Previa-se um acordo que facilitasse a relação das tecnológicas chinesas como a Huawei e ZTE com os Estados Unidos, mas Donald Trump introduziu novas restrições que vão apertar ainda mais o cerco às empresas, impedindo-as de acederem a tecnologia americana. Segundo o New York Times, o executivo introduziu novas regras esta sexta-feira que impedem a Huawei e os seus fornecedores de utilizarem tecnologia e software americano, com efeitos a partir de setembro, numa espécie de período de carência para os produtos já em produção. Segundo o Secretário de Estado, Michael R. Pompeo, estes serão os últimos 90 dias de extensão à proibição imposta em maio de 2019.
É referido que as empresas podem requisitar licenças para continuar a fornecer os produtos, mas o mais provável é estas serem negadas a partir da nova data. A posição já mereceu resposta do ministro dos negócios estrangeiros chinês, afirmando que os Estados Unidos devem parar com esta opressão despropositada às empresas tecnológicas chinesas, como a Huawei.
A imprensa chinesa avançou com informações baseadas em fonte do governo de Pequim que o governo está pronto para tomar diversas contramedidas contra os Estados Unidos, tais como colocar as empresas americanas igualmente numa “lista negra” e impor restrições a fabricantes como a Apple, Cisco e Qualcomm, por exemplo. O jornal oficial do governo, o People’s Daly, citado pela Business Insider, refere que o país poderá também deixar de comprar aviões à Boeing.
“A China será forçada a tomar contramedidas para proteger os seus direitos oficiais e legítimos” caso os Estados Unidos avancem com o plano de mudar as regras e limitar fornecedores essenciais de chips, como a TSMC, de vender tecnologia à Huawei, é citado por outra fonte.
Com a escalada de tensão na guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, há já entidades a apontarem alguns danos colaterais. O presidente da Associação da Indústria de Semicondutores, John Neuffer, que representa as fabricantes de chips, refere que as novas regras impostas por Donald Trump criam uma disrupção e incerteza na cadeia de distribuição de semicondutores a nível global. Ainda assim afirma que as novas medidas parecem menos danosas do que as que foram anteriormente consideradas. Refere que estas se focam essencialmente na Huawei, que continua dependente nos designs americanos para os seus smartphones e tablets, e nos seus respetivos fornecedores.
De recordar que Donald Trump continua a considerar a Huawei e ZTE como perigosas, tendo avançado com o prolongamento das restrições ao negócio com as empresas chinesas até maio de 2021. Num comunicado lançado esta sexta-feira, citado pelo New York Times, o Departamento do Comércio dos Estados Unidos afirma que a Huawei tentou “contornar” as anteriores restrições utilizando software e tecnologia americana para produzir os seus próprios semicondutores, assim como a aquisição de produtos de fábricas espalhadas pelo mundo que usam equipamento americano.
“Houve uma questão muito técnica nas restrições anteriores, que permitiram à Huawei efetivamente de utilizar tecnologia americana com os seus fornecedores estrangeiros”, afirma o secretário do comercio americano, Wilbur Ross, numa entrevista concedida à Fox Business. As novas medidas pretendem agora corrigir essas falhas técnicas, de forma a que as fábricas americanas consigam competir no mesmo pé de igualdade com as de fora dos Estados Unidos, acrescenta.
O senador republicano do Nebrasca, Ben Sasse, vai mais longe, referindo que “os Estados Unidos necessitam estrangular a Huawei” citado pelo New York Times, considerando que as guerras modernas são disputadas com semicondutores e que estavam a deixar a Huawei a usar os designs americanos. “Isto é muito simples: fabricantes de chips que dependam da tecnologia americana não pode ir para a cama com o Partido Comunista Chinês”.
As medidas surgem no rescaldo do apoio dos Estados Unidos às fabricantes de semicondutores que decidam construir novas fábricas em solo americano, como a Intel, a Samsung e a TSMC. A própria TSMC divulgou, poucos dias depois, a intenção de construir uma fábrica no Estado do Arizona, com um investimento que pode chegar aos 12 mil milhões de dólares. A construção será subsidiada pelo governo norte-americano e deverá começar em 2021. Já a produção está prevista para ter início em 2024.
Este "aliciamento" à TSMC levanta dúvidas se a empresa do Taiwan tem alguma espécie de exceção nas limitações ao fornecimento de componentes à Huawei. O executivo americano afirma que a empresa não recebeu nenhuma garantia de exceção das medidas impostas. Do lado da fabricante, é referido que a decisão para a construção da fábrica foi baseada apenas nas necessidades do seu negócio, e não como parte de um acordo para aliviar sanções do comércio.
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