" Aldrin.
O módulo de comando Columbia foi desenhado para este programa. Era uma cápsula construída para transportar três astronautas até à Lua e depois trazê-los de volta. Maior que a espaçonave usada nos programas Mercury e Gemini, permitia que os astronautas se movimentassem. A área da tripulação tinha um espaço idêntico ao de um automóvel ligeiro.
A missão Apollo 11 era ainda constituída pelo módulo lunar Eagle destinado, tal como o nome indica, a pousar no satélite natural da Terra – e depois a regressar à “nave mãe” Columbia. Aqui já só havia lugar para dois tripulantes, que foram Neil Armstrong e Buzz Aldrin e que pisariam a Lua quatro dias depois. Michael Collins aguardou no módulo de comando.
“Houston, daqui Base da Tranquilidade. O Eagle pousou”
Dia 20 de julho de 1969, com 100 horas e 12 minutos de voo, o Eagle separou-se da Columbia para a aproximação à Lua, mas as cerca de três horas seguintes não foram propriamente fáceis.
Na última fase da descida, a luz de aviso da reserva acendeu-se, indicando que só havia 5% de combustível. Neil Armstrong e Buzz Aldrin tinham 90 segundos para pousar...
Os alarmes soaram a bordo do módulo, primeiro relativamente ao excesso de dados que o computador não estava a conseguir processar, e depois vários sobre o posicionamento do módulo lunar, que teve de ser alterado e que acabou por influenciar o local de “aterragem”. Entretanto, Neil Armstrong teve de assumir o controlo manual do módulo.
Na última fase da descida em direção à Lua, e para rematar o conjunto de “peripécias”, houve direito a mais um momento de suspense, mas este digno de uma produção de Hollywood: a luz de aviso da reserva acendeu-se, indicando que restava apenas 5% de combustível no depósito. Neil Armstrong e Buzz Aldrin só tinham 90 segundos para pousar.
Precisamente às 04:17 PM EDT de 20 de julho de 1969 (21h17 do mesmo dia em Portugal), o sistema do Eagle deu indicação que tinha tocado a superfície da Lua. Foi com alívio que a equipa em Terra ouviu Neil Armstrong responder ao pedido de contacto com as palavras históricas “Houston, daqui Mar da Tranquilidade. O Eagle pousou”.
O comandante da missão foi o primeiro ser humano a pisar “outro mundo”, numa oportunidade que descreveu com as famosas palavras “um pequeno passo para um homem, um salto gigantesco para a humanidade”. Eram perto das quatro da madrugada do dia 21 de julho em Portugal e o momento terá sido visto - e ouvido - na altura, por mais de 600 milhões de pessoas em todo o mundo.
Nas cerca de duas horas e meia em que caminharam no Mar da Tranquilidade, região quase plana e escura onde o Eagle alunou depois de se ter distanciado da zona inicialmente prevista, os dois astronautas norte-americanos falaram com o Presidente dos Estados Unidos Richard Nixon, recolheram amostras de solo e rocha lunar, instalaram instrumentos científicos, como um sismómetro, fixaram, sem conseguirem enterrar, uma bandeira americana e registaram imagens.
Deixaram para trás medalhas em homenagem aos membros da tripulação da Apollo 1, que morreram no teste de lançamento, e uma placa com a inscrição "Viemos em paz em nome de toda a humanidade", entre outras mensagens (e “itens” de outros géneros como contentores de urina…).
Passadas 21 horas e 36 minutos da alunagem, o comandante da Apollo 11 e o responsável pelo módulo de alunagem voltaram para junto de Michael Collins que tinha permanecido na nave-mãe Columbia, em órbita.
A tripulação iniciou o voo de regresso, chegando a Terra a 24 de julho de 1969. Ao todo, a missão durou oito dias, três horas, 18 minutos e 35 segundos, de acordo com os arquivos da NASA. A tripulação da Apollo 11 caiu diretamente no Oceano Pacífico e foi resgatada pelos helicópteros do navio de recuperação 'USS Hornet', num momento que ficou conhecido como "Apollo Splashdown".
Os três astronautas foram depois "obrigados" a cumprir uma quarentena de 21 dias, após a missão histórica à Lua, por terem interagido com material lunar.
Regresso marcado com as missões Artemis
Mais de cinco décadas depois, tanto da primeira como da última “visita” humana, a Lua voltou a ser um destino desejado, havendo todo um regresso planeado por fases com as missões Artemis, com direito não só a “pôr os pés no terreno”, mas a pensar a longo prazo, com a construção de uma estação espacial lunar, que servirá de base de apoio para missões à superfície lunar e mais tarde um ponto de partida para Marte e mais planetariamente além.
O primeiro passo deste (muito provavelmente) novo salto gigante para a humanidade já foi dado, com a missão não tripulada Artemis I, lançada em novembro de 2022, que testou o Space Launch System (SLS) e a cápsula Orion num voo em redor da Lua e de volta à Terra.
Aguarda-se agora o primeiro voo tripulado da missão, na Artemis II, previsto para novembro deste ano, que levará quatro astronautas num “passeio” em redor do satélite natural da Terra, entre eles, pela primeira vez, uma mulher.
Já a chegada de astronautas à superfície lunar (e provável instalação) acontecerá com a Artemis III, prevista para o final de 2025.
Depois de cumprir as três primeiras fases, a agência especial norte-americana tenciona avançar com mais missões, que incluem o desenvolvimento da estação espacial Gateway, começando com a Artemis IV, em 2027.
Entretanto há todo um conjunto de atividades lunares em curso, desde o desenvolvimento de sistemas de energia, à preparação de veículos todo o terreno, além das descobertas oferecidas por instrumentos de observação já existentes.
É exemplo a recentemente proporcionada pela Lunar Reconnaissance Orbiter (LROC), que confirmou a existência de uma caverna subterrânea na Lua que é acessível pela superfície e pode vir a servir de abrigo para futuros astronautas.
A caverna está localizada no Mar da Tranquilidade, perto do local onde os astronautas da Apolo 11 pousaram pela primeira vez a 20 de julho de 1969.
Nota da redação do SAPO TEK: Parte deste artigo foi originalmente publicado a 22 de julho de 2019, na altura em que se assinalaram os 50 anos da chegada do Homem à Lua.
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