A Smart Cities Tour 2020, enquadrada numa iniciativa nacional, foi apresentada esta quarta-feira e é composta por workshops temáticos realizados em diferentes cidades portuguesas. Para cumprir com os objetivos propostos, o plano é suportado por 30 propostas da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) organizadas por cinco áreas: capital humano, identidade, conectividade, infraestruturas e dados.
O projeto foi desenvolvido pela ANMP e a NOVA Cidade – Urban Analytics Lab, da NOVA Information Management School, em parceria com a Altice Portugal, CTT, EDP Distribuição e Deloitte e tem início na próxima semana em Valongo. Como objetivo, pretende promover a partilha de boas práticas entre os diferentes concelhos, assim como a apresentação de soluções inovadoras no plano das cidades inteligentes (smart cities).
Para sustentar estes objetivos existem um conjunto de trinta medidas para o próximo ciclo de financiamento europeu que se propõe a resolver os desafios e promover as oportunidades do país. Identidade é um dos cinco temas, cada um deles com seis pontos. Neste caso, a aposta passa pela construção de bases de conhecimento do património, recursos e competências, como também pela sua disponibilização, e pelo desenvolvimento de bases de conhecimento abertas das dinâmicas do território, nomeadamente no que diz respeito à economia e à cultura.
Há ainda espaço para uma aposta no espaço, com a terceira medida a dotar o território nacional de uma base de conhecimento espacial, cobrindo aspetos como cadastro, infraestruturas e metereologia, como igualmente para a cultura e tradição. A quarta medida passa por tornar estes dois elementos como "potenciadores de novos modelos de desenvolvimento económico inclusivo". As duas últimas estratégias pretendem identificar pilares locais potenciais motores da transição para a economia circular e promover medidas propostas pelo cidadão na governação do território.
O capital humano é outra área de foco das medidas, incluindo neste âmbito propostas como a formação de recursos humanos e a criação de laboratórios vivos. O primeiro plano passa pelo desenvolvimento de conselhos estratégicos, de alto nível de base local, e que envolvam representantes tanto do território, como de empresas e da academia, com o objetivo de criar plataformas colaborativas de captação de investimento. A medida seguinte destaca, precisamente, a aposta em parcerias entre o território, empresas e academia focadas em investigação aplicada aos desafios reais do território e à contratação de inovação.
A formação de recursos humanos, incluindo os quadros municipais, em "áreas emergentes" resultantes da transformação digital e da IA é outra medida integrada no plano, acompanhada da aposta na promoção da partilha de boas práticas e da criação de comunidades de interesse. E, numa altura em que as alterações climáticas estão na ordem do dia, a última medida nesta área propõe-se a desenvolver ações com o objetivo de alterar hábitos e comportamentos indispensáveis para combater esta problemática e promover a evolução da economia linear para a economia circular.
Na área da conectividade, assegurar a cobertura integral do território nacional com acesso à Internet e comunicações de voz é a primeira aposta, com o plano a querer ainda disponibilizar acesso livre à utilização das redes locais de IoT para ligação de sensores. A 21ª medida passa pela criação de um modelo de identidade digital local, que suporte um ponto de contacto único para todas as interações (bidireccional) entre o cidadão ou empresa e administração local, com a seguinte estratégia a propor incrementar o desenvolvimento de modelos de participação ativa do cidadão. E, utilizando a IoT como alavanca, outra medida pretende criar novos modelos de participação assentes na gamificação. Apostar nas tecnologias de informação e comunicação para a regeneração dos bairros e comunidades locais através de novos modelos de confiança e partilha é a última aposta nesta área.
No âmbito da temática dos dados, a garantia da privacidade, segurança e o uso ético da informação é uma das medidas. Para além disso, pretende-se também construir modelos transparentes de recolha e armazenamento de dados e promover a disponibilização aberta dos mesmos (portais locais de dados abertos) sem qualquer tipo de limitações ao seu uso. Por isso, podem ser, por exemplo, utilizados para fins comerciais capazes de alavancar o desenvolvimento económico através da criação de novos produtos e serviços. Nesta área a aposta passa, ainda, pelo incentivo dos dados abertos em modelos colaborativos de cocriação e pelo apoio à adoção de modelos de tomada de decisão suportados por dados, incluindo administração local, empresas e cidadãos. A 30ª e última medida refere-se ao desenvolvimento de um modelo de remuneração do cidadão por gerar valor económico suportado pelos dados produzidos por si, conhecidos como "data dividends".
As medidas pretendem assim fazer face aos desafios das cidades, que o programa considera passarem pela resposta a diferentes questões como a participação dos cidadãos, o acesso aos dados, a mobilidade ou a eficiência energética.
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