O regulador britânico da concorrência decidiu que a Meta, dona do Facebook, vai ter de vender a Giphy, empresa que tinha adquirido em 2020 por um valor estimado de 400 milhões de dólares. A decisão é o culminar de um processo de investigação ao negócio, onde se concluiu que trazer a Giphy para o universo da Meta teria um impacto prejudicial significativo para a concorrência.

A CMA (na sigla em inglês) tem vindo a defender que a integração da Giphy na Meta poderia ser usada para impedir que outras plataformas tivessem acesso aos GIFs da Giphy, o que teria como consequência um aumento de tráfego para as plataformas da Meta, incluindo o Facebook, o WhatsApp e o Instagram.

A Giphy criou e gere uma plataforma de imagens animadas. A sua integração na Meta foi considerada pelo regulador uma forma de lesar outras empresas no mesmo mercado e de tirar do mercado um potencial concorrente na área da publicidade.

Logo na investigação preliminar ao caso, a CMA alertava para a possibilidade do negócio vir a ser usado para pedir mais dados a outras plataformas, como condição para acederem aos GIFs. O regulador também sublinhava que os serviços de publicidade da própria Giphy já tinham sido afetados pela compra, ficando sem espaço para crescerem e competirem com outras empresas, nomeadamente a Meta.

A decisão, que acolhe agora um parecer do tribunal no mesmo sentido, já foi aceite pela empresa, que não pretende recorrer e vai anular a operação. “Estamos desapontados com a decisão da CMA mas vamos aceitá-la como uma decisão final sobre o assunto”, referiu já um porta-voz da Meta. De acordo com a mesma fonte, citada pela Reuters, segue-se um processo de desinvestimento na empresa, que vai desenrolar-se em colaboração com a autoridade britânica da concorrência.

Esta é a primeira vez que o regulador britânico obriga uma grande empresa norte-americana a vender um ativo já adquirido. A decisão acaba no entanto por não surpreender, uma vez que logo nas conclusões da investigação preliminar a CMA considerou que não havia forma de resolver os impactos negativos do negócio, a não ser impedindo-o.

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Em outubro de 2021, aquela autoridade anunciou que ia aplicar uma multa de 50 milhões de libras à Meta por não ter mantido o regulador informado de todas as atividades relacionadas com o negócio. A investigação, que começou logo a seguir ao anúncio da operação, impedia a empresa de avançar até garantir aprovação regulatória e isso acabou por não ser respeitado.

Um mês depois, em novembro, a CMA reiterava as conclusões da investigação preliminar e confirmava a decisão de obrigar a Meta a cancelar o negócio com a Giphy, com base em argumentos que a justiça acabou também por validar.

“Ao exigirmos ao Facebook que venda a Giphy estamos a proteger milhões de utilizadores de redes sociais e a promover a concorrência, assim como a inovação, na publicidade digital”, destacava na altura um responsável da CMA.