Combinado informação de várias fontes, com destaque para um artigo de Dan Black, analista de segurança na Mandiant (empresa de cibersegurança do grupo da Google) e analista das Nações Unidas, para a mesma área, até final do ano passado, o The Economist alerta para uma possível nova ciberofensiva iminente da Rússia, contra a Ucrânia e aliados.
A análise de diferentes especialistas conclui que ao longo dos últimos meses, os grupos de hackers ao serviço da Rússia têm vindo a diversificar recursos e a apostar em "armas" mais sofisticadas. Debaixo de fogo está não só a Ucrânia como vários aliados, entre ataques que se conhecem e outros que permanecem na sombra durante vários meses.
A Microsoft divulgou recentemente a descoberta, já este mês, de uma vulnerabilidade de dia-zero que foi usada durante quase um ano contra alvos políticos, militares, sector energético e logística, não apenas na Ucrânia, mas também na Polónia, Roménia e Turquia. Uma vulnerabilidade de dia-zero é completamente desconhecida e, como tal, não está ao alcance do fabricante do software que a tem corrigi-la.
Num artigo para uma publicação de um grupo europeu de reflexão (ISS), Dan Black também defende que o ciber-exército russo está hoje melhor preparado e tem conseguido adaptar-se às dificuldades e à resistência musculada que a Ucrânia conseguiu garantir para proteger serviços essenciais e redes governamentais, graças à ajuda dos aliados.
O responsável refere, por exemplo, que entre abril e julho do ano passado, durante a ofensiva na Ucrânia Oriental, a Rússia conseguiu escalar as suas operações de ciber-espionagem na Polónia, e em toda essa região da Europa, para tentar recolher informação sobre o abastecimento de armas à Ucrânia. Uma das estratégias usadas pela agência de inteligência militar russa Gru, refere-se, tem passado por aumentar o recurso a malware comprado em mercados ilegais, de forma a diversificar o leque de opções à disposição.
Dan Black admite também sinais de que o ciber-exército da Rússia está “mais preparado e revigorado” desde outubro, altura em que o país iniciou ofensivas no sul e leste da Ucrânia. Desde então, refere, as ações da Rússia neste domínio têm evidenciado uma estratégia coordenada de ataques para aumentar a pressão. Como exemplos, aponta o aumento dos ciberataques contra alvos de energia, água e logística, em paralelo com os ataques com drones e mísseis à rede elétrica da Ucrânia.
O The Economist cita ainda um relatório da principal agência de cibersegurança da Ucrânia, datado de 8 de Março, que também aponta para uma escalada nas ciber-atividades da Rússia. O documento sublinha que os ataques críticos e muito graves, os dois níveis de severidade mais elevados, dispararam em dezembro, atingindo seu nível mais elevado desde o início da guerra.
A mesma perspetiva deixam outras análises, já sobre as ciber-atividades da Rússia no decurso deste ano. No dia 15 de Março, dados recolhidos pela plataforma de monitorização Microsoft Threat Intelligence serviram de base a um alerta, onde se refere que a Gru está a preparar “uma renovada campanha de destruição", direcionada a alvos importantes. Há ainda informações de que, entre janeiro e meados de fevereiro, hackers ao serviço dos três principais serviços secretos russos tentaram penetrar em alvos militares e governamentais em 17 países, penetrando nos seus sistemas e abrindo caminho para ataques ou atividades de espionagem.
Ao mesmo tempo, têm sido identificados diferentes tipos de malware para destruir dados nas ciber-ofensivas russas, um recurso escasso desse lado do conflito no início da guerra, que também vem comprovar uma maior capacidade de ataque no ciberespaço, como sublinha o The Economist.
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