Depois de reconhecer que a consultora Cambridge Analytica utilizou dados de 87 milhões de utilizadores da rede social para influenciar campanhas políticas em todo o mundo, o Facebook revelou à Comissão Europeia que terão sido lesados até 2.7 milhões de cidadãos da UE.
"O Facebook confirmou-nos que os dados pessoais de até 2.7 milhões de europeus, ou de pessoas a residir na União Europeia, para ser mais preciso, poderão ter sido transmitidos à Cambridge Analytica de maneira inapropriada", indicou um porta-voz da Comissão Europeia.
O mesmo porta-voz esclareceu que a rede social essa informação chegou em resposta de um pedido de explicações que a Comissão Europeia terá feito à rede social em relação à polémica com a empresa Cambridge Analytica.
Christian Wigand revelou ainda que, apesar do Facebook ter garantido que já tomou as medidas necessárias para prevenir outros casos do género, o executivo comunitário vai “estudar em detalhe” a resposta da rede social. Também está para a próxima semana uma conversa telefónica entre a comissária europeia com a pasta da Justiça, Vera Jourova, e Sheryl Sandberg, a "número 2" do Facebook.
À margem de uma conferência com vários órgãos de comunicação social e na sequência do escândalo da Cambridge Analytica de questões como notícias falsas, propaganda política e discurso de ódio na rede social, o CEO do Facebook admitiu que provavelmente, a grande maioria dos seus mais de dois mil milhões de utilizadores teve os dados pessoais “vasculhados” por terceiros.
Na origem desta invasão de privacidade estaria um recurso padrão que permitia que as pessoas procurassem os amigos através do número de telefone, uma configuração padrão que já foi removida.
Em Portugal, o número de afetados pelo acesso de dados indevidos por parte da consultora terá sido de 63.080 utilizadores.
O escândalo com a Cambridge Analytica ficou conhecido no passado dia 17 de março, quando o The Observer e o The New York Times revelaram que a empresa britânica de consultoria política usou os dados de utilizadores do Facebook para criar um programa informático de propaganda destinado a influenciar os resultados de referendos e eleições, nomeadamente a de Donald Trump para as presidenciais dos Estados Unidos.
Na sequência dessa controvérsia, o CEO da empresa vai ser ouvido no Congresso norte-americano no próximo dia 11 de abril, às 10 horas locais (15 horas em Portugal continental), mas mantém-se nos comandos da rede social.
“Eu ainda não fui despedido. E em última instância a responsabilidade é minha. Fui eu que comecei este lugar, sou eu que o lidero, sou eu o responsável. E vou continuar a ser no futuro. Não quero ser eu a atirá-lo para debaixo do autocarro”.
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