Devido à pandemia de COVID-19, 2020 ficou marcado por ser um ano atípico no que diz respeito às vendas de videojogos, que dispararam devido à necessidade das pessoas se entreterem no difícil tempo em isolamento. É difícil estabelecer números de vendas a níveis globais, já que os analistas se focam em territórios. Mas a NPD Group tem vindo a registar as vendas nos Estados Unidos, que sendo um dos principais mercados do mundo, reflete-se como um indicador de sucesso de vendas.

Nesse sentido, só em 2020, nos Estados Unidos, foi estabelecido um novo recorde de receitas: 57 mil milhões de dólares, um crescimento que ficou 27% acima do ano anterior. Diversos fatores contribuíram para estes números astronómicos e para além do isolamento, a introdução de novas consolas no mercado ajudou a dilatar os resultados.

E o mais interessante é o crescimento dos conteúdos digitais e serviços em todas as plataformas, num registo de mais 26% face ao ano anterior. Mais uma vez, o isolamento impediu as pessoas de adquirirem jogos nas lojas, ajudando mesmo no declínio da Gamestop, empurrando os gamers para as plataformas digitais.

As três fabricantes de consolas registaram igualmente números muito positivos, como a Sony que viu as suas receitas a subirem 40%, vendendo 4,5 milhões de PlayStation 5, apesar de terem esgotado. A Microsoft indicou que as receitas da Xbox tiveram também uma subida de 40%, devido ao lançamento da nova geração de consolas Xbox Series X|S. E a Nintendo também obteve excelentes resultados, tanto ao nível de venda de Switchs como de videojogos.

Mas qual terá sido o jogo que mais rendeu em 2020? Segundo a NPD Group, o grande vencedor foi novamente Call of Duty e o seu mais recente capítulo Black Ops: Cold War. A Activision Brizzard fez mesmo um brilharete ao preencher o segundo lugar dos mais rentáveis com Call of Duty: Modern Warfare, reforçando a força da série na indústria ao longo dos anos.

O pódio é fechado por Animal Crossing: New Horizons, considerando que as vendas digitais não foram contabilizadas, já que a Nintendo não fornece valores neste canal. Situação idêntica à de Cyberpunk 2077, que apesar do sucesso de lançamento, apenas aparece em penúltimo lugar do Top 20 de 2020.

Com Call of Duty: Black Ops: Cold War a sagrar-se o jogo que mais faturou em 2020, ficou com curiosidade para saber, segundo os mesmos critérios, quais foram os campeões de lucro nos últimos 25 anos, desde 1995? Fique com a lista completa, ainda que os números raramente sejam divulgados.

Veja na galeria todos os videojogos mais rentáveis dos últimos 25 anos:

2020 – Call of Duty: Black Ops: Cold War (PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X|S, PC)

Cold War é uma viagem a um dos universos mais conhecidos da série Call of Duty, sendo uma sequela direta ao primeiro Black Ops, que curiosamente já era uma sequela de World at War, este ainda passado na Segunda Guerra Mundial. O jogo ajudou a Activision a chegar a 200 milhões de jogadores, tendo referido que o seu lançamento em novembro de 2020 tinha sido o maior de sempre da série, no que diz respeito ao número de jogadores e horas jogadas.

2019 - Call of Duty: Modern Warfare (PlayStation 4, Xbox One, PC)

Modern Warfare foi o remake do original Call of Duty 4: Modern Warfare, um dos títulos que ajudou a colocar a série no estatuto de grande sucesso. O jogo vendeu, e continua a vender tão bem, que em 2020 ficou em segundo lugar, atrás de Cold War. Este remake não só traz de regresso o Captain Price, uma das personagens mais carismáticas da série, como fez algumas mudanças na história.

