Numa ação contra o uso não autorizado de música por modelos de inteligência artificial, a Recording Industry Association of America (RIAA) anunciou esta segunda-feira que editoras discográficas como a Sony Music Entertainment, a Universal Music e a Warner Records avançaram com processos judiciais contra as startups Suno AI e Udio AI.
Apresentados nos tribunais federais de Boston e Nova Iorque, os processos alegam que as empresas de IA usaram “massivamente” músicas protegidas por direitos de autor para treinarem os seus modelos generativos, criando conteúdos que imitam músicas conhecidas sem permissão ou compensação aos artistas e detentores de direitos.
Os processos citam exemplos de músicas geradas que se assemelham a "My Girl" dos The Temptations, "American Idiot" dos Green Day, e "All I Want for Christmas Is You" de Mariah Carey, entre outras. Acrescentam que as ferramentas de IA também reproduziram o tom de voz inconfundível de artistas como Bruce Springsteen, Michael Jackson e ABBA.
"As práticas dessas empresas ameaçam a genuína arte humana que está no cerne da proteção dos direitos de autor", afirmaram as editoras nos processos, destacando que o "roubo massivo" põe em risco todo o ecossistema musical. O pedido de indemnização é de 150 mil dólares por cada música usada sem autorização.
Mitch Glazier, presidente e CEO da RIAA, reforçou a postura das editoras, afirmando que a indústria da música está disposta a colaborar com empresas de IA responsáveis. No entanto, criticou os serviços não licenciados por explorarem o trabalho dos artistas sem o seu consentimento ou pagamento, “atrasando o desenvolvimento de tecnologia de inteligência artificial inovadora e ética”.
A imprensa internacional cita Mikey Shulman, CEO da Suno AI, em resposta, que afirmou que a tecnologia da empresa é projetada para criar resultados novos e que tentou explicar isso às editoras, sem sucesso. Já a Udio AI, criada pela Uncharted Labs, ainda não terá comentado as acusações.
Recorde-se que artistas conhecidos como Stevie Wonder, Billie Eilish, Norah Jones, REM, Sam Smith e Nicki Minaj tinham assinado em abril uma carta onde condenavam o caráter "predatório" da IA, reconhecendo o seu potencial criativo, mas alertando contra o seu uso irresponsável que "ameaça a privacidade, identidade, música e meios de subsistência dos artistas".
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