Em 2018, no rescaldo do escândalo Cambridge Analytica, o Facebook prometeu que os programadores de empresas externas deixariam de ter acesso aos dados privados dos utilizadores caso não usassem uma determinada aplicação após 90 dias. No entanto, a empresa liderada por Mark Zuckerberg admite agora que as informações continuaram a ser partilhadas com os developers mesmo depois do período estabelecido ter terminado.

O Facebook estima que cerca de 5.000 programadores tiveram acesso a dados que incluíam as línguas faladas pelos utilizadores, o seu género, a sua data de nascimento, assim como o seu endereço de correio eletrónico.

Embora não revele quando é que se deparou com o incidente e quantos membros da rede social é que foram afetados, a gigante tecnológica afirma que já tomou medidas para resolvê-lo, indicando também que não encontrou provas de que a falha tenha causado em partilhas de informação inconsistentes com as permissões dadas pelos utilizadores.

Já não é a primeira vez que o Facebook dá a conhecer falhas no tratamento das informações dos utilizadores. Em setembro de 2019, a rede social suspendeu "dezenas de milhares" de aplicações por usos indevidos e manipulação incorreta de dados no âmbito de uma investigação interna.

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Mais tarde, em novembro desse ano, a empresa revelou que, mesmo depois de várias alterações na política motivadas pelo, cerca de 100 developers poderiam ter tido um acesso indevido a dados da comunidade da rede social.

Na altura, Konstantinos Papamiltiadis, diretor de Platform Partnerships do Facebook, explicou que a "descoberta" surgiu depois de uma análise contínua à forma como as alterações no acesso à API estavam a ser cumpridas. De acordo com o responsável, os programadores poderiam ter tido acesso a informações de vários grupos, como nomes e fotografias de perfil por mais tempo do que deveria ser suposto.

A forma como o Facebook lida com a privacidade dos utilizadores tem sido alvo de sucessivos processos em vários tribunais. Recentemente, o Tribunal Federal alemão determinou que a rede social terá mesmo de cumprir as ordens do regulador da concorrência do país e parar de combinar dados dos utilizadores, recolhidos sem consentimento em plataformas como o WhatsApp ou Instagram, para criar perfis detalhados e vendê-los a anunciantes na rede social.

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Ainda em maio deste ano, a empresa foi condenada pelo Tribunal da Concorrência no Canadá a pagar uma coima de nove milhões de dólares por ser não claro na hora de informar os utilizadores sobre questões de privacidade. Recorde-se que uma das maiores sanções relacionadas com questões de privacidade surgiu em julho de 2019, com a Federal Trade Comission a passar uma multa de cinco mil milhões de dólares ao Facebook.