À medida que a pandemia de COVID-19 demonstra sinais de que veio para ficar, mantêm-se as medidas de isolamento social implementadas por governos em todo o mundo para prevenir a propagação da doença. Para muitos, estar em casa durante longos períodos começa a ter um impacto negativo no bem-estar mental e físico.

Os astronautas, por exemplo, são uma das provas de que sobreviver ao isolamento pode ser difícil, mas não é impossível. Durante a experiência Mars 500 da ESA, 6 astronautas vindos da Itália, Rússia, China e França ficaram fechados durante 520 dias numa “nave espacial” na Terra para simular uma missão tripulada a Marte.

A equipa da Mars 500 não teve acesso à luz do sol ou a ar fresco ao longo de toda a experiência. A estadia de 520 dias teve muitos “altos e baixos”, no entanto, os astronautas conseguiram adaptar-se à monotonia de toda a situação, incluindo à falta de variação nas refeições e até aos atrasos de comunicação com o exterior. Os investigadores temiam mesmo que a missão fosse um completo falhanço, mas aconteceu o contrário, provando que, com muita perseverança, é possível sobreviver ao isolamento, preparando o terreno para as futuras missões a Marte.

A pensar em quem não está a lidar bem com o isolamento, Romain Charles, engenheiro de voo ESA que participou na Mars 500, partilha algumas dicas para ajudar a tornar a vida um pouco mais fácil.

  • Mentalizar-se de que a situação é temporária

De acordo com Romain Charles, um dos elementos que pode tornar a sobrevivência em isolamento um pouco mais fácil é mentalizar-se de que a situação é temporária e de que chegará o dia em que será possível fazer todas as atividades que são interditas. O engenheiro de voo ESA relembra que durante a estadia de 520 dias em isolamento houve vezes em que sentia uma vontade imensa de poder, por exemplo, dar uns mergulhos numa piscina. Para ajudar a sua mente a lidar com isso, Romain Charles reuniu toda a sua força de vontade e fez a si próprio a promessa que de assim que tudo passasse voltaria a fazer uma das suas atividades preferidas.

  • Manter-se ocupado

Recordando uma dica lhe foi passada por colega que trabalhava em submarinos, Romain Charles indica que é importante manter a mente e o corpo ocupados com alguma atividade. Em tempos de isolamento, a inatividade abre a porta a tipos de pensamento negativos ou até mesmo destrutivos. Criar uma rotina de atividades e incluir coisas que nunca experimentou antes, como por exemplo aprender uma nova competência, podem ajudar. Para não perder “o fio à meada”, pode também manter um calendário ou agenda com todos os projetos que quer fazer.

  • Viver no presente

“Falar é fácil, fazer é difícil”, admite Romain Charles. Pensar demasiado no isolamento e nas circunstâncias que o rodeiam não é de todo uma boa ideia. O astronauta revela que é este tipo de pensamento que pode levar a que as pessoas se tornem mais impacientes e rabugentas. Levar um dia de cada vez é mesmo a melhor forma de encarar a vida em isolamento.

  • Manter rotinas semelhantes às que tinha na vida “normal”

Para não perder contacto com quem está à sua volta, mesmo que estejam à distância, é necessário manter alguns dos hábitos que tinha antes da vida em isolamento, como acordar e deitar-se sempre às mesmas horas.

  • Dê “asas” à criatividade

Romain Charles indica que, depois de algum tempo em isolamento, os dias começam a parecer iguais. Aí, é necessário quebrar a monotonia e apostar em atividades que o mantenham entretido e que lhe deem alguma energia. Por exemplo, durante a missão Mars 500 o astronauta decidiu libertar o artista em si e experimentar vários estilos de barba.

  • Manter o contacto com as pessoas de quem mais gosta

Mesmo à distância, a tecnologia permite manter o contacto com a família, amigos e colegas. Mesmo em isolamento, Romain Charles e os restantes membros da equipa recebiam mensagens de apoio do exterior e mantinham o contacto com a família dentro do possível.

  • Gastar a energia acumulada

É verdade que o isolamento pode deixar as pessoas um pouco frustradas, mas uma boa forma de se libertar da negatividade é gastar energia: seja a fazer exercício em casa, a aprender a tocar um instrumento musical ou a pôr as suas competências de gamer à prova.

  • Comunicar é essencial

Se está a passar o período de isolamento com a família, é normal que surjam algumas tensões: afinal todos tempos personalidades diferentes. Para evitar situações de conflito, Romain Charles recomenda manter a comunicação bem presente e tentar chegar a compromissos.

  • Quando tudo terminar, esperar o inesperado

O engenheiro de voo ESA relembra que, quando o isolamento de 520 dias terminou, foram vários os aspetos da vida considerada quotidianas que o surpreenderam: desde o prazer de poder disfrutar de uma refeição com comida fresca a poder ver o nascer do Sol.

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