
A Integer Consulting é uma empresa especialista em outsourcing de TI, serviços de cibersegurança e de desenvolvimento de software à medida. A empresa portuguesa foi fundada em 2007, tendo atualmente escritórios em Lisboa, Porto e São Paulo, no Brasil. Na sua carteira de clientes tem empresas como a Indra, Accenture, CGI e KPMG, trabalhando assim com parceiros nacionais e multinacionais, não apenas em Portugal, como na Europa.
A empresa tem observado o crescimento de sectores como a banca, telecomunicações, serviços, retalho e Administração Pública e que são os que mais procuram empresas de outsourcing de TI, pela muita dificuldade em recrutar, gerir e sobretudo, reter talento para os seus projetos. A falta de mão-de-obra especializada para as necessidades do mercado é uma das necessidades do mercado, mas por outro lado, afirma que é preciso saber “seduzi-los” a nível de proposta salarial, assim como as condições e benefícios.
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A consultora promove exatamente essa cultura proximidade com os seus colaboradores e lança iniciativas e programas exatamente para reter talento. A Integer considera que os funcionários não são apenas um número, tendo uma preocupação com o seu bem-estar. A começar pelo nome da empresa, que vem da palavra “integridade”.
Em entrevista ao SAPO TEK, Luís Setúbal, CEO da Integer, explica que a sua “filosofia assenta no principio-base que se nós tivermos pessoas que estão felizes, motivadas, que estejam bem com elas próprias, com certeza conseguem transmitir isso e levar para a sua vida profissional”. Com isso, acredita que a longo prazo, numa perspetiva de sustentabilidade, a empresa terá resultados com isso. “Se nós tratarmos bem as nossas pessoas, elas vão tratar bem da empresa e esta vai prosperar, independentemente de haver anos melhores ou piores”.
Entre as iniciativas que está a promover, a Integer pretende aderir à semana de quatro dias. Na ideia de Luís Setúbal, acredita que não seja uma utopia, embora seja um objetivo difícil, mas que se deve trabalhar nele. “No nosso caso talvez seja complicado, nós temos rigorosamente quatro dias, mas não me parece ser uma realidade tão distinta, podermos ter por exemplo, não trabalhar segunda-feira de manhã e sexta-feira de tarde. São quatro dias na mesma, apesar de divididos por cinco dias”.
Afirma que é algo que hoje ainda não tem, mas gostaria de atingir. “Mas mais importante do que a questão dos quatro ou cinco dias, é permitirmos, como já o fazemos hoje, uma flexibilidade quase total às pessoas que trabalham connosco no sentido de poderem gerir os seus horários de acordo com os seus objetivos e tarefas que têm para desenvolver”.
Projeto de alojamento Integer Living Hub para funcionários que chegam de fora
Um dos objetivos da empresa para atrair e reter talento estrangeiro, sobretudo vindo do Brasil, passa pelo programa de alojamento Integer Living Hub. Luís Setúbal destaca as dificuldades de alojamento e encontrar casas para arrendar casa em Portugal. Um problema que afeta a própria população e claro, os colaboradores estrangeiros que pretendem fixar-se no país.
Desde o início que a empresa trabalha com colaboradores estrangeiros, que não trabalhavam nos seus países de origem, estes vinham para Portugal para serem integrados. E sempre houve dificuldade para arranjar espaço para as suas famílias, atualmente uma realidade crescente, não apenas para quem vem de fora, mas quem está em Portugal, aponta o CEO da Integer. “Se conseguíssemos resolver este problema ou pelo menos ajudar a resolver, iria facilitar bastante a vinda de pessoas para Portugal”.
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Depois da pandemia, a empresa tinha algumas pessoas a trabalhar deslocadas, nos seus países de origem. “O incentivo para vir para Portugal diminuiu um pouco, sobretudo pelo entrava de encontrar casa”. A empresa tem como objetivo manter as pessoas a trabalhar em Portugal, pelo conjunto de mais-valias. Independentemente do valor que se está disposto a pagar por uma casa, a dificuldade para encontrar é elevada. “As pessoas que vêm de fora têm dificuldades acrescidas, porque não tem um histórico, não têm fiadores porque não conhecem ninguém”.
