A COVID-19 não tem “infetado” apenas os humanos e o mais recente relatório da Europol comprova isso mesmo. Em plena altura de pandemia tem aumentado não só o cibercrime, como também a divulgação de fake news e da exploração sexual de crianças através da Internet.
Apesar de não partilhar números gerais que permitam compreender melhor esse crescimento, a Europol garante que o impacto da pandemia no cibercrime tem sido "o mais evidente e impressionante em comparação com outras atividades criminosas". A conclusão baseia-se nos dados divulgados pelos estados-membros e pelos parceiros do Serviço Europeu de Polícia.
O relatório comprova ainda que os criminosos desta área conseguiram adaptar-se rapidamente e aproveitar-se dos medos e ansiedades da população, com apostas em campanhas de phishing e ransomware. O objetivo é precisamente explorar as vulnerabilidades em torno desta crise e a Europol acredita que estas estratégias terão tendência para aumentar em número e em escala.
No caso da exploração sexual infantil na Internet, o Serviço Europeu de Polícia fala num "aumento de tentativas de adultos entrarem em contacto com crianças através das redes sociais em alguns países". No caso de Espanha, por exemplo, verificou-se um aumento de 100 queixas nesta área entre fevereiro e março deste ano.
Outra das principais conclusões do relatório está relacionada com o facto de as organizações criminosas procurarem explorar esta crise de saúde pública para promover interesses geopolíticos. Mas isso também acontece com os próprios estados, garante o relatório.
Em comunicado, a diretora-executiva da Europol afirma que "esta pandemia tem demonstrado o melhor, mas também o pior da humanidade". "Os cibercriminosos têm aproveitado esta situação excecional para aumentar ainda mais mais as suas atividades de cibercrime", explica Catherine De Bolle.
O que tem feito a Europa para fazer face ao cibercrime?
Desde o início desta pandemia que a Europol tem feito alguns esforços para combater o cibercrime. Em meados de março, o Serviço Europeu de Polícia juntou-se a uma parceria da Comissão Europeia e de Bruxelas com outras organizações para garantir a segurança digital dos cidadãos em relação às ciberameaças que se aproveitam do pânico em torno da COVID-19.
Mais recentemente, a organização europeia divulgou resultados de uma operação que envolveu 90 países em todo mundo entre 3 e 10 de março. Numa altura em que nem a própria Organização Mundial da Saúde tem passado imune às tentativas de ataque, ao todo foram eliminados 2.500 links, entre sites, redes sociais, mercados online e anúncios.
Os números não enganam e há, de facto, cada vez mais ciberataques relacionados com o coronavírus. Na semana passada, por exemplo, a Check Point Research afirma que está a detetar 2.600 ciberataques em média por dia, tendo mesmo registado um pico de 5.000 no dia 28 de março. Ainda assim, o volume geral mensal de ciberataques decresceu 17%.
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