As queixas sobre o funcionamento do Portal das Matrículas, onde os encarregados de educação tinham de inscrever os seus educandos para a escola e ciclo de ensino a frequentar no próximo ano letivo, multiplicaram-se nos últimos dias. Problemas no acesso ao site, e no próprio processo de matrícula, em termos de funcionamento, foram criticados publicamente, levando até à extensão dos prazos de inscrição.

O Governo acabaria por decidir mudar o processo e avançar com as matrículas automáticas para a maioria dos alunos,  admitindo a existência de falhas e de ataques informáticos. "Além do fluxo de acessos, associado a páginas conexas ao Portal das Matrículas que estiveram em baixo, registaram-se ataques informáticos de elevada complexidade, que estão a ser acompanhados pelo Centro Nacional de Cibersegurança, e que provocaram graves bloqueios no sistema", referia o comunicado do Governo.

Em resposta escrita ao SAPO TEK, o CNCS (Centro Nacional de Cibersegurança) confirma que "no dia 6 de julho, entre as 20h00 e as 23h00, o Portal das Matrículas foi alvo de um ataque do tipo Negação de Serviço Distribuída (DDoS)". Este tipo de ataques é feito através do envio massivo de pedidos de acesso aos servidores, "entupindo" o sistema e impedindo que utilizadores legítimos consigam utilizar o site.

O centro, que é responsável pela coordenação operacional e é a autoridade nacional especialista em matéria de cibersegurança junto das entidades do Estado, refere que "durante o ataque foram identificados vários momentos com picos de cerca de 1Gbps, que consequentemente tornaram o serviço indisponível".

Governo "resolve" problemas do Portal das Matrículas com renovações automáticas. Ataque informático na origem das falhas
Governo "resolve" problemas do Portal das Matrículas com renovações automáticas. Ataque informático na origem das falhas
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Para já não existe conhecimento nem suspeita de que possa ter sido comprometida a integridade ou confidencialidade dos sistemas informáticos do Portal das Matrículas, o que quer dizer que os hackers não terão conseguido acesso a dados dos utilizadores, das matrículas ou das escolas que tiverem sido registadas no sistema, mas a investigação vai continuar, também para identificar a origem dos ataques.

"O trabalho de análise deste incidente prossegue entre o CNCS/CERT.PT, a FCT/FCCN (RCTS CERT) e o Ministério da Educação no sentido de identificar a origem do ataque e promover medidas de prevenção e mitigação de futuras ocorrências", refere a mesma fonte em resposta ao SAPO TEK.

Na sequência dos problemas o Governo decidiu avançar com a renovação automática das matrículas para os 2.º, 3.º, 4.º, 6.º, 8.º, 9.º, 11.º e 12.º anos. A exceção é a transferência de estabelecimento de ensino, e as inscrições no 5º, 7º e 10º ano, que marcam mudanças de ciclo, que continuam a ser feitas no portal. As escolas têm também indicação para receber as matriculas dos alunos.