Um novo relatório revela que a escassez de talento voltou a bater níveis recorde à medida que as empresas continuam a enfrentar dificuldades na procura por perfis que respondam às suas necessidades.

Em Portugal, o panorama das Tecnologias de Informação (TI) registou um ligeiro “alívio”, afirmando-se como o setor com o valor de escassez de talento menos acentuado, indica o relatório Global Talent Shortage Survey 2025.

Os dados mostram que, no setor das TI,  o valor de escassez de talento atinge agora os 76%, numa diminuição de 4 pontos percentuais face a 2024. Já a nível internacional, o setor tecnológico apresenta o terceiro valor mais elevado em escassez de talento, situando-se nos 76%.

Global Talent Shortage Survey 2025 | ManpowerGroup
Global Talent Shortage Survey 2025 | ManpowerGroup Níveis de escassez de talento por setor em Portugal créditos: ManpowerGroup

No que respeita às funções mais procuradas pelas empresas portuguesas de todos os setores, as competências de TI e Data estão entre as prioridades dos empregadores (22%), surgindo imediatamente a seguir aos conhecimentos em Vendas e Marketing (23%).

No setor tecnológico português, o foco nas competências de TI e Data é ainda mais acentuado, com estes conhecimentos a serem referidos por 44% dos empregadores.

Os empregadores do setor de TI relatam também dificuldades na contratação de profissionais de Engenharia (29%), de Vendas e Marketing (28%) e de Recursos Humanos (25%), aponta o relatório realizado pelo ManpowerGroup.

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Para fazerem face às dificuldades de contratação, os empregadores na área de TI estão a adaptar as suas estratégias para se alinharem com as preferências dos candidatos e para reforçarem a sua capacidade de atrair e reter talento.

A principal prioridade dos empregadores está no aumento dos salários (29%). Segue-se a construção de talento através de programas de upskilling e reskilling (28%).

21% dos empregadores inquiridos afirmam que estão a explorar novas bases de talento, 19% destacam a aposta na flexibilidade relativamente ao local de trabalho e 18% referem que estão a investir numa maior flexibilidade de horários.

"O cenário de transformação digital, impulsionado pela crescente adoção da IA, significa que, cada vez mais, todas as empresas têm necessidade de talento tecnológico e não apenas as empresas de TI”, afirma Nuno Ferro, Brand Leader da Experis, citado em comunicado.

“Contudo, o ciclo de renovação de competências dos profissionais não está ainda a conseguir acompanhar a velocidade dessa transformação, o que leva ao cenário de escassez de talento que nos acompanha já há alguns anos”, destaca o responsável.

Nuno Ferro realça que, no setor tecnológico, assiste-se a “um ligeiro alívio coerente com o abrandamento que observámos nas intenções de contratação, ao longo do ano passado”. Porém, “à medida que as empresas voltam a ampliar os seus planos de contratação, e em particular em competências especializadas de IA, Data, Cloud ou Cibersegurança, é pouco provável que as dificuldades de atração de talento venham a abrandar”.