
Da primeira ligação entre computadores na ARPANET (Advanced Research Projects Agency Network) à criação da World Wide Web, muito mudou na Internet, que acabou por se tornar numa parte fundamental das nossas vidas, transformando a maneira como comunicamos, trabalhamos, aprendemos e participamos na sociedade.
Até ao início de abril de 2025, 5,64 mil milhões de utilizadores em todo o mundo tinham acesso à Internet, o equivalente a 68,7% da população mundial, indicam os mais recentes dados do Digital Global Overview Report da DataReportal.

A realidade portuguesa acompanha a tendência global de digitalização. Em 2024, 88,5% da população entre os 16 e os 74 anos utilizou a Internet, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE). Ainda assim, o país continua abaixo da média da União Europeia, que se fixa nos 92,8%.
Apesar de uma descida de 2,6% na taxa de crescimento anual, o número de pessoas ligadas continua a aumentar, representando um ritmo sólido de adoção da Internet. Como mostra o relatório, o número de pessoas ainda fora da rede caiu para 2,57 mil milhões, com a maioria a viver em regiões como o Sudeste Asiático e em África.
Mas ainda há muito por fazer para alcançar o objetivo de acesso universal e fechar o “digital divide”. Na data em que se assinala o Dia Mundial das Telecomunicações da Sociedade da Informação, também conhecido como o Dia da Internet, a União Internacional de Telecomunicações (ITU, na sigla em inglês) aponta que, do total de pessoas que ainda estão desconectadas, a maioria são mulheres e raparigas.
Segundo os dados partilhados pela agência da ONU, em 2024, 70% dos homens usavam a Internet por todo o mundo. Por comparação, 65% das mulheres estavam ligadas à rede.
Embora o fosso digital entre géneros tenha diminuído em muitas das regiões mais desenvolvidas, ele aumentou nos países menos desenvolvidos, onde apenas 29% das mulheres acedem à Internet face a 41% dos homens.
Não é só no acesso à Internet onde este fosso digital ainda persiste. As lacunas que existem no acesso a equipamentos como computadores e smartphones, assim como nas competências e participação nas áreas STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática), continuam a dificultar a participação plena das mulheres na economia e no desenvolvimento das soluções digitais do futuro.
“Fechar este fosso é fundamental para abrir novos caminhos para o crescimento económico, para a inovação e para o desenvolvimento sustentável”, realça a ITU.
No mesmo ano em que assinala o 30º aniversário da Declaração de Pequim, um dos marcos na promoção da igualdade de género, a agência da ONU sublinha que o Dia Mundial das Telecomunicações e da Sociedade da Informação “representa um momento crucial para intensificar os esforços para assegurar que a transformação digital cria oportunidades para todos em todo o mundo”.
Ao telemóvel e “colados” às redes sociais
Segundo a edição de 2025 do Digital Global Overview Report, 95,9% das pessoas que acedem à Internet globalmente fazem-no através do telemóvel, pelo menos, ocasionalmente. Ao todo, os smartphones já representam 62% do tráfego web mundial.
Apesar disso, o relatório aponta que mais de 6 em cada 10 pessoas nos países com economias de maiores dimensões continuam a usar portáteis ou computadores desktop para realizar parte das suas atividades online.
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O uso das redes sociais continua a crescer, com o número total de perfis ativos a alcançar a marca dos 5,31 mil milhões em abril deste ano, indicam dados da consultora Kepios. Só nos últimos 12% o número de “identidades” ativas nas redes sociais registou um crescimento de 4,7%.
Em média, os utilizadores passam 33 horas e 23 minutos por semana a consumir conteúdo online, indica o relatório da DataReportal. Mas, afinal, o que é que as pessoas mais fazem quando estão a navegar na Internet?
Dados compilados pela LOCALiQ mostram o que se passa num minuto na Internet e ajudam a compreender a dimensão e volume das atividades que realizamos online.

Olhando para as redes sociais, que se afirmam como um dos principais palcos da atividade online, em apenas 60 segundos são vistos 625 milhões de vídeos no TikTok; são partilhadas 66 mil fotos e vídeos no Instagram; e são feitas 350 mil publicações na rede social X.
Mas há muito mais do que interações nas redes sociais. A cada minuto, 6,3 milhões de pesquisas são feitas no Google; mais de 31 milhões de emails são enviados; 6 milhões de pessoas fazem compras online; e 174 mil aplicações são descarregadas. Além disso, num minuto, são vistos 3,47 milhões de vídeos no YouTube e são transmitidas 452 mil horas de conteúdo na Netflix.
Ainda vamos a tempo de reinventar a Internet?
A evolução e crescimento da Internet também trouxeram novos desafios. Além do controlo cada vez mais apertado por parte de governos autoritários, que põe em causa a ideia de uma Internet livre e acessível a todos, as grandes empresas tecnológicas continuam a moldar a maneira como interagimos e consumimos conteúdo online.
A crescente influência e poder das Big Tech levanta questões importantes sobre temas como polarização e disseminação de desinformação, mas também acerca do controlo dos nossos dados e sobre a liberdade digital.
O próprio “pai” da World Wide Web, Tim Berners-Lee, admite que, 35 anos depois da sua invenção, o sonho de uma rede aberta e livre enfrenta sérios desafios.
Num recente artigo de opinião publicado no Financial Times, Tim Berners-Lee defende que há coisas que precisam de ser urgentemente revistas e corrigidas, a começar pelo impacto dos algoritmos que alimentam a polarização nas redes sociais e pela forma como os dados dos utilizadores são controlados pelas grandes plataformas.
Mas o inventor da WWW ainda mantém a esperança no potencial por concretizar desta rede global e até está aberto à ideia de usar inteligência artificial, sob o formato de agentes, para a tornar mais útil, no entanto, sem repetir “os piores erros da era das redes sociais”.
Implementar novas regras que garantam a interoperabilidade das plataformas e que devolvam aos utilizadores o controlo dos seus dados são soluções que Tim Berners-Lee considera fundamentais para inverter o atual rumo que tem levado à fragmentação, à perda de privacidade e à crescente desconfiança no ambiente digital. O desafio está lançado, resta agora saber se conseguiremos reinventar a Internet para que se torne, de facto, um espaço de oportunidade para todos.
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