A operação anda tem de receber a aprovação dos reguladores do mercado, Anacom e Autoridade da Concorrência, mas para está está fechado o acordo entre a Digi e a Lorca JVO, que detém as ações da Cabonitel, a empresa que é dona da Nowo. A proposta surge depois do chumbo da compra da Nowo pela Vodafone por parte da Autoridade da concorrência, quase dois anos depois da proposta de aquisição e de rumores de que a Media Capital poderia comprar a operadora portuguesa.

O comunicado enviado à bolsa de valores da Roménia, onde a Digi tem a sua base, indica que "a empresa informa o mercado que, no dia 1 de agosto de 2024, a DIGI Portugal, LDA (“DIGI Portugal”) celebrou um contrato de compra e venda de ações com a LORCA JVCO Limited para aquisição de 100% das ações emitidas pela Cabonitel , SA a uma avaliação de 150 milhões de euros, sujeito a ajustes habituais e a determinados eventos contingentes".

Recorde-se que a Digi ganhou uma licença de operação para o 5G no leilão que decorreu em 2022 mas tem tardado em avançar com a operação em Portugal. No ano passado tinha confirmado planos para lançar uma oferta de fibra e comunicações móveis ainda em 2023, o que acabou por não acontecer. Em termos regulamentares a empresa de origem romena tem de começar a operação até novembro deste ano, sob risco de perder a licença.

Com a compra da Nowo a Digi pode ultrapassar algumas das dificuldades no acesso ao mercado português, nomeadamente com a interoperabilidade de rede, acordos para conteúdos de TV e ganhando uma base de clientes que conta com 270 mil clientes móveis e 130 mil fixos, segundo dados partilhados pela Digi.

Nas últimas semanas surgiram rumores de que a Media Capital poderia comprar a Nowo, num acordo que teria sido estabelecido com a Lorca e que deveria ser concluído hoje. A operadora que começou por atuar na área de cabo e foi uma aposta da MásMóvil para a expansão, também detém licenças para o 5G, nas frequências de de 1800 MHz, 2600 MHz e 3600 MHz, mas a espanhola decidiu sair do mercado português depois da fusão com a Orange. Em dificuldades, a Nowo entregou esta semana um pedido à Anacom para extensão do prazo de lançamento dos serviços até 2025.

Na análise ao negócio de aquisição da Nowo pela Vodafone a Autoridade da Concorrência (AdC) tinha feito uma projeção que incluía a entrada da Digi no mercado português, admitindo ser"expectável que o novo entrante venha a ter impactos positivos no mercado, levando a uma diminuição de preços e, também, dos incentivos à coordenação" e que "o benefício decorrente da entrada da Digi seria menor na zona do footprint da Nowo, caso ocorresse a operação de concentração [com a Vodafone], do que seria na sua ausência".

A Digi é a operadora que mais cresce em Espanha graças a uma política de preços baixos e comprou frequências para aceder ao mercado, fechando também um acordo com a Cellnex para garantir 2 mil pontos de ligação. Em 2023 a MásMóvil e a Orange fizeram também um acordo de interligação com a Digi em Espanha em troca de um contrato de cedência de espectro radioelétrico em várias frequências, uma iniciativa que fez parte das propostas à Comissão Europeia para o negócio ser aprovado. 

Na cronologia disponível no site da Digi a empresa indica que constituiu em maio de 2021 a Dixarobil Telecom, Sociedade Unipessoal, LDA, uma designação que alterou para DIGI Portugal, Sociedade Unipessoal, LDA um ano depois, em maio de 2022, voltando a mudar para DIGI Portugal, LDA em novembro de 2022. Em outubro de 2021 foi contratado o primeiro colaborador em Portugal e em março de 2022 foram instalados, na zona de Lisboa, os primeiros cabos de fibra ótica da Digi Portugal.