A dona do Facebook vai pagar 725 milhões de dólares para pôr fim à ação popular que corre num tribunal de São Francisco e que resultou do escândalo com a Cambridge Analytica, evitando com este acordo que o caso prossiga para julgamento.
O processo foi uma consequência da revelação, em 2018, de que o Facebook permitia a várias empresas externas, parceiras, terem acesso a dados pessoais dos utilizadores. Uma dessas empresas foi a consultora britânica que, através de informação recolhida por uma app de outro parceiro da rede social, teve acesso aos dados de 87 milhões de utilizadores.
O acordo, já comentado como o maior alguma vez alcançado nos Estados Unidos no âmbito de uma ação popular, é também o maior alguma vez realizado pela Meta para resolver uma disputa judicial. Em agosto já tinha sido notícia que a empresa estava disposta a pagar para travar o avanço do processo, mas os valores envolvidos ainda não eram conhecidos. Para que sejam aceites, terão agora de ser aprovado pelo pelo juiz do Tribunal Federal de São Francisco.
"Nos últimos três anos, revimos a nossa abordagem à privacidade e implementámos um programa de privacidade abrangente", sublinha a Meta numa declaração sobre o acordo, citada pela Reuters, considerando ainda que esta é uma medida “para proteger os interesses da nossa comunidade e dos nossos acionistas”.
Recorde-se que a Cambridge Analytica trabalhou na campanha que ajudou a eleger Donald Trump, na primeira vez em que o ex-Presidente dos Estados Unidos concorreu à Casa Branca. Os dados pessoais a que teve acesso no Facebook permitiram direcionar mensagens políticas de acordo com o perfil dos utilizadores.
O caso já tinha custado 100 milhões de dólares à Meta, valor pago à comissão de mercados de valores mobiliários dos EUA, a SEC, pela política de informação aos investidores sobre a má utilização de dados pessoais.
Em 2019, o grupo terá também pago cerca de 5 mil milhões de dólares para pôr fim a um processo do regulador da concorrência - Federal Trade Commission - relacionada com as práticas da empresa na área da privacidade.
Na ação popular que agora pode ficar resolvida, a Meta é acusada de não ter conseguido proteger os dados pessoais dos utilizadores do Facebook, acusações que também podem vir a recair pessoalmente sobre Mark Zuckerberg, visado num outro processo de investigação da procuradoria de Washington.
Soube-se em maio deste ano, que este órgão estava a investigar a responsabilidade do fundador da rede social no caso e a legitimidade de avançar com acusações de fraude e violação de leis de defesa do consumidor, contra o responsável.
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