A China Telecom tem 60 dias para interromper o fornecimento de serviços nos Estados Unidos, de acordo com um pedido aprovado na terça-feira pela Federal Communications Commission (FCC). O regulador apontou riscos de que Pequim possa usar a empresa para espiar ou interromper as telecomunicações no país.
O Presidente norte-americano, Joe Biden, manteve os esforços iniciados pelo antecessor Donald Trump para limitar o acesso das empresas chinesas à tecnologia e ao mercado dos Estados Unidos, apontando riscos para a segurança nacional e a cooperação das empresas com o exército chinês.
A China Telecom consta entre as empresas que foram banidas do mercado de capitais dos Estados Unidos por ordem de Donald Trump. O regulador norte-americano disse, em 2019, que, devido a questões de segurança, planeava revogar as licenças concedidas há vinte anos à China Telecom e a outra operadora estatal, a China Unicom Ltd. O regulador rejeitou também um pedido de licença da terceira operadora, a China Mobile Ltd.
“A propriedade e o controle da China Telecom Americas pelo Governo chinês aumenta os riscos para a segurança nacional”, disse em comunicado a FCC. A conduta e a comunicação entre a empresa e as agências governamentais dos Estados Unidos “demonstraram falta de franqueza, confiabilidade e credibilidade”, afirmou, sem avançar mais detalhes.
O Governo chinês afirmou que vai tomar medidas para proteger as suas empresas, mas não anunciou qualquer medida de retaliação contra as empresas norte-americanas a operar na China.
As empresas de telecomunicações estão numa "lista negra" do governo dos Estados Unidos que reúne entidades alegadamente envolvidas no desenvolvimento militar da China. Empresas petrolíferas estatais, fornecedores de chips de processador e empresas de tecnologia e construção de vídeo, ou dos setores aeroespacial, construção naval e equipamentos de energia nuclear também fazem parte daquela lista.
Recorde-se que, ao longo de 2020, o último ano de mandato de Donald Trump, a famosa “lista negra” do Departamento do Comércio dos Estados Unidos de organizações chinesas impedidas de fazer negócios com o país, da qual a Huawei faz parte desde maio 2019, cresceu a olhos vistos.
Logo em maio desse ano foram adicionadas 33 empresas chinesas acusadas de serem "cúmplices de violações e abusos dos direitos humanos" na China ou de terem interesses de segurança nacional ou de política externa dos Estados Unidos".
A O-Film, uma fornecedora da Apple, a Semiconductor Manufacturing International Corporation (SMIC), a maior fabricante chinesa de semicondutores, e até a conhecida fabricante de drones DJI também entraram no “rol” do Departamento do Comércio.
Recentemente, a administração Biden colocou sete entidades chinesas da área da supercomputação ao rol, defendendo que as organizações em questão estão envolvidas no desenvolvimento de supercomputadores usados pelo exército chinês para destabilizar os esforços de modernização militar e/ou participar em programas de armas de destruição maciça.
O Departamento da Defesa dos Estados Unidos também tem a sua própria “lista negra” de organizações acusadas de terem ligações a exércitos estrangeiros, incluindo os da Rússia e da China. Recentemente, a Xiaomi conseguiu escapar-se à entrada na lista, depois de ter sido visada logo no início de 2021, numa das últimas ordens executivas de Donald Trump.
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