No site todas as indicações apontavam já para a realização do evento online, seguindo o modelo adotado no Collision, e usando a mesma plataforma, mas a organização do Web Summit ainda não tinha dado uma confirmação "oficial" às perguntas que o SAPO TEK tinha enviado. Agora Paddy Cosgrave, o fundador e CEO da Web Summit, confirma, em comunicado.
"Lisboa ainda é a casa da Web Summit, mas com os surtos crescentes de COVID-19 em toda a Europa, temos que pensar no que é melhor para a população portuguesa e para os nossos participantes", adianta Paddy Cosgrave, em comunicado.
À agência, o empreendedor afirmou que "A resposta mais segura e razoável é realizar o Web Summit totalmente online em 2020", adiantando ainda que "Esperamos poder acolher participantes de novo em Lisboa em 2021".
Ainda na terça feira, dia 6 de outubro, Paddy Cosgrave escreveu no Twitter que a decisão seria tomada no espaço de 10 dias, e pedia feedback da audiência, num tweet que não teve tantas respostas como outros do fundador da conferência de tecnologia que se mudou para Lisboa em 2016.
A ideia de um modelo híbrido, com uma parte online e outra presencial, mais reduzida do que em anos anteriores e com foco na economia portuguesa, tinha sido já avançada em junho, juntamente com a decisão de mudar a data do Web Summit para dezembro em vez do habitual mês de novembro. As novas datas foram fixadas entre 2 e 4 de dezembro, em apenas dois dias de conferência, num modelo que é também mais curto do que os quatro dias que normalmente ocupa.
Até agora a comunicação estava a decorrer toda com os modelos da habitual "máquina de promoção" a que o Web Summit nos habituou, com a indicação da agenda, dos primeiros 100 oradores confirmados, a ligação a outras iniciativas como o Women in Tech e a compra de bilhetes.
O Web Summit confirma que vai ter um canal dedicado a Portugal e iniciativas focadas nas startups e empresas portuguesas, suportando desenvolvimento open source, mulheres na tecnologia e negócios em Lisboa, assim como a Lisboa Green Capital 2020.
Apesar de ser só online, vão ser oferecidos 50 mil bilhetes gratuitos a alunos universitários e recém graduados com interesse em trabalhar em startups portuguesas ou em iniciar um negócio.
O canal português do Web Summit vai contar com entrevistas a centenas de CEOs de startups, assim como segmentos de universidades e institutos de investigação, e vai ainda explorar a arte, cultura e história de Portugal, e oportunidades de investimento.
O compromisso assumido é garantir 10 mil reuniões face a face, por vídeo, entre empresas portuguesas, investidores internacionais, clientes, parceiros e jornalistas.
Um futuro híbrido para todas as conferências
Apesar dos desafios, Paddy Cosgrave está convencido que o modelo online funciona e que existem formas de melhorar a interação entre os participantes através das ferramentas. "Estamos a planear um evento com mais de 100 mil pessoas e espero conseguirmos fazer o maior evento de sempre online", defendeu o CEO do Web Summit.
A conferência Collision, que está ligada ao mercado norte americano, foi um teste para a plataforma e para o modelo de "ligação" em salas de conversa, e a ideia é replicar a experiência no Web Summit, onde já estão confirmados mais de 800 oradores.
O software a tecnologia são a base para que tudo funcione, mas depois do Collision foram identificados problemas a a ultrapassar. Um dos exemplos foi o momento de "abertura das portas", em que muitos participantes não conseguiram entrar. "A abertura de portas é um desafio. Temos um modelo de web app com autenticação e o volume de pedidos em simultâneo fez com que os servidores ficassem ´congelados´´, deixando muita gente de fora", admitiu numa conferência de imprensa durante o evento.
Segundo o CEO do Web Summit, o grande volume de pessoas a fazerem a autenticação no site ao mesmo tempo acabou por bloquear as pessoas, impedindo-as de entrar, porque foi visto como um ataque, mas na verdade mesmo nas conferências físicas o problema das entradas já fez com que muitas pessoas não conseguissem assistir a algumas das sessões.
Mesmo defendendo as vantagens dos eventos online, Paddy Cosgrave continua a sublinhar os benefícios das conferências presenciais. Mas depois da pandemia da COVID-19, o modelo de futuro será misto. "Acho que o futuro é híbrido", sublinhou em conferência de imprensa, explicando que "estamos a ter participação de startups de áfrica e outras regiões, que não poderiam suportar as despesas de deslocação a Lisboa ou Toronto", e que desta forma têm acesso a investidores e jornalistas.
Nota da Redação: A notícia foi atualizada com mais informação. Última atualização 10h11
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