A fase principal do leilão do 5G avançou hoje para o seu 108º dia. Nas sete rondas de hoje, as licitações atingiram os 323,489 milhões de euros. O valor representa uma subida de 363 mil euros em relação ao dia anterior, espelhando a recente tendência de crescimento das litações a “conta-gotas”.

Novamente, o interesse dos operadores voltou a estar centrado na faixa dos 3,6 GHz. Os mais recentes dados da Anacom permitem constatar que hoje há subidas em relação a 7 dos 40 lotes disponíveis nesta faixa nativa do 5G.

Face ao preço de reserva, os lotes da categoria J valorizaram mais de 300%, ultrapassando a valorização dos dois primeiros lotes da faixa dos 2,6 GHz, que estão “parados” desde o 23º e 22º dia, respetivamente. Até agora, a faixa dos 2,1 GHz, que não regista mudanças desde o 7º dia de licitações, é a que mais aumentou de preço, valorizando mais de 400%.

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Ao todo, a soma de ambas as fases do leilão resulta agora num valor situado nos 407,84 milhões de euros. É verdade que a totalidade do leilão supera o preço de reserva fixado pela Anacom nos 237,9 milhões, porém, o valor do encaixe potencial não cresceu proporcionalmente à longa duração do processo, que a Anacom está a tentar acelerar com a sua mais recente decisão, a qual não foi bem encarada pela  Altice PortugalNOS e Vodafone.

O “braço de ferro” entre regulador e operadores continua e ontem, na comissão parlamentar de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação, no âmbito da audição da Anacom, João Cadete de Matos, presidente da entidade reguladora, garantiu que no dia em que o leilão do 5G terminar "vai ser público tudo aquilo que aconteceu ao longo" do processo e quem utilizou as regras para o prolongar.

"Terei todo o gosto em voltar aqui, perante a comissão, no dia em que o leilão terminar e em partilhar toda essa informação que será pública", sublinhou João Cadete de Matos, salientando, no entanto, que "é possível desde já" olhar para a informação que é pública e comentar o desenvolvimento do processo.

"Verificamos que ao fim de alguns dias, 10, 20, no máximo 30 dias, as principais faixas que estavam em disputa no leilão, além de uma, a 3,6 GHz, (...) atingiram preços bastante mais elevados comparativamente ao valor da reserva base e têm-se mantido estáveis", prosseguiu.

Isto significa que o leilão "já poderia ter terminado não fosse o facto" da faixa 3,6 GHz apresentar uma subida a "um ritmo muito lento", referiu, apontando que o leilão prevê incrementos entre 1% e 20% e "há quem tenha optado esmagadoramente por fazer licitações de 1%".

João Cadete de Matos justificou também a existência de litigância no processo do leilão 5G e a sua duração, há mais de 100 dias, ao facto de este vir "trazer mais concorrência ao país". O responsável apontou que a primeira fase do leilão, reservada aos novos entrantes no mercado móvel português, "decorreu com alguma celeridade", sublinhando que "nessa primeira fase" foi atingido um montante no leilão "bastante superior ao valor de reserva".