Com a evolução das redes de telecomunicações, e a chegada do 5G, os sistemas mais antigos começam a ficar obsoletos e deixarem de ser utilizados pelos clientes das grandes operadoras. Na semana passada foi notícia que tanto a Vodafone, como a NOS e MEO já têm um calendário alinhavado para o processo de encerramento das suas redes 3G.
Esse plano já era conhecido em 2022, inicialmente como uma probabilidade e sem calendário, mas agora aproveita a boleia de outras operadoras internacionais para desligar o 3G, como é o caso da Orange, que planeia fazê-lo em 2025. Trata-se de um processo gradual e o tempo planeado prende-se sobretudo pelo número de assinantes de uma empresa que ainda utilizam a rede. Por exemplo, no caso da Orange, apenas vai desligar o serviço 3G até ao final de 2028 no território francês uma vez que o número de clientes ainda é muito expressivo; e o 2G apenas em 2025, por ser já residual.
Para compreender melhor o processo de encerramento das redes 3G em Portugal, o SAPO TEK elaborou um explicador com as principais dúvidas e respostas possíveis fornecidas pelos operadores. Tentámos ainda apurar junto às operadoras quantos clientes ainda estavam a utilizar a rede 3G, mas ainda não foi possível obter respostas.
Porque razão para as operadoras vão fechar as redes 3G?
A razão é sobretudo a necessidade de modernizar as redes. As operadoras estão agora empenhadas em manter as ainda (muito) atuais redes 4G e a expandir o 5G gradualmente. Como refere a Vodafone Portugal “esta mudança é inevitável perante a evolução tecnológica e permitirá responder ao crescente consumo de dados, realocando as frequências até agora utilizadas pelo 3G para uso de redes mais modernas como o 4G e 5G”.
A atualização das redes é vista pelas operadoras como benéfico para a digitalização do país: as comunicações ganham mais velocidade, capacidade, estabilidade, eficiência e resiliência.
“Com o objetivo de continuar a modernizar a sua rede, garantindo a melhor qualidade de serviço, e dando resposta às crescentes exigências de consumo de dados e do número de devices conectados, a Altice Portugal vai descontinuar, faseadamente, a tecnologia 3G”, havia confirmado a empresa ao SAPO TEK.
Qual é o calendário de encerramento das operadoras portuguesas?
A Vodafone Portugal foi a primeira a assumir uma data concreta para o início do encerramento do 3G. A operadora avisa desta forma com um ano de antecedência o encerramento progressivo da sua rede antiga, começando em julho de 2024. Ficou a promessa de uma transição suave e gradual.
A NOS imitiu um pequeno comunicado de que o seu processo de descontinuação do 3G também terá início a partir de meados do próximo ano. A data ainda não foi totalmente confirmada, mas a operadora diz que vai emitir um comunicado em breve para começar a avisar os seus clientes.
Por fim, a MEO vai ser a primeira a iniciar o processo de encerramento da sua rede 3G. A Altice Portugal é a única com um calendário já definido, salientando que vai iniciar o processo a partir do dia 3 de setembro de 2023, num processo que espera estar concluído até ao dia 31 de janeiro de 2024.
Vai ser necessário trocar de telemóvel com o encerramento da rede 3G?
Tudo depende da antiguidade do equipamento. Se este for compatível com o 4G, então não via ser necessário. Os smartphones mais recentes estão, pelo menos preparados para 4G, mesmo que ainda não tenham suporte a 5G, pelo que o encerramento da rede 3G não vai afetar. Por outro lado, caso os equipamentos tenham acesso a redes 2G e 3G, quando a rede em questão for encerrada, podem continuar a aceder através do 2G, que vai manter-se operacional. Mas esta rede apenas vai permite fazer chamadas telefónicas e não a transferência de dados (como navegar na internet).
Assim, no que diz respeito aos telemóveis antigos, à partida vai poder continuar a utilizá-los, acedendo à tecnologia 2G enquanto os operadores mantiverem essa rede ativa, até que decida fazer a atualização do equipamento.
O telemóvel vai registar-se automaticamente noutra rede quando o 3G for desligado?
Tudo depende de como os equipamentos foram configurados pela fabricante ou operador quando os adquiriu. Alguns podem ter sido configurados ou bloqueados para funcionar apenas em 3G, de forma a obter, por exemplo, uma melhor qualidade de rede, explica a Vodafone Portugal. Se for o caso, terá de ajustar as configurações do equipamento de forma a funcionar com outras redes. Se for um telemóvel antigo, sem alterar para o 4G e 5G vai poder efetuar comunicações por voz no 2G.
O cartão SIM vai ser o mesmo com o encerramento da rede 3G?
