O Governo chinês classificou hoje como “uma farsa" a acusação do Presidente norte-americano, Donald Trump, de que o país asiático poderá ser responsável por um grande ataque cibernético contra os Estados Unidos, avança a Lusa.
Trump minimizou o ataque cibernético de larga escala contra várias agências governamentais e apontou a China como um possível autor, contradizendo o secretário de Estado, Mike Pompeo, que horas antes havia responsabilizado a Rússia.
O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Wang Wenbin, não negou formalmente a tese do envolvimento de Pequim, mas afirmou que as acusações norte-americanas carecem de seriedade.
"As acusações norte-americanas contra a China sempre foram uma farsa e têm segundas intenções políticas", disse, em conferência de imprensa.
"Quando se trata de cibersegurança, o comportamento dos Estados Unidos não é bom e se há um país na posição errada para criticar os outros são os Estados Unidos", apontou.
A extensão do ataque cibernético continua a aumentar, à medida que mais vítimas são descobertas, inclusive fora dos Estados Unidos.
O ataque começou em março, com os piratas a beneficiarem de uma atualização de um programa de monitorização, feito por uma empresa norte-americana, a SolarWinds, e que é usado por dezenas de milhares de empresas e governos em todo o mundo.
O ataque prolongou-se durante meses, antes de ser descoberto pelo grupo de segurança informática FireEye, que também foi vítima.
As declarações de Trump contradizem Pompeo, que horas antes tinha acusado a Rússia de ter organizado o ataque.
"Acho que é verdade que agora podemos dizer claramente que foram os russos que estiveram envolvidos neste evento", disse Mike Pompeo na sexta-feira à noite numa entrevista ao programa de uma rádio conservadora "The Mark Levin Show".
A Rússia já havia negado estar envolvida. Um porta-voz do executivo russo desmentiu as notícias veiculadas pela imprensa dos EUA, que apontavam o Governo de Putin da autoria de uma série de ataques informáticos a organismos de primeira linha da Administração norte-americana, em áreas como o comércio, a defesa ou o tesouro. Na declaração, o responsável acrescentou que Vladimir Putin propôs aliás aos Estados Unidos um acordo de cooperação nas áreas da cibersegurança e segurança de informações, que permitisse unir esforços contra o cibercrime e a ciberespionagem. "Os Estados Unidos não aceitaram o convite de Putin", sublinhou.
O ataque cibernético, que supostamente começou em março, usou atualizações desse software para invadir os sistemas de várias agências governamentais dos Estados Unidos, incluindo os departamentos do Tesouro, do Estado, do Comércio e da Segurança Interna. Também a Microsoft foi uma das vítimas dos ataques cibernéticos aos Estados Unidos. A gigante tecnológica garante que detetou software malicioso na sua rede, mas que já o isolou e removeu.
Os autores do ataque cibernético teriam também tentado roubar segredos do Pentágono e do programa nuclear dos EUA em Los Alamos, a instalação onde a primeira bomba atómica foi criada.
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