A máquina do Web Summit está a funcionar a pleno gás para um regresso à normalidade do maior evento de empreendedorismo e tecnologia na Europa, depois de uma edição virtual em 2020 e uma realização mais controlada em 2021.

"Em 2016 quando decidimos mudar o Web Summit para Lisboa todas as pessoas perguntavam 'porquê Lisboa' [ ...] Lisboa não era vista em 2016 como uma cidade de startups, tudo mudou, está mais intenso", explica Paddy Cosgrave, CEO da Web Summit, que detalha que "em 2019 pensei que Lisboa não conseguia ficar mais 'hotter' mas isso aconteceu, tornou-se o 'sexyest place' no mundo, com uma grande transformação, e a marca de Portugal nunca esteve melhor".

O responsável partilhou alguns dados sobre o crescimento da exposição e do número de expositores e investidores, mas adianta ainda que para além das dezenas de milhares de pessoas que vêm a Lisboa para o Web Summit há outros eventos paralelos que atraem muita gente. "O Web Summit tornou-se um íman para atrair eventos".

Entre os números partilhados estão a previsão de mais de 70 mil participantes, 2.630 expositores e 1.120 investidores, com mais de 1.000 oradores a deslocarem-se para Lisboa. "São mais 60% de expositores e se acharam que em 2019 o espaço já estava preenchido este ano vai estar ainda mais", referiu, dizendo também que o espaço de exposição vai crescer com aproveitamento de vários espaços, mas sem detalhar quais.

Durante a conferência, o Ministro da Economia e do Mar falou também sobre a nova lei das startups que está a ser preparada e que poderá ser apresentada até final do ano. António Costa Silva diz que vai olhar para o financiamento e a questão fiscal das startups e que seja capaz de atrair mais empresas.

"Penso que podemos ter uma das leis mais atractivas da Europa", defende sem partilhar muitos detalhes, referindo ainda o sonho de ter mais investimento no digital em Portugal, tirando partido das infraestrutura e do crescimento da digitalização, que abre novas oportunidades para as empresas.

Um acordo para 10 anos, mas com a expansão da marca Web Summit para além de Lisboa

Paddy Cosgrave garantiu em 2018 um contrato de 10 anos com o Governo Português para manter o Web Summit em Lisboa até 2028, mas este acordo implicava a expansão das estruturas da FIL no Parque das Nações, que não foram ainda concluídas. No acordo estão comprometidos investimentos anuais de 11 milhões de euros, sendo que três milhões de euros são investimento municipal e oito milhões são assegurados pelo Governo.

Em setembro a Câmara de Lisboa aprovou a atribuição de 6,3 milhões de euros à Associação de Turismo de Lisboa (ATL) para a realização da próxima edição da conferência Web Summit, que vão ser canalizadas para providenciar os espaços necessários à realização do evento, ainda que de natureza temporária.

O acordo prevê que o Web Summit vai continuar a realizar-se na cidade de Lisboa até 2028, segundo o acordo alcançado em novembro de 2018, entre o Governo português, o município de Lisboa, o Turismo de Portugal, a ATL, a AICEP Portugal Global, E.P.E, a IAPMEI – Agência para a competitividade e Inovação e o CIL – Connected Intelligence Limited (CIL).

Neste âmbito, foi estudado o aumento de infraestruturas na cidade de Lisboa, em resposta ao desafio de atração de grandes eventos e congressos, entendendo-se que “não deverá estar circunscrito ao espaço da FIL [Feira Internacional de Lisboa], sendo a todos os títulos benéfico possibilitar outras soluções, como a construção de um novo equipamento, caso essa opção demonstre ser viável”.

Segundo a proposta, decorreu um longo processo negocial com a CIL (entidade organizadora da Web Summit) para a alteração do acordo inicial referente ao período de 2019 a 2028, no sentido de flexibilizar o teor das obrigações assumidas pelo município de Lisboa quanto ao local da expansão incluindo o adiamento da data de conclusão da obra de expansão, que resultou no Ato de Alteração (“Deed of Variation”) ao acordo.

Este ano o acordo para criar o Web Summit no Brasil terá gerado algum desconforto, mas Paddy Cosgrave garantiu ao SAPO TEK que "o acordo atingiu os objetivos" e que a ideia é continuar a alargar os eventos regionais da empresa, com a marca Web Summit para outras regiões, incluindo África, Médio Oriente e Ásia.

Sem admitir algum tipo de desconforto com o Governo português pelo acordo estabelecido no Brasil, o CEO do Web Summit diz que este ano haverá mais oradores, empresas, participantes e jornalistas brasileiros do que nunca em Lisboa.

Nota da Redação: A notícia foi atualizada durante a conferência de imprensa que decorreu esta tarde em Lisboa. Última atualização 16h52