À medida que a guerra na Ucrânia continua a avançar, a informação acerca do conflito inunda a Internet. Entre a vasta quantidade de conteúdos partilhados nas redes sociais, a informação circula a uma velocidade estonteante, chegando aos feeds dos utilizadores muito mais depressa do que consegue ser verificada por fact-checkers.

Em contexto de guerra, a desinformação é também uma arma. Recentemente, a comissão do Parlamento Europeu sobre a desinformação afirmou estar “profundamente preocupada” com a propaganda e fake news vindas da Rússia.

As redes sociais e plataformas digitais estão a tomar medidas para impedir a propagação e amplificação de conteúdos falsos relacionados com a guerra na Ucrânia. Mesmo assim, existem publicações com relatos, fotos e vídeos falsos ou descontextualizados que acabam por ser amplamente partilhados por utilizadores um pouco por todo o mundo.

Assim, como se manter à tona do “mar” de desinformação online acerca do conflito na Ucrânia? Existem várias ferramentas e táticas, incluindo algumas que usadas por jornalistas para verificar a veracidade de conteúdos online, que são úteis, assim como algumas recomendações que deve ter sempre em mente.

  • Pare para pensar antes de partilhar

Antes sequer de ouvir o impulso de carregar no botão de partilhar, ou de comentar e interagir com uma determinada publicação acerca do conflito, pare para pensar e para se questionar, em primeiro lugar, sobre como é que ele o está a fazer sentir.

Da mesma forma que os esquemas de phishing e outras ameaças online se aproveitam de táticas de engenharia social, existem conteúdos falsos ou manipulados, sobretudo aqueles que fazem parte de campanhas massivas de desinformação como aquelas que são levadas a cabo pelo governo russo, que são formulados especificamente para fazer com que os utilizadores tenham uma reação forte e que ajam de forma impulsiva nas redes sociais.

O seu comportamento online faz a diferença, mesmo que seja um internauta comum com boas intenções. Pode até sentir que está a ajudar o seu círculo de seguidores a sentir-se mais informado, mas, na verdade, ao partilhar este tipo de conteúdo está a contribuir inadvertidamente para amplificar narrativas falsas e para mais desinformação.

  • Verifique a veracidade do conteúdo

Verificar a veracidade a informação é fundamental, mas por onde começar? Deverá olhar primeiro para quem está a partilhar os conteúdos e procurar a sua fonte original: trata-se de uma fonte oficial, especialistas, organizações comprovadas, uma figura pública ou um qualquer internauta?

Note que, nas redes sociais, mesmo contas verificadas pelas plataformas podem partilhar fake news. Além disso, os bots são também ferramentas utilizadas no contexto de campanhas de desinformação. Ao analisar uma conta, a data de criação pode ser um indicador importante, assim como o número de seguidores. Se esta tiver sido criada há relativamente pouco tempo e se contar com um número baixo de seguidores deve desconfiar.

Tentar encontrar a fonte original de uma determinada publicação nem sempre é uma tarefa fácil, no entanto, as plataformas de fact-checking podem ajudar, permitindo também perceber se a informação nela incluída é verdadeira ou falsa. O Google Fact Check Explorer apresenta-se como uma espécie de motor de busca para resultados relacionados com fact-checking em várias línguas, incluindo em português.

Já no que toca a imagens, as ferramentas de pesquisa reversa são muito úteis. Além da já bem conhecida opção da Google, a RevEye Reverse Image Search é uma extensão para o browser que permite fazer uma pesquisa por imagem em outros motores de busca, estando disponível para o Chrome, Edge e Firefox.

Verificar a veracidade de um vídeo é uma tarefa um pouco mais complicada, mas, como explica a equipa de fact-checking do The Washington Post, há certos elementos que deve ter em conta. Deve, por exemplo, manter um olho atento a mudanças e cortes estranhos, seja nas imagens ou no áudio. Pode também recorrer a ferramentas à semelhança da InVid, disponível como extensão para o Chrome e Firefox.

  • Encontrou informação falsa? Não partilhe

Ao deparar-se com informação falsa na Internet o melhor é mesmo não a partilhar. Se está numa rede social e encontrou uma publicação com conteúdo que não é verdadeiro, além de não o partilhar não deverá interagir com o conteúdo, ou seja, comentar ou reagir. Ao fazer isso pode fazer com que os algoritmos das plataformas o amplifiquem ainda mais.

Faça uso das ferramentas disponíveis nas redes sociais para reportar este tipo de informação. Além disso, se o utilizador que partilhou desinformação fizer parte do seu círculo mais próximo, como amigos ou família, pode também contactá-lo por mensagem privada.

  • Partilhou informação falsa acidentalmente? Lide com a situação de forma responsável

Errar é humano e, por vezes, mesmo depois de verificar a informação, certos conteúdos acabam por ser identificados por fact-checkers como falsos. Mas o que fazer quando se partilha acidentalmente algo que veio a ser comprovado como falso?

Ao MIT Technology Review, especialistas recomendam que aja de forma responsável, admitindo o erro numa nova publicação de modo a esclarecer os seus seguidores. Nela pode incluir uma captura de ecrã do post original, lembrando que a mesma deverá, por exemplo, ter alguma marca de água para que não seja reutilizada. Por fim, apague a publicação original.

  • Aproveite para melhorar as suas competências em literacia mediática

Se não se sente muito bem preparado para lidar com a “avalanche” de informação que circula na Internet, seja ela sobre o conflito na Ucrânia ou sobre qualquer outra temática da atualidade, deve aproveitar para melhorar as suas competências em literacia mediática.

Existem vários cursos online que o podem ajudar, incluindo opções gratuitas e em português, como o curso Cidadão Ciberinformado, desenvolvido pelo Centro Nacional de Cibersegurança em parceria com a agência noticiosa Lusa.

O curso, disponível na plataforma Nau, quer ajudar os participantes a perceberem melhor o que são as fake news, a perceberem a importância do combate à desinformação, assim como a ganharem competências relacionadas com a verificação de informação online.

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