2018 - Red Dead Redemption 2 (Xbox One, PlayStation 4)

Estima-se que Red Dead Redemption 2 tenha vendido cerca de 34 milhões de jogos desde o seu lançamento. É um número que o coloca facilmente esta novela interativa inspirada no velho oeste no top dos jogos mais vendidos de sempre, mas muito longe de Grand Theft Auto V, igualmente da Rockstar Games, que soma 135 milhões de unidades. Só há um jogo que vendeu mais unidades que GTA 5, consegue adivinhar? Não? Foi Minecraft.

2017 - Call of Duty: WWII (PlayStation 4, Xbox One, PC)

Depois de diversos títulos baseados em palcos de Guerra contemporâneos ou futurísticos, a série voltou às suas raízes da Segunda Guerra Mundial e foi muito bem aceite pelos fãs, que desde 2006 não jogavam neste universo, ou seja, desde CoD 3. COD: WWII faturou mais de 3 mil milhões de dólares nos primeiros três meses depois do seu lançamento.

2016 - Call of Duty: Infinite Warfare (Xbox One, PlayStation 4, PC)

Este título mergulhou profundamente no campo da ficção científica, depois de nos anos anteriores ter explorado temáticas de “futuro próximo”. Apesar de ser o que mais faturou neste ano, ficou muito abaixo das expetativas da Activision, já que mutos fãs não gostaram do tema e da direção do jogo.

2015 - Call of Duty: Black Ops III (PS4, PS3, Xbox One, Xbox 360, PC)

Mais um caso de sucesso num novo capítulo da série, mas este título fez levantar os alarmes da Activision para o decréscimo de interesse em Call of Duty. Mesmo a crítica considerou que a série tinha chegado ao ponto de estagnação. Black Ops III começou a percorrer as temáticas futuristas na série.

2014 - Call of Duty: Advanced Warfare (PS4, PS3, Xbox One, Xbox 360, PC)

Foi o primeiro com temáticas de ficção científica e o seu lançamento acabou por fazer esquecer o desastre de Ghosts, lançado no ano anterior, considerado o pior capítulo da saga. Advanced Warfare já tinha consolidado a tecnologia da nova geração de consolas nesse ano, a PS4 e a Xbox One. O jogo lista ainda diversos atores de Hollywood na criação da história, como Kevin Spacey, que foi o grande antagonista.

2013 - Grand Theft Auto V (Xbox 360, PlayStation 3, PC, PS4, Xbox One)

GTA V é atualmente o segundo jogo que mais vendeu de sempre, com 135 milhões de unidades vendidas, atrás de Minecraft. É um caso raro de sucesso considerando que desde o seu lançamento há 8 anos continua a figurar constantemente na lista dos mais vendidos, ombreando com os novos lançamentos. Os mods Role Play e a componente GTA Online continuam a angariar novos jogadores numa base diária. Para ter conta, o jogo foi lançado na geração PS3/Xbox 360, seguindo-se a PS4/Xbox One, e já foi anunciada a nova versão para PS5 e Xbox Series X|S.

2012 - Call of Duty: Black Ops II (PlayStation 3, Xbox 360, Wii U, PC)

Só no primeiro dia, Black Ops II bateu o recorde do jogo anterior, Modern Warfare 3, tendo faturado 500 milhões de dólares no primeiro dia de lançamento. Ao final de um mês tinha vendido mais de 7 milhões de cópias.

2011 - Call of Duty: Modern Warfare 3 (PlayStation 3, Xbox 360, Nintendo Wii, PC)

Até ao lançamento do remake de Modern Warfare de 2019, este terceiro capítulo da primeira trilogia era o jogo mais vendido da série, contando atualmente com 26,5 milhões de cópias vendidas desde o lançamento. Foi na altura o maior lançamento de um videojogo até então.

