Nem só de videojogos vive o Lisboa Games Week e existem outras atividades para descobrir nos pavilhões da FIL relacionadas com a cultura pop e entretenimento digital. Os fãs de Cosplay, por exemplo, podem encontrar toda uma área dedicada, com algumas figuras importantes da comunidade, workshops e outros. Mas o ensino foi um dos alicerces do evento deste ano e a aposta em atividades educacionais passaram pela programação de apps e videojogos, mas também no campo da robótica. Hoje fomos à procura dos robots…
Constrói, compete e ensina a construção de um robot
O Robo Party é um evento que surgiu em 2007, quando o professor Fernando Ribeiro se apercebeu do crescente interesse e convites para dar palestras nas escolas sobre a arte da robótica, visto a sua experiência desde 1997 a construir robots futebolísticos. Quando deixou de ter tempo para estar presente nas várias solicitações decidiu fazer o contrário, chamar as escolas à Universidade do Minho, em Guimarães. O plano inicial visava umas 10 equipas, mas quando abriu o website de inscrição tinha mais de uma centena. E a partir daí nunca parou de fazer o evento, que este ano está em força no Lisboa Games Week.
O conceito original passa por dar aos alunos todos os meios para construir o seu robot, visto que não trazem nada de casa, exceto o seu computador para o poderem programar. Os kits são fornecidos no evento, como parte do preço da inscrição. No final, os alunos levam as suas criações para casa. “Damos formação de eletrónica e de programação, ensinamos a identificar os componentes e a soldar nos três dias do evento”, explica Fernando Ribeiro ao SAPO TEK. Mas no fim os alunos têm desafios, como corridas e percursos de obstáculos. O melhor está para o fim, segundo o professor os alunos têm que colocar em prova os conhecimentos adquiridos e partilhar entre si código e ensinarem-se uns aos outros o que aprenderam, ou seja, um desafio em colaboração. “Eles inventam coreografias para os robots e enfeitam-nos, pois, têm sempre ideias espetaculares”, destaca o mentor do projeto.
“O nosso objetivo no Lisboa Games Week é o mesmo, e é a terceira edição que estamos presentes, mas este ano queriam ter um evento educacional, e acho muito bem. Infelizmente, apesar de termos muitas equipas de Lisboa no Robo Party no Minho, e nos pedirem imenso para fazer o evento em Lisboa, esperáva-mos que houvesse maior adesão”, explica Fernando Ribeiro, compreendendo que “os miúdos vêm aqui pelos videojogos, e nós até temos aqui jogos, mas aqui invés de competirem contra o computador têm de construir os robots primeiro”. Além disso, as competições do Robo Party requerem um registo prévio, não estão disponíveis para os visitantes que tomam conhecimento no local.
“Ainda assim recebemos uma média de 16-20 equipas, que ainda que seja bom, em Guimarães há sempre entre 120-150 registadas”, explicando que grande parte das equipas estão no Norte. De considerar que além do polo tecnológico no Minho, e desde que a iniciativa arrancou, chamou o interesse em todas as escolas da região.
Questionado sobre o que representa a robótica no futuro das crianças, Fernando Ribeiro é um otimista, salientando que existe exagero no medo de que os especialistas tecem sobre a questão de as máquinas roubarem o emprego às pessoas. Na sua opinião os empregos vão ser outros, adaptados à presença das máquinas, vai retirar o trabalho atual, mas vai criar outros. E é por isso que considera importante preparar os jovens para este futuro, e essa é uma das missões da sua escola.
Por outro lado, invés do “medo” da robótica, teme o futuro da inteligência artificial: “a partir do momento em que uma máquina consegue aprender mais rapidamente que um ser humano, é um pouco assustador. Considera os sistemas de IA na assistência médica mais fiáveis que o diagnóstico dos médicos para a deteção de um cancro, por exemplo, embora sinta que não se podem descartar os médicos, pois é necessário a componente humana para avaliar os resultados. Mas será que acredita no futuro negro com perante uma espécie de Skynet, do Exterminador Implacável? “Quando os militares começam a entrar na robótica, torna-se assustador, pois já há robots com armas nas suas mãos. E a diferença entre um humano e um robot é que a máquina não vai falhar o seu alvo. A guerra vai passar por aqui. Ainda assim, quer acreditar que os robots vão facilitar a vida das pessoas, ajudando pessoas com deficiências, ou ajudar nas lidas domésticas, algo que já existe, ainda que de forma embrionária.
