O futuro da condução autónoma também se desenha em Portugal e a parceria entre a Bosch e a Universidade do Minho (UMinho), firmada em 2013, tem vindo a dar “frutos”. Ainda na semana passada, o Altice Forum Braga foi palco para o evento Next – Driving Tomorrow, onde estiveram em destaque as tecnologias que alimentam os mais recentes projetos de I&D da parceria, que o SAPO TEK teve oportunidade de conhecer.
A Crossmapping the Future, a terceira fase da parceria entre entidades, tem dois grandes “frutos” do mundo da condução autonomia e que estão de olhos postos no desenvolvimento de soluções que dão resposta às necessidades do futuro da mobilidade: os programas Easy Ride e Sensible Car.
Entre as tecnologias que fazem parte dos programas, e que resultam do trabalho de mais de 750 profissionais da Bosch e da UMinho encontram-se sensores LiDAR e de condição de piso para a capacidade de perceção a 360°, sistemas de comunicação entre veículos e infraestruturas e sensores para a monitorização do condutor e passageiros no interior dos veículos autónomos.
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Os paradigmas da condução autónoma estão a evoluir e o programa Easy Ride apresenta-se como uma “porta aberta” à criação de soluções que tornem as viagens mais seguras, com sensores inteligentes que respondem às capacidades exigidas aos automóveis para a comunicação com outros veículos, pessoas e infraestruturas.
A tecnologia de comunicação V2X, por exemplo, quer facilitar uma comunicação wireless segura entre veículos, ajudando a prever situações potencialmente perigosas. De acordo com os especialistas, tudo funciona à base de sensores que recolhem informação que a difundem para outros veículos em seu redor.
Além da comunicação entre veículos, a tecnologia conta com outras aplicações que estão a ser desenvolvidas em projetos maioritariamente embrionários, incluindo alertas de segurança entre peões e automóveis via redes móveis para evitar colisões, tecnologia de ultrapassagem colaborativa entre veículos e um “semáforo” virtual inteligente que permite otimizar o trânsito e aumentar a segurança da circulação.
As soluções que monitorizam comportamentos violentos e situações de emergência são outro dos focos do programa. O sistema Edge AI, que tem por base uma arquitetura NVIDIA, recorre a inteligência artificial para garantir a segurança dos ocupantes de um automóvel, detetando situações de violência ou agressão entre passageiros, mas também para verificar se ninguém se esqueceu de algum objeto dentro do carro.
O sistema poderá ser usado em contexto de serviços de viagens partilhadas e, embora ainda não estejam incluídas, uma vez que o projeto está em desenvolvimento, as manobras de mitigação para casos de violência, como o contacto com autoridades e/ou serviços de emergência, também estão “na calha”.
Com o mesmo foco de aplicação em serviços de viagens partilhadas em veículos autónomos estão projetos que permitem localizar danos ou sujidade no interior do automóvel, baseando-se em técnicas usadas na indústria aeroespacial. Já projeto Bosch Ridecare dota o veículo de um conjunto de sensores destinados a fazer uma deteção ativa de todos os danos que podem acontecer no exterior, incluindo estragos resultantes de colisões, eventos sonoros anómalos e emissões de fumo ou gases nocivos.
No que toca aos veículos de duas rodas, como motas, o projeto Connected 2Wheelers dispõe de soluções que têm em vista uma maior conectividade, segurança e eficiência, presentes em dispositivos de UX e em tecnologias incluídas em blusões e capacetes para motociclistas.
Há também espaço para soluções que acompanham os sinais vitais, como o ritmo cardíaco ou da respiração, do condutor e passageiros de carros autónomos para perceber as suas cargas cognitivas e fazerem sugestões para melhorar o processo de viagem. A mitigação dos enjoos é outro dos focos deste projeto, através de estímulos visuais, sonoros e motores que ajudam o utilizador a sentir-se mais preparado para lidar com eventuais movimentos do automóvel que o podem deixar enjoado.
O carro "sensível" do futuro
Já o programa Sensible Car ambiciona dar resposta àquele que é visto como o desafio da atualidade para o setor automóvel: alcançar os níveis máximos de condução autónoma, onde o condutor não precisa de intervir no processo.
Assim, dotar os veículos de capacidades cada vez maiores de perceberem e atuarem sobre o seu estado, o dos seus ocupantes e daquilo que os rodeia é a principal missão do programa.
Na sua atual fase de desenvolvimento, o automóvel que representa a iniciativa ainda não é totalmente autónomo, mas o vasto conjunto de tecnologias que dele fazem parte já permitem fazer uma “varredura” pelo ambiente em seu redor, tal como clarificaram os especialistas, conseguindo identificar outros veículos e peões.
Ao olhar para o seu exterior, destaca-se imediatamente o sensor LiDAR no tejadilho, uma tecnologia vista pela Bosch e UMinho como central no road-map global para a condução autónoma e que está a ser refinada, tal como foi possível verificar em outros projetos em exposição, para ser mais exata e recolher informação mais detalhada.
No seu porta-bagagens há um conjunto de “cérebros” computorizados que põem tudo a funcionar em uníssono: de tecnologia Automotive Precise Positioning (APP) para a capacidade de localização a sensores capazes de determinar as condições do piso.
Ao todo, a terceira fase da parceria entre a Bosch e UMinho contou com um investimento que ultrapassou a marca dos 90 milhões de euros, depois de uma primeira fase com um investimento superior a 19 milhões de euros, e de uma segunda em que o valor superou os 55 milhões de euros.
Desde 2013, a parceria, que promete continuar a pensar no futuro da mobilidade, deu origem ao registo de mais de 70 patentes, além da criação de empresas satélite, como apontou Carlos Ribas, representante da Bosch em Portugal e administrador técnico da Bosch em Braga, sublinhando também o progresso feito em relação às tecnologias desenvolvidas nas fases anteriores.
A Optical Bonding, por exemplo, que se refere a ecrãs para veículos que permitem maior um contraste, para uma melhor visibilidade em ambientes de muita luminosidade, já é incluída em produtos que resultam em mais de 30% da faturação da fábrica de Braga.
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