2010 - Call of Duty: Black Ops (Xbox 360, PlayStation 3, Wii, PC, Nintendo DS)

Depois do sucesso de Modern Warfare, que desviou a série Call of Duty dos palcos da Segunda Guerra Mundial, a Treyarch construiu uma subsérie de grande sucesso com Black Ops. Este título foca-se na Guerra do Vietname e serve de sequela direta de World at World, que representou o final da segunda grande guerra. Este jogou fica ainda marcado pela nova estratégia da Activision rodar a série entre diferentes estúdios, cada um com três anos em rotação para entregar um novo capítulo.

2009 - Call of Duty: Modern Warfare 2 (Xbox 360, PlayStation 3, PC)

Este capítulo da série Call of Duty ficou marcado por algumas controvérsias, nomeadamente a missão da campanha chamada “No Russian”, que colocou os jogadores na pele de um terrorista durante um ataque a um aeroporto russo, e com a possibilidade de matar civis.

2008 - Rock Band (PlayStation 3, Xbox 360, Wii, PlayStation 2)

Rock Band foi a evolução natural da série Guitar Hero, naquela que é considerada a era da explosão dos instrumentos de plástico. Para além de ter duas guitarras, uma delas podia assumir-se como baixo, quatro jogadores podiam formar uma banda, com a novidade de introduzir uma bateria e um microfone para o vocalista cantar em formato karaoke. Se sozinho era divertido, os serões entre amigos e família ganharam outro ritmo…

2007 - Guitar Hero III: Legends of Rock (PS2, PS3, Xbox, Xbox 360, Wii, PC)

A Harmonix começou como um estúdio especialista na produção de jogos de puzzles ritmos, tendo evoluído o seu conceito para Guitar Hero. O primeiro jogo chamou a atenção pelo seu curioso periférico em forma de guitarra elétrica funcional. Mas o terceiro jogo, já no seio da poderosa Activision, tornou-se num dos títulos mais vendidos de sempre, sobretudo por deixar a exclusividade da PlayStation 2 para ser vendido em múltiplas plataformas.

2006 - Madden NFL 07 (PS2, PS3, Xbox, Xbox 360, GameCube, Wii, PC, PSP, Game Boy Advance, Nintendo DS)

Se FIFA é um fenómeno na Europa, nos Estados Unidos o futebol americano é muito forte, e por isso a série Madden NFL continua a ser um sucesso. E é uma das mais antigas séries no mercado, com o primeiro título lançado nos primórdios de existência da Electronic Arts. O grande sucesso em 2006 deste jogo foi o seu lançamento cross-gen, mantendo-o em 10 plataformas, incluindo consolas portáteis e domésticas.

2005 - Madden NFL 06 (PS2, PS3, Xbox, Xbox 360, GameCube, Wii, PC, PSP, Game Boy Advance, Nintendo DS)

Esta versão de Madden NFL foi um pouco arriscada para a EA. Estreou-se na Nintendo DS e Xbox 360, versões com diferenças bem notórias em relação às restantes plataformas, faltando algumas funcionalidades e modos de jogo. Ainda assim, conseguiu superar o top de vendas, tornando-se o mais vendido de 2005.

2004 - Grand Theft Auto: San Andreas (PlayStation 2)

San Andreas foi o redefinir da fórmula sandbox que a Rockstar criou em GTA 3, apresentando uma representação bem credível da Califórnia e a possibilidade de os jogadores personalizarem o protagonista CJ. Mecânicas como a possibilidade de ganhar ou perder peso mediante o que comia e o exercício feito, juntamente com as mecânicas reconhecidas de condução, ação e missões mirabolantes, fizeram deste título um dos preferidos dos fãs e o mais vendido do ano.

2003 - Madden NFL 2004 (PlayStation 2, GameCube, Xbox, PC, Game Boy Advance)

No início da década de 2000, os jogos mais rentáveis de cada ano alternavam entre o simulador desportivo Madden e a série GTA. Esta versão em concreto, Madden 2004, ficou marcado por extrapolar o jogador que ilustrava a capa, Michael Vick, uma das jovens promessas da altura, adicionando-lhe uma velocidade de 95/100 no jogo, tornando-o num dos melhores atletas da série de futebol americano.