Arenas de combate e experimentação de drones para quem prefere mais ação
E por falar em guerra utilizando robots, estes podem ser utilizados em desportos de combate, e foi isso mesmo que a Robot Extreme, também no seu terceiro ano de Lisboa Games Week, trouxe para o evento. “Nós temos a única arena de combate com robots de Portugal, uma modalidade que já existe no mundo há bastante tempo e temos tentado expandir para a cultura portuguesa, porque é muito vasta em termos de conhecimento”, destaca Guilherme Ferreira, um dos responsáveis da empresa ao SAPO TEK. A sua presença no Lisboa Games Week é fomentar o interesse dos visitantes para a modalidade, “visto que que é a única que obriga à união entre o homem-máquina que não se vê em nenhuma outra modalidade”, refere.
Na arena disponível no evento, os utilizadores controlam uma das máquinas disponíveis e combate lado a lado, utilizando joysticks para executar os seus movimentos de ataque. A arena em si tem uma armadilha (um buraco que se abre de tempos a tempos) e até uma anunciante com voz feminina para recriar o imaginário da ficção científica. E mais que um jogo de consola, que acaba por ser “banal” no quotidiano dos jovens, poder enfrentar o seu amigo ali ao lado com pequenos robots é sem dúvida uma experiência única.
Apesar de só ter trazido a arena para o Lisboa Games Week, a empresa também oferece competições onde os participantes constroem as suas máquinas, com a sua ajuda, ou não, para depois participar nos seus palcos. Quanto ao calendário de eventos, a empresa está presente tanto no Lisboa Games Week como na Comic Com, mas nos dias 22-23 de fevereiro vai realizar o seu primeiro certame individual, embora seja em Lisboa, em local por definir.
Guilherme Ferreira refere que existem 16 tipos de robots de combate, classificados por armas, como machados ou marretas ou com ataques rotativos, mas também com rampas para empurrar os adversários. As regras mantêm-se nas competições gerais, cujo objetivo é imobilizar o adversário por 10 segundos, ou mesmo destruí-lo, embora no Lisboa Games Week, pelo tempo limitado da experiência, serve só para se divertirem.
Já quem prefere uma experiência mais tranquila, tem curiosidade sobre o mundo dos drones, mas nunca teve oportunidade de experimentar um, a HP Drone, uma loja de modelismo que representa a DJI em Portugal, trouxe pequenos aparelhos voadores para os visitantes brincarem, assim como um simulador dos equipamentos mais potentes. Neste caso, jogado num computador, como explicou Carolina Pires, responsável pela empresa: “o simulador oferece uma experiência real da pilotagem de um drone”, destaca.
No que diz respeito aos pequenos drones reais, os visitantes podem pilotá-los, superando alguns obstáculos presentes na pista, assim como levantar voo, fazer o percurso e aterrar. O objetivo da presença da empresa no evento é tirar dúvidas e quem sabe, angariar novos clientes. Considerando a compra de um equipamento mais profissional, a empresa também ajuda a tratar das licenças e seguros como visa a lei. “Quando as pessoas visitam a loja, com a ideia de um drone, nós explicamos as vantagens dos diferentes modelos, mas também tentamos compreender as necessidades de cada cliente e ajustamos a oferta”, explica a responsável. A fatura emitida é o documento utilizado para o início dos processos legais. O Mavic Mini, lançado recentemente pela DJI, foi desenhado para ter funcionalidades muito próximas dos modelos profissionais, com a vantagem de não ter o peso (249 gramas) necessário para “tropeçar” nas questões legais.
O Lisboa Games Week vai decorrer até domingo, e pode saber outras novidades disponíveis na reportagem publicada ontem.
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