No segundo trimestre deste ano, as vendas de dispositivos de realidade aumentada e virtual continuaram a cair, confirmando uma tendência que já se tinha verificado nos primeiros meses de 2024. Entre abril e maio, as vendas de equipamentos com estas capacidades caíram 28,1%, face ao mesmo período do ano passado, para ficarem em 1,1 milhões de unidades, prolongando um efeito que já vinha do trimestre anterior.

Nos primeiros três meses do ano terão sido o abrandamento da economia, a maior ponderação dos utilizadores nas compras e o excesso de inventário para escoar nas lojas, a explicar as vendas tímidas. Note-se que os números de vendas apurados pela IDC neste tipo de análise referem-se ao número de equipamentos expedidos pelas marcas, que não coincidem exatamente com os das vendas no retalho.

No segundo trimestre, a maior parte destas condicionantes pesaram menos, diz a IDC, mas os preços dos dispositivos continuaram elevados e não conseguiram atrair mais clientes. No total do ano, as vendas deverão continuar a refletir a mesma tendência e fechar 2024 com uma quebra de 1,5%, que não se explica pela falta de interesse no potencial da tecnologia em si, mas pela expectativa do mercado face à chegada prevista de tecnologias mais modernas e de dispositivos com preços mais apelativos.

IDC - vendas AR/VR 2º trimestre de 2024
IDC - vendas AR/VR 2º trimestre de 2024 créditos: IDC

Em 2025, altura em que estes dois ingredientes devem combinar-se, a perspetiva já será de crescimento das vendas, segundo a IDC, a rondar os 41,4%. Contas feitas, no final do ano este mercado deve acumular vendas de 6,7 milhões de unidades, um número que vai crescer nos anos seguintes, para atingir os 22,9 milhões em 2028.

A apoiar o crescimento neste intervalo de cinco anos vai estar a confluência dos conceitos de realidade aumentada e virtual. Em 2028, os dispositivos de realidade mista vão já representar 70% das vendas. Os equipamentos de realidade estendida, só com um ecrã frontal e exibição de conteúdos, vão absorver um quarto das vendas.

A tendência prevista para os próximos anos, já começa a manifestar-se. “Nos últimos trimestres, os headsets de realidade mista (MR) deram um salto em termos de qualidade, primeiro com o lançamento do Quest 3 e, mais tarde, do Vision Pro”, sublinha Jitesh Ubrani, responsável pela pesquisa da IDC para este segmento. “No entanto, a falta de opções acessíveis fez com que poucos consumidores experimentassem esta nova tecnologia”. A consultora acredita que essa realidade mudará em breve e para isso contribuirá o lançamento por parte da Meta de um headset de realidade mista com preços mais acessíveis, que voltará a aumentar o interesse pelo conceito.

Vision Pro, a afirmação da Apple neste mercado

A IDC defende que as vendas de equipamentos com realidade estendida também vão começar a crescer já em 2025, impulsionadas por modelos com um design mais “user friendly” e à integração de inteligência artificial. “À semelhança dos primeiros tempos desta indústria, estamos a assistir a uma série de novas startups e produtos de nova geração de marcas já estabelecidas no domínio dos 'óculos inteligentes'”, sublinha a IDC. Neste novo movimento de inovação, a maior diferença assinada pela consultora está na inclusão da IA e na opção por designs mais finos e mais leves para ir ao encontro das preferência dos utilizadores.

Os dispositivos só com funcionalidades de realidade aumentada também devem conseguir volumes de vendas maiores em 2025, mas num crescimento que será pouco significativo e que tem a ver também com as dificuldades que a tecnologia já provou para o fabrico em massa, mas também por causa do preço, qualidade, autonomia, etc.

Meta Quest 3, foram lançados no ano passado

Por todas estas razões este não é um segmento com previsões brilhantes para o futuro, até pelo facto de um dos produtos que mais vende (HoloLens) estar a considerar uma transição para a realidade mista, como destaca a análise. Essa possibilidade considera o facto de ser possível entregar o mesmo tipo de experiência, no que se refere a diferentes casos de utilização, com realidade mista e poder fazê-lo de forma mais acessível em termos de preço.

HoloLens, a alternativa da Microsoft

Entre abril e junho deste ano, a Meta dominou o mercado, com uma quota de 60,5% das vendas de equipamentos AR/VR, seguida da Sony, Apple, ByteDance e XReal.