Um ciberataque direcionado a uma rede de satélites usada pelo governo e agências militares da Ucrânia, logo após o início da invasão russa, também afetou dezenas de milhares de utilizadores de Internet em toda a Europa, foi divulgado esta quinta.

O proprietário destes satélites, a Viasat, com sede nos Estados Unidos, revelou esta quinta novos detalhes sobre como ocorreu o maior ciberataque, conhecido desde o início da guerra na Ucrânia e o seu amplo impacto. O ataque afetou utilizadores da Internet desde a Polónia à França e impediu o acesso remoto a milhares de torres eólicas na Europa Central, noticia a agência Associated Press (AP).

No comunicado, a Viasat não apontou quem acredita ter sido o responsável pelo ataque, embora na altura as autoridades ucranianas tenham culpado hackers russos.

A ação terrorista ocorreu no momento em que a Rússia estava a lançar a sua invasão à Ucrânia e foi considerada o início de uma vaga de ciberataques para além da zona de conflito.

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No entanto, até agora, estes ataques não se materializaram, embora investigadores sobre cibersegurança refiram que as operações cibernéticas mais impactantes relacionadas com a guerra estão a ocorrer “nas sombras”.

Uma série de ataques menores, aparentemente realizados por voluntários, estarão em curso.

O ataque demonstrou como a tecnologia de satélite que serve clientes militares e civis pode ser um alvo durante um conflito, causando impacto em pessoas e empresas longe do campo de batalha.

Nas primeiras horas de 24 de fevereiro, a rede de satélites KA-SAT começou a ser alvo de um ataque, deixando offline um grande número de modems de Internet.

Depois, seguiu-se um ataque destrutivo com uma atualização de software malicioso que deixou inoperacionais dezenas de milhares de serviços de Internet em toda a Europa, revelou a Viasat.

A empresa explicou ainda que enviou 30.000 aparelhos de substituição para clientes afetados em toda a Europa, a maioria utilizadora do serviço de Internet de banda larga em casa.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.189 civis, incluindo 108 crianças, e feriu 1.901, entre os quais 142 crianças, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

A guerra provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, incluindo mais de 4 milhões de refugiados em países vizinhos e quase 6,5 milhões de deslocados internos.

A ONU estima que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.