A empresa tem atualmente seis apartamentos, sendo um deles de curta duração, máximo de uma ou duas semanas. Os outros são de estadias mais longas, que podem ser em média de nove meses, tempo que Luís Setúbal diz ser suficiente para os funcionários conhecerem melhor o local onde pretendem viver e comprar/arrendar casa, as escolas, etc.
A maior parte das pessoas chegam do Brasil, nunca vêm sozinhas, trazem cônjuge ou filhos. A média é de 9 meses, mas por norma é de seis meses a um ano. Dá tempo para conhecer a zona, estabelecer contactos com os colegas, e quando encontram casa saem do alojamento temporário. Até agora tem sido dado habitação a todos os funcionários que vêm de fora. “Trata-se de um benefício da empresa que pode aceder ou não. A maioria aceita, porque não tem cá contactos ou conhecidos”.
Luís Setúbal considera ser um ponto muito atrativo para as pessoas que chegam a Portugal. Alguém que vem de fora precisa de duas, três ou mais semanas para encontrar alojamento. “Os nossos consultores quando chegam a Portugal já estão integrados nos projetos dos seus clientes, cerca de duas ou três semanas via remoto. Se essa situação não tiver resolvida, vai afetar os nossos clientes”.
Quanto a números, no ano passado estiveram alojadas sete pessoas, incluindo estadias curtas, de pessoas que chegam do Porto para reuniões, por exemplo. Atualmente tem três pessoas alojadas, mas pretende dobrar o número até ao meio do ano. Além do espaço na Portela, pretende ter mais locais, como no Porto. Só ainda não avançou porque não se esgotou a capacidade do edifício.
O desafio na retenção do talento e os programas de reconversão de carreiras
A Integer tem ainda um outro programa interno chamado Better In, que Luís Setúbal diz ser mais estratégico e estrutural da empresa. Este mexe com os valores da empresa que é ter pessoas mais felizes e motivadas. Explica que se trata de um programa de alinhamento de lideranças. Este começou em 2020, durante a pandemia, com um grupo de liderança com seis pessoas. A partir destas pessoas trabalhar as suas lideranças para que sejam influenciadoras de toda a organização. Diz que hoje já tem 30 pessoas a trabalhar diretamente no programa, que passa por desenvolver a capacidade de liderança, independentemente dos cargos ou funções.
Sobre as empresas que mais apresentam dificuldades na contratação, a cibersegurança e a IA são as mais procuradas atualmente, pela escassez de talento. Mas aponta que são áreas muito recentes, sobretudo a IA. Mas no geral, todas as áreas de desenvolvimento de software têm falta de recursos humanos.
No que diz respeito à inteligência artificial, Luís Setúbal considera ser natural que a IA venha a substituir algumas necessidades de recursos humanos, mas ao mesmo tempo cria oportunidades em outras áreas. Algumas profissões deixam de existir, mas aparecem novos cargos. “Vai ser fundamental conseguir fazer em Portugal a conversão das pessoas”.

A empresa já esteve ligado a um projeto de reconversão de carreira, alguns ainda eram jovens, outros com 30 e poucos anos ligados à área das TI. Depois da formação interna, foram integradas nos projetos. Luís Setúbal afirma que é fundamental haverem incentivos para fazer a conversão. Considera que é um processo caro, além do tempo necessário para o profissional ter a experiência profissional para participar nos projetos.
Mas muitas pessoas podem arriscar os seus subsídios de emprego nestas formações ou mesmo possíveis contas do médico de saúde mental. Obviamente que considera que existe sempre o risco e o receio do investimento das pessoas. “Não me parece sensato dizer que não há risco, mas é um risco muito pequeno, porque quem investe está focado e comprometido. E a escassez é tão grande no mercado, que parece impossível não conseguir uma colocação”. E acredita que as colocações têm benefícios melhores do que em outras áreas.
“Existe um estigma de que as áreas de TI são muito complexas. As pessoas precisam de estudar e um pouco e ficam preparadas para abraçar uma carreira. Não é um bicho de sete cabeças”.
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