2002 - Grand Theft Auto: Vice City (PlayStation 2)

GTA III meteu a série na boca do mundo, e a partir daí não se falava em outra coisa que não “roubar carros” e “atropelar pessoas” nos jogos. Situação que colocou a Rockstar Games a braços com diversos processos judiciais de advogados americanos, como o famoso caso contra Jack Thompson. Vice City apresenta o mesmo conceito de mundo aberto do jogo anterior, mas oferece um ambiente inspirado em Miami, no filme Scarface e na série televisiva Miami Vice.

2001 - Madden NFL 2002 (PlayStation 2, GameCube, Xbox, PC, Game Boy Color, Nintendo 64, Game Boy Advance)

Madden NFL 2002 foi um dos títulos de estreia da Xbox, a entrada da Microsoft no mundo das consolas, tendo ajudado na venda de muitas unidades. Obviamente que a EA não descurou as restantes plataformas, e claro, o jogo tornou-se o que mais faturou nesse ano.

2000 - Pokémon Stadium (Nintendo 64)

Apesar do jogo não ser tão impressionante como os principais títulos da série principal, este trouxe um sistema que permitia transferir os Pokémons de Red e Blue do Game Boy para a Nintendo 64, e ver as personagens pela primeira vez em formato tridimensional. Foi a partir daqui que os jogos começaram a estar mais conectados, possibilitando a transferência dos monstrinhos.

1999 - Donkey Kong 64 (Nintendo 64)

Donkey Kong 64 demonstrou a capacidade de expandir a consola Nintendo 64 para lá dos seus limites técnicos. O jogo da Rare foi lançado com o Nintendo 64 Expansion Pak, uma atualização da memória que ajudou a oferecer imagens mais rápidas e texturas gráficas até aqui impossíveis. Tecnologia que viria a beneficiar outros jogos que saíram mais tarde na consola.

1998 - The Legend of Zelda: Ocarina of Time (Nintendo 64)

Considerado por muitos como uma obra-prima e um dos melhores videojogos de sempre, Ocarina of Time marcou a estreia da série no plano tridimensional. O jogo beneficiou da abertura da tecnologia que Mario 64 tinha introduzido anteriormente. Isto significou a exploração ainda mais imersiva de Hyrule, a introdução de personagens memoráveis, assim como novas mecânicas de combate e resolução de puzzles.

1997 - Mario Kart 64 (Nintendo 64)

A Nintendo 64 foi rainha durante cinco anos consecutivos, no que diz respeito ao jogo que mais faturou em cada um. Mario Kart 64 já tinha confirmado a série de karts como uma das mais lucrativas da Nintendo: veja-se Mario Kart 8 Deluxe que já chegou aos 42 milhões de cópias vendidas, entre a Switch e Wii U. Esta versão do jogo de corridas introduziu pela primeira vez o formato de ecrã dividido para quatro jogadores disputarem as provas na mesma consola. Também ajudou o design requintado das suas pistas e músicas, que ainda atualmente são “repescadas” para os jogos atuais da série.

1996 - Super Mario 64 (Nintendo 64)

A Nintendo lançou Super Mario 64 como um tónico de sucesso, apresentando ao mundo o famoso canalizador totalmente em 3D. O jogo tirou todo o partido do processador de 64 bits da consola, apresentando Mushroom Kingdom em todo o seu esplendor tridimensional. Mario 64 fica na história da indústria por introduzir mecânicas nos jogos de plataformas que ainda hoje são utilizados.

1995 - Mortal Kombat 3 (PC, Sega Megadrive, PlayStation, Game Boy, Game Gear, Master System)

Com o seu passado ligado à violência, devido às finalizações explícitas, jorros de sangue e grandes movimentos artísticos, Mortal Kombat 3 continuou o legado de chamar a atenção dos críticos. Claro que isso também se traduz em atenção adicional e vendas.