Caso o cartão seja antigo e não consiga estabelecer ligação às redes 4G e 5G é possível fazer a troca para um novo cartão SIM recente. No caso da MEO e Vodafone Portugal, essa troca é gratuita, bastando dirigir-se a qualquer loja das operadoras e respetivas linhas de apoio. A Vodafone Portugal explica na sua página que se adquiriu ou trocou o cartão SIM após 2012 não vai precisar fazer nada para utilizar as redes 4G e 5G. Se for anterior a 2012 o mais provável é ainda não estar preparado para as redes mais recentes.
Vou ser avisado pelo meu operador caso o meu cartão seja incompatível com as novas redes?
Sim. No calendário de encerramento gradual, os operadores afirmam que caso os cartões SIM sejam compatíveis com 2G, os utilizadores não vão sentir diferença quando o 3G for desligado no que diz respeito às chamadas. Mas se estiver a funcionar exclusivamente em 3G vai ter de trocar o cartão.
A Vodafone Portugal afirma que vai entrar em contacto com todos os seus clientes que estejam numa situação em que quando a rede 3G se desligar vai afetar o seu funcionamento. O contacto será válido tanto para clientes particulares como empresariais e será efetuado nos próximos meses, para agilizar a transição atempadamente e de forma mais simples. A NOS também afirmou que os seus clientes vão ser avisados sobre o calendário da mudança.
Em que região do país se vai iniciar o processo de desligamemento da rede 3G?
Para esclarecer os seus clientes, a Vodafone Portugal diz que o processo de descontinuação do 3G apenas tem início daqui a um ano, em julho de 2024 e até lá nada muda. Apesar de progressivo, a operadora diz que será generalizado a todo o país. A estratégia da empresa é conseguir criar condições durante este próximo ano para que essa transição seja o mais ágil possível e sem perturbações para os seus clientes, independentemente da zona do país onde se encontrem.
Já a MEO tem um calendário estruturado, com datas especificas por distrito e concelho. A primeira fase, a começar no dia 4 de setembro, o interior do Norte de Portugal será a primeira área a desligar o 3G, englobando Bragança, Vila Real, Viseu e Guarda. A segunda fase começa a 30 de setembro para a zona interior centro e sul, incluindo Castelo Branco, Portalegre, Évora, Beja e Setúbal (exceto a Área Metropolitana de Lisboa). A terceira fase começa a 31 de outubro no Norte litoral, afetando Viana do Castelo, Braga, Aveiro (exceto Área Metropolitana do Porto) e ainda os Açores. A quarta fase começa a 30 de novembro para o centro litoral, apanhando Coimbra, Leiria, Santarém, Alenquer, Arruda dos Vinhos, Azambuja, Cadaval, Lourinhã, Sobral de Monte Agraço e Torres Vedras. Por fim, a última fase, com início em 31 de janeiro de 2024, foca-se nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto, Faro e Madeira.
O que vai acontecer às soluções e aplicações empresariais que usam a rede 3G?
No caso de soluções empresariais, a MEO afirma que se deve verificar se as mesmas suportam pelo menos 2G, 4G ou 5G para o seu funcionamento. “Se assim for, apenas terá de garantir a compatibilidade dos equipamentos e/ou cartões SIM com as tecnologias necessárias. Caso contrário, ou se for necessário utilizar débitos de transmissão de dados ou características não suportadas, contacte-nos”, refere a MEO no seu FAQ. A MEO diz que se for necessário substituir os cartões SIM vai enviá-los para a morada registada no seu sistema.
A MEO refere ainda que se houver um Nome de Ponto de Acesso (APN) limitado à rede 3G também vai proceder à respetiva atualização para 4G ou 5G. Os clientes devem verificar se é necessário atualizar os equipamentos e cartões SIM.
Quais os smartphones 3G que podem ser afetados com o fim de rede?
A Vodafone listou alguns dos equipamentos 3G do seu portfólio que poderá consultar: Huawei ETS3, Huawei S7-303U Springboard, Huawei G Play mini, Santok 3600, Alcatel One Touch 2045X, Alcatel 1C, Alcatel One Touch Pop C7, Alcatel Pixi 4, Nokia C2-01, Nokia 208, Mobiwire Dakota, Apple iPhone 4 e 4S, Samsung Galaxy Grand Neo Plus, Samsung S5839i Galaxy Ace, Samsung Galaxy Young, Vodafone Smart 4 mini, Vodafone Smart mini 7, Vodafone Smart first 6, Vodafone 353, Vodafone Smart grand 6, Telit HE910, Quectel UC15. A MEO e a NOS não identificam os equipamentos afetados.
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