A Alemanha pretende investir 20 mil milhões de euros na indústria de semicondutores, para concentrar no país uma parte relevante das necessidades da indústria tecnológica da região e reduzir a dependência dos mercados asiáticos que lideram este mercado, como Taiwan ou a Coreia do Sul.
O objetivo do Governo alemão, que pretende alocar esta verba através do Fundo para o Clima e Transformação, já a partir de 2024 e até 2027, é investir em projetos nacionais, com empresas locais, mas sobretudo na atração de investimento estrangeiro. Como a estratégia tem na base fundos europeus, a aprovação de cada projeto vai depender de uma luz verde de Bruxelas, detalhou o ministro da economia alemão, Robert Habeck, em declarações esta segunda-feira.
A Intel, sabe-se já, é uma das primeiras empresas a entrar em acordo com o Governo alemão para localizar um grande investimento no país, nesta área dos semicondutores. A criação de uma fábrica da multinacional alemã no país (com duas unidades de produção) já estava acordada.
O investimento esteve supostamente em risco de não avançar recentemente, enquanto a Intel tentou negociar melhores condições para se fixar no país, alegando que os custos do projeto aumentaram substancialmente, devido a fatores como a inflação, a guerra ou o ambiente macroeconómico.
O Governo alemão adiantou agora que a TSMC pode também vir a fixar uma fábrica no mercado alemão. A TSMC lidera o fabrico dos semicondutores mais avançados do mercado. Passava também em larga medida pelas suas fábricas, na altura da pandemia, a produção dos chips usados por algumas das indústrias mais afetadas pela escassez de semicondutores, como a indústria automóvel. O ministro alemão da economia e o seu gabinete estarão em contactos próximos com a empresa, enquanto a decisão de investimento não é tomada, revelou agora o executivo, em declarações citadas pela Reuters.
O acordo com a Intel ficou entretanto fechado no mês passado e vai assegurar à multinacional norte-americana apoios estatais de quase 10 mil milhões de euros, para a construção de duas unidades fabris na região de Magdeburg. O compromisso inicial do Governo alemão passava por contribuir com 6,8 mil milhões de euros para o projeto (em maquete, na foto).
Em junho foi anunciada mais uma fábrica da Intel na Europa, desta vez na Polónia. Tal como a fábrica na Alemanha deverá estar operacional em 2027 e vai representar um investimento de 4,6 mil milhões de dólares.
A fábrica da Intel anunciada para a Polónia vai estar direcionada para tarefas de montagem e testes, e funcionará em articulação com as fábricas de wafers da Alemanha e da Irlanda. A empresa diz aliás que a proximidade destes dois países foi uma das razões para escolher a Polónia, o talento e as boas infraestruturas também pesaram. O valor do apoio estatal ao projeto não foi revelado, neste caso. Espera-se que a estrutura permita criar 2.000 novos empregos no país, onde a Intel já tem 4.000 colaboradores a trabalhar no seu maior centro europeu de I&D.
No início de 2022, a Intel anunciou planos para investir 80 mil milhões de euros em fábricas de semicondutores na Europa. Itália é outro país no mapa destes investimentos, mas onde ainda não foi possível alcançar acordo. Os Planos de Recuperação e Resiliência europeus e a prioridade entretanto dada à recuperação da indústria europeia de semicondutores, com iniciativas legislativas como o Chips Act e muitos milhares de milhões de euros disponíveis para apoios, devem conseguir atrair mais interessados para a região. A UE quer 20% dos chips mundiais a serem produzidos na região até 2030.
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