O lançamento do novo satélite estava marcado e decorreu como esperado às 15h20 de terça-feira, 23h20 de Lisboa. A missão definida pela ESA é estudar os efeitos das nuvens no clima da Terra, uma área que ainda não é completamente compreendida pelos cientistas.
O EarthCARE é um satélite de 2,2 toneladas e foi projetado e construído por um consórcio que é liderado pela Airbus. A sua zona de operação 400 quilómetros acima da Terra e a missão está prevista para três anos, substituindo os satélites CloudSat e CALIPSO da NASA, cujas missões estão agora concluídas, na análise do clima.
"A descolagem desta noite lembra-nos que o espaço não é dedicado apenas à exploração de galáxias e planetas distantes, mas também à compreensão da nossa bela e frágil Terra", sublinhou Josef Aschbacher, diretor do ESA, num vídeo publicado nas redes sociais.
As nuvens são objetos complexos que agem de maneira diferente no clima, dependendo de sua altitude na troposfera, a camada mais baixa da atmosfera.
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Estas "são um dos principais contribuintes para as alterações climáticas e é um dos que menos sabemos", explicou à agência France-Presse (AFP) Dominique Gilliéron, líder do departamento de projetos de observação da Terra da ESA.
Algumas, como as nuvens cúmulos, formadas por vapor de água e localizadas a baixa altitude, funcionam como um guarda-sol: sendo muito brancas e muito brilhantes refletem a radiação do Sol de volta ao espaço - um efeito chamado albedo - e arrefecem a atmosfera.
Um post na rede social X mostra as 10 razões pelas quais a ESA está entusiasmada com esta missão
Outras, como as nuvens cirros de grande altitude, feitas de gelo, pelo contrário, permitem a passagem da radiação solar, que aquece a Terra. O planeta reemite radiação térmica que "as nuvens cirros irão captar, o que mantém o calor", explicou Dominique Gilliéron durante uma conferência de imprensa.
Estes dados demonstram a importância de avaliar a natureza das nuvens de acordo com a altitude, dissecando a sua estrutura vertical, o que nenhum satélite fez até agora, sublinhou Simonetta Cheli, diretora de programas de observação da Terra na ESA.
Veja o vídeo da simulação de abertura dos paineis do satélite
A missão pioneira da ESA, em colaboração com a agência japonesa Jaxa, analisará também os aerossóis, minúsculas partículas em suspensão (como poeiras, pólen ou poluentes humanos como cinzas de combustão), sobre as quais a água se condensa e são precursoras das nuvens.
O EarthCARE está ainda equipado com um gerador de imagens multiespectral, que fornecerá informações sobre a forma das nuvens, e um radiómetro para sondar a sua temperatura.
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