O sector das Tecnologias de Informação tem-se revelado um dos grandes impulsionadores de emprego em Portugal nos últimos anos, e em 2017 ganhou ainda mais relevância. Se a procura por profissionais de TI já começava a ser complicada, no ano passado a escassez de oferta tornou-se ainda mais crítica. Os dados da 10ª edição do Guia do Mercado Laboral, elaborado todos os anos pela consultora em recrutamento especializado Hays Portugal, assim o indicam.
Procurando recrutar ou mesmo reter os seus melhores profissionais, muitas empresas, com especial destaque para as de outsourcing, elevaram os seus pacotes salariais e benefícios a níveis superiores aos que grande parte das restantes organizações estão dispostas a oferecer, colocando mais pressão no mercado.
“Com a entrada de novas multinacionais (Mercedes, Volkswagen, Amazon, Google) e muitas startups inovadoras em Portugal, nota-se uma acentuada competitividade neste segmento”, referiu Victor Pessanha, Manager da Hays Portugal, comentando os resultados do relatório de 2017 ao TEK.
“Temos um mercado com uma pressão salarial bastante elevada, no qual são os candidatos que passam a ‘ditar’ as regras do mercado, e não o inverso”
Perante este cenário, as empresas deverão repensar salários, tornando-os “mais atrativos”, aconselha o responsável pelo recrutamento para o setor das TIC da Hays Portugal. Além da questão salarial, os candidatos também apresentam uma maior preocupação no que diz respeito a questões relacionadas com a sua integração num novo projeto profissional. “Existe cada vez mais, uma maior preocupação com o tipo de tecnologias que irão utilizar e os conhecimentos que poderão desenvolver ao envolver-se em projetos inovadores - creio que o mercado e as novas tendências, como RV, IoT, AI, deverão funcionar como um catalisador de novos talentos nestas áreas”.
O ambiente de trabalho mais informal é um aspecto muitas vezes valorizado, assim como a localização do local de trabalho, “que deverá ser o mais conveniente possível, tendo em conta a zona residencial do candidato”, destaca Victor Pessanha. Os jovens dão também bastante importância à possibilidade de trabalhar de forma remota, com uma maior flexibilidade de horários e perspetivas de crescimento futuro. “Em suma, diria que este conjunto de fatores são cruciais para atrair e reter talentos atualmente, em especial na área tecnológica”.
Perfis mais e menos procurados
Analisando as tendências de recrutamento, com base nas respostas de perto de 4.000 profissionais qualificados e mais de 700 empregadores, os resultados do Guia do Mercado Laboral relativo a 2017 revelam que há quatro áreas que se destacam como prioritárias no esforço de contratação de TI.
A primeira, tal como aconteceu em anos anteriores, foi a área de programação. As linguagens mais solicitadas foram Java, .NET e PHP. Já a nível de front-end, a preferência tem recaído sobre perfis de HTML, Javascript e CSS.
“Creio que temos muitas escolas de referência e formamos profissionais com uma qualificação muito interessante. A questão é, será que a quantidade de profissionais que estamos a formar será a suficiente para as necessidades do mercado atual e futuro?”
A área da segurança surgiu igualmente como outra grande prioridade de recrutamento, em crescimento desde 2016. Os diversos ataques de ransomware registados ao longo do ano fizeram disparar ainda mais a procura por perfis de auditoria, disaster recovery, continuidade do negócio e penetration testing.
Destaques ainda para as áreas ligadas ao RGPD, ao tratamento e análise de dados e ERP, particularmente em SAP. Administradores de sistemas com foco em virtualização, Automation Testers, engenheiros de telecomunicações focados em projetos internacionais foram outras áreas onde também existiram bastantes solicitações por parte dos empregadores.
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