O novo estudo envolve dados captados de várias fonte, incluindo os satélites, e envolve 35 equipas de investigação multidisciplinares. Segundo os dados, os glaciares têm vindo a perder uma média de 273 mil milhões de toneladas de gelo por ano desde o ano 2000, com uma "aceleração alarmante nos últimos 10 anos".

Michael Zemp, que co-liderou o estudo, explica que foram compiladas 233 estimativas de alterações na massa de glaciares regionais de cerca de 450 fontes de dados, envolvendo 35 equipas de investigação. O projeto Glambie (Glacier Mass Balance Intercomparison Exercise) produziu uma série temporal anual de alterações na massa dos glaciares para todas as regiões glaciares do mundo, com dados de 2000 a 2023.

Segundo a informação partilhada, nas últimas duas décadas os glaciares perderam aproximadamente 5% do seu volume total, com perdas regionais que variam entre 2% nas Ilhas Antárticas e Subantárticas e 39% na Europa Central, o que corresponde a uma perda anual de 273 mil milhões de toneladas de gelo. Em 2000 os glaciares cobriam 705.221 km² e continham cerca de 121.728 biliões de toneladas de gelo, excluindo as camadas de gelo continentais da Gronelândia e da Antártida.

O vídeo da ESA explica o trabalho de investigação

Os cientistas alertam porém que a quantidade de gelo perdido aumentou 36% na segunda metade do período do estudo (2012-2023) em comparação com a primeira metade do estudo (2000-2011). "A perda de massa dos glaciares durante todo o período do estudo foi 18% superior à da camada de gelo da Gronelândia e mais do dobro da da camada de gelo da Antártida", refere o documento.

Atualmente os glaciares são o segundo maior contribuinte para o aumento global do nível do mar, a seguir à expansão térmica relacionada com o aquecimento dos oceanos. Superam as contribuições da camada de gelo da Gronelândia, da camada de gelo da Antártida e as alterações no armazenamento de água terrestre.

Para a análise dos dados foram usados dados de satélites óticos, de radar, laser e de gravimetria. As observações por satélite incluíram as das missões Terra/ASTER e ICESat-2 dos EUA, GRACE dos EUA e da Alemanha, TanDEM-X da Alemanha e CryoSat da ESA, entre outras.

O trabalho de coordenação foi explicado por Livia Jakob, que sublinhou a importância do esforço conjunto de equipas de investigação de todo o mundo. "Beneficiando dos diferentes métodos de observação, Glambie não só fornece novos insights sobre as tendências regionais e a variabilidade de ano para ano, como também podemos identificar diferenças entre os métodos de observação", adianta, citada pela ESA. "Isto significa que podemos fornecer uma nova linha de base observacional para estudos futuros sobre o impacto do degelo dos glaciares na disponibilidade regional de água e na subida global do nível do mar".

O estudo publicado na Nature pode ser acedido neste link.