Todos os anos ouvimos contar o crescimento dos números do Web Summit, e este ano não foi exceção. A organização fala em 70.469 participantes, de 163 países, 1.206 oradores, 22 palcos, 2.526 jornalistas, 2.150 startups, e os números continuam pomposos. O certo é que o acordo da realização do Web Summit em Portugal para os próximos 10 anos obrigava naturalmente ao crescimento orgânico das infraestruturas da cimeira tecnológica, com a promessa da ampliação dos espaços envolvidos, nomeadamente a FIL e a Altice Arena, ao que parece ainda não foi concretizado para esta nova edição.
O crescimento, leia-se, mais gente, mais empresas, oradores e vendedores de refrigerantes, significa também mais confusão, maior dificuldade em circulação pelos espaços, e claro, um verdadeiro videojogo de perícia encontrar o lugar da próxima talk. Felizmente, tal como nas consolas, o “mini-mapa” da app oficial do Web Summit está bastante organizada e dá uma ajuda à navegação.
Mas há muitos contratempos que ainda continuam a causar pesadelos aos visitantes, e no que nos toca, aos jornalistas que necessitam fazer o trabalho de cobertura do evento. Em primeiro lugar é estranho ver numa cimeira, onde fazer negócio ou obter as últimas novidades das gigantes tecnológicas, deveriam ser a maior preocupação dos visitantes - muitos que provavelmente arranjaram alguma “borla” para entrar, seja porque é um correspondente de uma publicação algures do Cazaquistão, ou porque não tem muita noção da sua missão no evento, seja como participante, jornalista ou prospetor de negócio.
É que muitas pessoas parecem estar no Rock in Rio ou qualquer outro festival de música a participar nas atividades paralelas, um pouco incentivadas pelas próprias empresas que ativam os espaços. “Serás o próximo unicórnio?” Eis uma frase apelativa do stand da EDP, provavelmente mal sabendo que o visitante teria uma experiência tal como montar num unicórnio para tirar selfies em suspenso.
São este tipo de distrações que fazem acumular as pessoas em filas desnecessárias, cortando literalmente o acesso entre pavilhões, obrigando a quem quer mesmo chegar ao destino a colocar uma botija de oxigénio e uma máscara de mergulho para enfrentar este “oceano” de pessoas. Até porque as áreas de restauração estão exatamente colocadas nos corredores de ligação entre os pavilhões da FIL, por isso, mais uma vez, boa sorte a atravessar estes “riachos” de pessoas.
Mas logo no primeiro dia de evento, ou segundo, considerando segunda-feira como o inaugural, os problemas gerais são desde logo evidentes. A falta de briefing aos seguranças, aqueles senhores que impedem os visitantes de passarem por corredor A ou B, ou a entrarem nos determinados espaços, não estão inteiramente informados das suas funções. E isso foi notório quando de manhã, para levantar a credencial para entrar no evento, e após seguir todas as setas que indicam o balcão para tal, termos sidos impedidos de entrar pela segurança que… nos pedia o badge para entrar no recinto. Ou seja, para levantar o badge, era necessário já ter o badge, ou o mesmo que dizer que meteram uma pessoa a guardar o local, sem saber o que estava de facto a “proteger”.
E ainda dentro deste problema, observámos uma oradora desesperada para entrar, provavelmente atrasada para a sua talk, a tentar explicar ao segurança da área de imprensa que a sua fila tinha um tamanho “infindável”, impossível de chegar a horas ao seu compromisso, ao qual o segurança não facilitou, indicando que estava a fazer o seu trabalho. E com razão, mas não é excesso de zelo?
Qualquer publicação faz o trabalho de casa e perante mais de mil oradores, é normal que se ande a correr de um lado para o outro para chegar aos compromissos. Mas por diversas vezes deparámo-nos com mudanças nas talks sem atualizarem a app, algo que não nos lembramos de ter acontecido no ano passado. Ainda falando nos seguranças, estes chegaram mesmo a impedir os jornalistas de tirar fotografias utilizando o smartphone, referindo que tinham ordens para tal. Qual a razão? “Fotografias com telemóveis não é muito profissional”, mal sabendo que os novos equipamentos captam imagens melhores que muitas DSLR…
Imprensa com área reservada “nas laterais do Centre Stage… em pé”
O segundo dia do Web Summit não começou da melhor forma para os meios de comunicação que cobrem o evento. As mesas em frente ao palco da sala principal da Altice Arena, habituais noutras edições, desapareceram, mas até às 9h45 havia cadeiras reservadas numa das laterais (mais laterais) do primeiro anel. Entretanto, as diretrizes mudaram, e a imprensa perdeu os lugares, mesmo não “indo ao ar”.
Com muitos profissionais instalados de computador ao colo, a indicação foi que a área passou a estar reservada para outros destinatários e que teriam de se levantar para a área de imprensa “do lado esquerdo e direito do palco… em pé”.
Houve quem abandonasse o local, mas também houve quem insistisse em ficar: já experimentou escrever em pé num computador, por mais “portátil” que seja?
O “pé” acabou por ser importante, neste caso o “finca pé” e o pedido foi atendido: os media voltaram a ter lugares sentados reservados (embora em menor quantidade…).
A (sempre pequena) sala de conferências de imprensa voltou a revelar-se demasiado exígua para corresponder ao interesse dos mais de 2 mil jornalistas. São menos de uma centena de lugares e na conferência o comissário Carlos Moedas foi impossível arranjar lugar sentado. E quem ficava atrás, em pé, só conseguia ver através dos pequenos ecrãs das câmaras de filmar, um cenário que se repete do ano passado.
E o que dizer do horário de fecho da Media Room, levando os voluntários a "convidar" os jornalistas a saírem do recinto às 17:30, quando ainda estão a decorrer talks nos palcos e entrevistas, e impedindo de finalizar os últimos artigos do certame? E a falta de comunicação chegou ao ponto da equipa da hotelaria continuar a servir comida para além da dita hora de saída. Mas na prática todos os "resistentes" fizeram "ouvidos moucos" e mantiveram-se para lá da hora estipulada. Pelo menos até agora.
O Web Summit visto pelo SAPO TEK
O SAPO TEK está a acompanhar o Web Summit e para além das notícias de antecipação, nos próximos dias vai trazer os temas e as tendências mais relevantes. Encontramo-nos pelo Web Summit ou Night Summit?
Veja ainda a galeria de imagens que vamos recolhendo no nosso Diário do Web Summit.
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