Ficar em casa durante o estado de emergência e, assim, cumprir com as ordens do Governo, pode dar direito a ofertas e descontos. A ideia surgiu de duas empresas portuguesas que lançaram a plataforma online eufico.pt, onde pontos podem ser trocados por prémios. Para conhecer melhor este projeto que incentiva os portugueses a ficarem em casa, o SAPO TEK conversou com Renato Cavadas, do grupo de agência de viagens IBS Portugal, e Adriano Albuquerque, CEO da empresa de software na área de turismo MYGEST, a quem coube desenvolver a plataforma.
A distância entre Portimão e Matosinhos não foi impedimento para as duas empresas, já habituadas a trabalhar à distância anteriormente, se juntarem neste projeto social. Mas de que forma é que os portugueses podem conseguir prémios, como descontos no marketplace Dott? Em primeiro lugar tem de inscrever a sua família, de forma gratuita, e juntar-se aos cerca de 3.000 agregados que já fazem parte deste movimento.
Para além de necessitar informar a plataforma de que está em casa, através da localização, terá também de ultrapassar os desafios diários que são lançados para toda a família, o que lhe permite ganhar pontos. “A ideia é depois trocar os pontos por ofertas e descontos doados pelas empresas”, explica Renato Cavadas.
Com a ideia inicial a surgir em meados de fevereiro, a pressão para ajudar os portugueses era grande. Em março, o projeto seguiu para a frente e Adriano Albuquerque decidiu usar como base módulos de uma plataforma já desenvolvida para o grupo da agência de viagens IBS Portugal, passando para o site eufico.pt. O objetivo foi “acelerar o processo o mais rapidamente possível”, que durou quatro dias, explica o programador.
A tarefa seguinte passa por dar autorização à plataforma para aceder à sua localização, de forma a garantir que está em casa. Como explica Adriano Albuquerque, CEO da MYGEST, a ideia inicial passava pelo desenvolvimento de uma aplicação móvel. No entanto, o programador explica que o “computador dá uma maior certeza de que as pessoas estão em casa”, do que o smartphone.
Com o objetivo de obter a inscrição de pelo menos 30.000 famílias, a plataforma está, de acordo com Renato Cavadas, a assistir a um “pico de crescimento exponencial”, esperando contar com 30 empresas parceiras até ao final desta semana. Por isso, a IBS Portugal está a convidar os colaboradores a participarem no projeto, aceitando também o apoio dos portugueses.
Não esperando inicialmente este “boom” de utilizadores, este pico ultrapassou o limite do servidor, impedindo a plataforma de estar sempre disponível. Como explica Adriano Albuquerque, a ideia inicial seria começar a trabalhar com um fornecedor de acesso à internet português e, assim que o número de utilizadores aumentasse, seria utilizada uma outra “máquina”.
No entanto, Adriano Albuquerque assume que não estava a contar que esse crescimento exponencial acontecesse em apenas algumas horas. De acordo com o programador, o tráfego de banda passou de 3 GB para 65 GB, entre esta segunda e terça-feira. A solução vai agora passar pela aposta de duas “máquinas”, e não apenas uma. Desta forma, cada vez que existe um pico no site e que um dos servidores não responda, o outro estará pronto para desempenhar a sua função.
“Não estávamos a contar que a plataforma tivesse este boom e a estrutura não estava preparada para isso”, explica Adriano Albuquerque
O programador assume que estas últimas semanas têm sido bastantes intensas e cansativas, mas garante estar muito satisfeito com esta iniciativa. “É muito diferente dos projetos em que tenho por hábito participar e o impacto é também totalmente distinto”, explica o CEO da MYGEST.
A rede de parceiros que torna tudo possível
A plataforma fico.pt conta com um conjunto de parceiros que disponibiliza ofertas e descontos aos utilizadores, dos quais fazem parte o marketplace Dott. Em entrevista ao SAPO TEK, Renato Cavadas, do grupo de agência de viagens IBS Portugal, garante que neste caso o desconto é de 5%. Qualquer empresa pode associar-se de forma grátis à plataforma, a quem cabe selecionar os seus parceiros, através do email da plataforma app@eufico.pt.
Para além das várias empresas privadas com quem a plataforma já tem parceria, está em curso um acordo com o Ministério da Cultura, para ofertas de entradas em museus e em atividades culturais promovidas pelo Estado. Em breve serão ainda disponibilizados descontos em formações para vários profissionais de saúde, e, numa altura em que a taxa de desemprego está a aumentar, as candidaturas a determinados empregos, submetidas na plataforma, terão prioridade.
Entre as várias ofertas já disponíveis estão aulas de guitarra e de livros, por exemplo. No entanto, Renato Cavadas garante que as áreas cobertas pela iniciativa são várias, desde bens alimentares, desporto, animais, turismo e serviços, numa altura em que muitas empresas estão a procurar associar-se à iniciativa.
“É um projeto totalmente social, onde o objetivo é sensibilizar as pessoas a ficarem em casa, monitorizando-as”, explica Renato Cavadas
Neste momento, a equipa, formada por quatro pessoas, está a concorrer a alguns fundos que permitam o projeto continuar a ser desenvolvido. A Fundação Calouste Gulbenkian é uma das instituições que está a analisar a candidatura, no valor de cerca de 10 mil euros, e Renato Cavadas mostra-se confiante. “Acreditamos que vamos ser um dos projetos aprovados”, afirma.
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