O desenvolvimento e o consumo acelerado de aplicações de inteligência artificial estão a pressionar a indústria para aumentar o ritmo de produção de semicondutores e tecnologias que possam dar suporte a este estes desenvolvimentos.
Os Estados Unidos têm feito vários anúncios e investimentos importantes neste domínio, para segurar no país capacidade de produção de novas gerações de chips inovadores, mas a corrida é global e a região não é a única a querer ter uma palavra a dizer neste domínio.
A Europa quer igualmente assegurar uma posição de destaque, e esta semana voltou a ser feito um anúncio importante nesse sentido. Acontece o mesmo com países mais longínquos como o Japão ou a Coreia, que tentam igualmente agarrar a oportunidade de atrair novos investimentos para as suas economias e que na passada semana também deram novos sinais disso.
Na Europa um dos anúncios mais recentes revela planos para um investimento de 133 milhões de euros para montar um piloto de uma unidade de circuitos integrados fotónicos (PIC, na sigla em inglês) nos Países Baixos. O investimento, apoiado pela UE, pretende assegurar uma posição de destaque para a região nestas tecnologias, que tendem a ganhar relevância no futuro porque oferecem elevada densidade computacional e baixo consumo energético.
Um chip fotónico recorre a luz em vez de eletricidade para transmitir informações entre circuitos óticos que controlam essa luz, permitindo processar dados mais depressa e de forma mais eficiente. Estas são características cada vez mais valorizadas e necessárias para responder a um mercado em crescimento acelerado, por causa da procura de soluções de cloud computing, big data, AI e IoT.
O piloto faz parte da iniciativa Chips Joint Undertaking, uma parceria público-privada para promover a investigação e o desenvolvimento da indústria na região, que tem 380 milhões de euros para desenvolver fábricas de chips fotónicas na UE.
Recorde-se que no ano passado, a UE também já tinha aprovado um pacote de subsídios para a indústria europeia de semicondutores, através do Regulamento Circuitos Integrados, com 43 mil milhões de euros para apoiar a competitividade e a resiliência da indústria e acelerar a transição verde e transição digital. Em setembro foi anunciado um programa com 65 milhões de euros para investir na investigação de chips quânticos, depois de em fevereiro ter sido comunicado um pacote de 216 milhões de euros também para I&D aplicada a semicondutores.
Do Japão também chegou um anúncio importante sobre o tema na semana que passou. O governo revelou que vai disponibilizar pelo menos 10 biliões de ienes, o equivalente a 61,2 mil milhões de euros, até 2030, para apoiar o desenvolvimento de semicondutores no país e as indústrias ligadas à IA, como avança um artigo da TrendForce baseado em fontes locais. A medida insere-se num plano de investimentos maior, que tem 50 biliões de ienes (quase 306 mil milhões de euros) para apoiar a indústria de semicondutores na próxima década e o desenvolvimento de capacidade no país para produzir chips avançados em larga escala.
Uma das empresas beneficiárias deste apoio será a Rapidus, que já garantiu subvenções do Estado de 920 mil milhões de ienes para um projeto que conta também com a parceria da IBM e do instituto belga Imec. Daí vai nascer, em 2027, a produção em larga escala do novo chip Hokkaido, projeto com um orçamento total de 5 biliões de ienes (30,6 mil milhões de euros).
No mesmo dia, a Coreia do Sul anunciou que quer fazer aprovar um Semiconductor Special Act, uma lei específica para acomodar o financiamento público a fabricantes de semicondutores com operações fixadas no país, ou em processo de decisão desses investimentos como forma de os garantir. A legislação deverá também prever exceções ao período normal de 52 horas de trabalho semanais, em casos específicos.
Também aqui o objetivo é, para além de atrair investimento para o país, assegurar a estabilidade das cadeias de abastecimento e reduzir a dependência de fabricantes noutras geografias e em países com condicionantes políticos à circulação de bens e matérias-primas.
No verão, o país já tinha lançado um pacote de financiamento à indústria de semicondutores de 26 biliões de wons (17,6 milhões de euros). Há outro plano de investimentos para apoiar o sector a ser desenhado no país natal da Samsung, para concretizar até 2027, com investimentos previstos de 800 mil milhões de uones (543 milhões de euros).
Enquanto isso, a vizinha China também não abranda o passo, e em maio anunciou um fundo de quase 44 mil milhões de euros para a indústria de semicondutores.
Os dados da Associação da Indústria de Semicondutores mostram que no terceiro trimestre as vendas do sector aumentaram 23,2% na comparação com o ano anterior e 10,7% entre trimestres, sendo a área de chips para IA uma das principais responsáveis pelo crescimento.
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