À medida que cresce a contestação contra a atuação do Governo de Donald Trump face à brutalidade policial no país e à nova ordem executiva com vista a “castigar” as redes sociais por fazerem fact-checking, a Snap, a empresa por trás da popular aplicação Snapchat, anunciou que vai limitar a visibilidade da conta do Presidente norte-americano.
Num comunicado enviado à imprensa internacional, a Snap indica que, embora mantenha a conta intacta, a secção Discovery da aplicação deixará de promover todas as publicações ou conteúdos criados por ela.
“Não ampliaremos as vozes que incitam à violência e injustiça raciais, oferecendo-lhes promoção gratuita”, sublinhou a empresa, acrescentando que “a violência racial e a injustiça não têm lugar na nossa sociedade e estamos ao lado dos que procuram paz, amor, igualdade e justiça nos Estados Unidos”.
Ainda a 1 de junho, Evan Spiegel, CEO da Snap, deixou no website oficial da empresa uma mensagem relativa à situação de conflito vivida no país, sublinhando que a plataforma não podia promover contas que estivessem ligadas a quem incita à violência racial.
A decisão da Snap surge após Donald Trump ter ameaçado no Twitter que as autoridades poderiam recorrer a cães e a armas para fazer frente aos manifestantes que protestavam em frente à Casa Branca.
Em resposta, Brad Parscale, gestor da campanha de Donald Trump, acusou a Snap de tentar influenciar as eleições presidenciais deste ano de forma a “promover Joe Biden e suprimir o Presidente”. Num comunicado, o gestor refere-se a Evan Spiegel como o “CEO radical do Snapchat”, acusando-o de usar a plataforma para “promover vídeos de motins da extrema esquerda e encorajar os utilizadores a destruir os Estados Unidos”.
Já do lado do Partido Democrata, Joe Biden respondeu à decisão numa publicação no Snapchat onde afirma que está “orgulhoso” por poder candidatar-se a Presidente e ainda ter conta na aplicação.
Recorde-se que a nova ordem executiva, assinada a 28 de maio, já recebeu o primeiro processo em tribunal. O Center for Democracy and Technology (CDT) processou o Presidente norte-americano, afirmando que a ordem viola da Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos, que impede o Governo de implementar leis que proíbam, por exemplo, o livre exercício da liberdade de expressão.
O CDT afirma ainda que a ordem é inconstitucional, porque tem como objetivo restringir as formas de expressão protegidas pela Primeira Emenda de todas as plataformas online, demonstrando “a determinação para usar o poder do Governo para retaliar contra todos os que o criticam”.
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