Um mês depois do início da guerra na Ucrânia, as notícias sobre a destruição feita pelo exército russo continuam a ser partilhadas pelas agências noticiosas, media e redes sociais. Mas numa altura em que a internet permite a qualquer um partilhar conteúdos, por vezes é difícil discernir o que é verdadeiro ou falso.

Esses conteúdos muitas vezes acabam por chegar aos feeds dos utilizadores muito mais depressa do que é possível fazer verificação por fact-checkers, aumentando as fake news e desinformação. Recentemente, a comissão do Parlamento Europeu sobre a desinformação afirmou estar “profundamente preocupada” com a propaganda e fake news vindas da Rússia.

Não é a primeira vez que imagens de videojogos são confundidos com a realidade, como acontece por exemplo, com Call of Duty. O videojogo foi usado por deputados do Brasil para mostrar imagens de ataques no Médio Oriente que teriam sido, alegadamente, feitos pelo exército dos Estados Unidos na administração de Donald Trump.

Com a escalada da guerra da Ucrânia, também já foram partilhadas imagens e vídeos baseados em videojogos que ajudam a criar desinformação sobre a invasão russa. No final de fevereiro, os primeiros dias da guerra, criou-se o mito em torno de um piloto ucraniano, conhecido como o “Fantasma de Kiev”, que terá abatido aviões russos. E foi partilhado um vídeo no Facebook, que afinal era do videojogo  Digital Combat Simulator, segundo o PolitiFact. O vídeo em questão chegou a ser partilhado no YouTube, com um nome sugestivo a “clickbait” relacionado com a guerra na Ucrânia, mas apesar da descrição referir que se tratava de uma simulação, muitos utilizadores continuaram a partilhá-lo como factual.

Na última segunda-feira, dia 21 de março, o Boeing 737-800 da China Eastern Airlines despenhou-se no sudoeste chinês, com 132 pessoas a bordo. A tragédia também já foi utilizada num vídeo que alegadamente mostrava o interior do avião despenhado. O clip de 10 segundos em questão, que supostamente mostrava os últimos momentos a bordo do avião, tornou-se viral no Twitter, com mais de 210 mil visualizações e foi partilhado centenas de vezes, reporta o Business Insider. Outra partilha do vídeo, entretanto apagado, rendeu mais de 400 mil visualizações.

Como não amplificar fake news sobre a guerra na Ucrânia: Pensar duas vezes antes de partilhar
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No entanto, o vídeo em questão não passa de um simulador de voo e já tinha sido partilhado no YouTube há três anos. A sua descrição refere a simulação de outro incidente aéreo, neste caso o despenhamento em 2019 do avião da Ethiopian Airlines. Esse vídeo foi visto por 33 milhões de vezes desde março de 2019.

Um dos primeiros relatos no uso de vídeos de videojogos a serem confundidos com a realidade foi com o lançamento de ArmA 3 em 2013, que mostrava imagens de potenciais conflitos, como a guerra civil na Síria. O Business Insider refere mesmo que em 2017 o ministro da defesa russo chegou a colocar imagens do jogo para smartphones AC-130 Gunship Simulator: Special Ops Squadron referindo que este servia como provas dos Estados Unidos a suportar uma comitiva da ISIS na Síria.

Com o realismo cada vez mais presente nos videojogos, sobretudo em títulos de ação na primeira pessoa como Battlefield e Call of Duty, há uma tendência para confundir as imagens. Até porque os soldados já começam a utilizar câmaras de ação nos seus capacetes, filmando na primeira pessoa as suas ações militares.

A verificação antes de partilhar é uma das medidas essenciais para não disseminar mais fake news, mas há mais ações de validação que podem ser aplicadas.

Veja ainda algumas das imagens captadas por satélites, que têm sido divulgadas oficialmente, com imagens de destruição na Ucrânia e o avanço das tropas russas no país.

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