Em abril do ano passado, a Comissão Europeia abriu uma investigação, coordenada pela Consumer Protection Cooperation Network (CPC), para identificar práticas fraudulentas no comércio e campanhas publicitárias online. Pela primeira vez, a investigação concentrou-se também em verificar se as alegações feitas por empresas ditas amigas do meio-ambiente são, de facto, verdadeiras.

De acordo com os resultados da análise feita pela CPC em colaboração com as autoridades nacionais de proteção dos consumidores, em 42% dos casos, as ideias que as empresas em questão estavam a tentar passar ao consumidor eram exageradas, falsas ou enganadoras, podendo qualificar-se mesmo como práticas comerciais desleais tendo em conta das regras da União Europeia.

À medida que cada vez mais pessoas procuram mudar os seus hábitos e torná-los mais sustentáveis, a prática conhecida como “greenwashing” (ou “lavagem verde” numa tradução para português) tem vindo a tornar-se uma tendência preocupante.

“Aplaudo a decisão de cada vez mais empresas quererem produzir produtos ou disponibilizar serviços mais eco-amigáveis. No entanto, existem vendedores sem escrúpulos que «tapam os olhos» aos consumidores, passando-lhes ideias vagas ou falsas”, sublinha Didier Reynders, comissário europeu da Justiça.

Ao todo, as autoridades europeias depararam-se com 344 casos em que as empresas ou plataformas digitais indicavam que os seus produtos eram supostamente sustentáveis ou mais ecológicos. Deste universo, metade não disponibilizava informação suficiente para justificar as suas alegações, com 59% a não apresentar qualquer tipo de provas para consubstanciá-las.

Já em 37% dos casos analisados, os produtos eram descritos vagamente, indicando apenas que eram “amigos do ambiente”, “ecologicamente conscientes” ou “sustentáveis”, dando aos consumidores uma ideia de que não tinham qualquer impacto negativo para o meio-ambiente.

Segundo o comissário Didier Reynders, a Comissão Europeia “compromete-se totalmente a empoderar os consumidores enquanto fazem a transição para hábitos mais «verdes», assim como a lutar contra as práticas de «greenwashing»”. Agora, as autoridades nacionais de proteção ao consumidor vão entrar em contacto com as empresas identificadas, para assegurar que mudam as suas práticas