A saga da guerra comercial entre a Huawei e os Estados Unidos prepara-se para mais um capítulo. O Governo de Donald Trump está a considerar aplicar mais restrições à empresa chinesa. O Departamento do Comércio norte-americano poderá alterar as suas regras de forma a impedir que fabricantes como a TSMC, as quais usam tecnologia norte-americana, forneçam processadores à Huawei.

De acordo com fontes a que o The Wall Street Journal teve acesso, a proposta da entidade reguladora do comércio quer que o Governo dos Estados Unidos obrigue as fabricantes em questão a pedir uma licença especial para poder continuar a fazer negócios com a Huawei. Para já, a aplicação da medida está a ser estudada e ainda não passou pelo processo de aprovação de Donald Trump.

Estados Unidos avançam com nova acusação contra Huawei por extorsão e roubo de informação
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A medida poderá ter um forte impacto na produção da Huawei. Recorde-se que a HiSilicon, a subsidiária da Huawei que produz os processadores presentes nos equipamentos da empresa, utiliza componentes fabricados pela TSMC. Além disso, o bloqueio poderá trazer consequências negativas para fabricantes norte-americanas de componentes para processadores, como a Applied Materials e a Lam Research.

A notícia do possível bloqueio surge após os Estados Unidos avançarem com uma nova acusação contra a Huawei por extorsão e roubo de informação. A fabricante é acusada de violar o Racketeer Influenced and Corrupt Organizations Act (RICO) e de roubar segredos comerciais de seis empresas norte-americanas, entre as quais a T-Mobile. O Departamento de Justiça alega também que a Huawei tem ligações comerciais à Coreia do Norte e que a fabricante forneceu sistemas de vigilância interna ao governo do Irão.

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Ao todo a Huawei e a sua CFO, Meng Wanzhou, filha do fundador da empresa, Ren Zhengfei, enfrentam agora 16 acusações de conspiração e extorsão, referindo-se que a empresa chinesa tinha um programa de recompensas para os seus funcionários que obtinham informações confidenciais de seus concorrentes.

Mais recentemente, um juiz de um tribunal federal do Texas considerou que o processo avançado pela Huawei contra o governo de Donald Trump em março de 2019 não é válido. A queixa apresentada pela fabricante defendia que a Seção 889 da Lei de Autorização de Defesa Nacional (NDAA) era inconstitucional. O regulamento aprovado em agosto de 2018 proíbe as agências federais de adquirir equipamentos e serviços da Huawei.

O The Wall Street Journal avança que, de acordo com a decisão do juiz Amos Mazzant, o Congresso norte-americano tem o poder de impedir que as agências federais usem equipamentos de certas companhias. “A possibilidade de fazer um acordo com o governo [para o fornecimento de equipamentos] é um privilégio, não um direito garantido na Constituição”, deixou patente o juiz.

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A saga entre a Huawei e os Estados Unidos já fez correr muita tinta e, ao que tudo indica, está longe de terminar. A empresa está na “lista negra” do Governo de Donald Trump desde maio de 2019, embora as suspeitas em relação à sua atuação existam desde 2011. Deste então, vindo a ser feitos adiamentos a um bloqueio efetivo, sendo que a última moratória terminaria a 18 de fevereiro.

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