Uma investigação do The New York Times revelou que, em 2018, foram reportados mais de 18 milhões de casos de pornografia infantil online. Ao todo 45 milhões de imagens e vídeos ilegais foram sinalizados no ano passado por diversas empresas tecnológicas. De acordo com jornal americano este é um problema global, mas a sua raiz encontra-se nos Estados Unidos.
O problema da pornografia infantil antecede a era digital, contudo os avanços no desenvolvimento da Internet, dos smartphones e das redes sociais facilitaram a sua criação, partilha e armazenamento. Atualmente, as autoridades não têm meios suficientes para lidar com a quantidade de conteúdo que circula ilegalmente.
As empresas tecnológicas têm vindo a tomar ação contra a exploração sexual infantil nas suas plataformas, só que os registos policiais analisados demonstram que podem demorar semanas, até meses, a responder aos inquéritos das autoridades. Além disso as gigantes tecnológicas localizadas em Silicon Valley são acusadas de facilitar a disseminação de conteúdo ilegal.
Em 2018 o Facebook Messenger foi responsável por quase dois terços dos casos de pornografia infantil online encontrados. No início de setembro de 2019 a empresa liderada por Mark Zuckerberg anunciou que estava a planear encriptar as mensagens enviadas na aplicação, algo que poderá dificultar ainda mais as investigações das autoridades.
Fora das redes sociais, os criminosos usam redes virtuais privadas e técnicas de encriptação para esconder a sua verdadeira localização e o conteúdo que partilham. Ao publicar imagens e vídeos ilegais na “dark web”, a qual é inacessível através de um browser convencional, as redes de pedófilos online conseguem escapar à vigilância das autoridades.
Em 2008 o Congresso americano aprovou a PROTECT Our Children Act, uma lei que exigia ao Departamento de Justiça o desenvolvimento e implementação de uma estratégia nacional de prevenção e proibição de exploração infantil. A legislação previa também a melhoria da Internet Crimes Against Children Task Force, a equipa de intervenção responsável pela investigação de crimes online contra crianças.
O relatório levado a cabo pelo New York Times revelou que o governo americano ainda não concretizou a vasta maioria das exigências da PROTECT Our Children Act. Por exemplo, foi autorizado o financiamento em 60 milhões de dólares para investigações estatais e regionais, contudo, apenas metade desse valor costuma ser aceite.
Além da redução do orçamento utilizado para lidar com casos de pornografia infantil as autoridades americanas não estão a conseguir lidar com os elevados números de ocorrências. Um em cada 10 agentes do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos lida com casos de exploração sexual infantil. “Mesmo que o número de investigadores fosse duplicado, tal não seria suficiente”, declarou Jonathan Hendrix, um agente da entidade governamental em Nashville, Tennessee, ao jornal americano.
O mais recente relatório do National Center for Missing and Exploited Children deu a conhecer que neste sistema em “ponto de ruptura” a única forma de deter os criminosos será através dos avanços na área da machine learning. A tecnologia poderá ser utilizada pelas autoridades em parceria com gigantes tecnológicas para desenvolver um software que consiga detetar automaticamente pornografia infantil.
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