A maioria das pessoas acredita que alguns anúncios online surgem porque os seus equipamentos ouviram secretamente as conversas offline, apesar de não existirem provas de que isso aconteça.

Os dados são de um estudo que constatou que a crença na publicidade relacionada com a conversação é um fenómeno generalizado, sendo mais elevada nos EUA do que nos países europeus. Entre metade e dois terços dos inquiridos acreditam que a escuta eletrónica é uma explicação provável para este fenómeno.

Denominado "Conversation-Related Advertising and Electronic Eavesdropping: Mapping Perceptions of Phones Listening for Advertising", o estudo inquiriu 886 pessoas nos EUA, nos Países Baixos e na Polónia para perceber a sua opinião sobre a publicidade online. A equipa, liderada por Joanna Strycharz, da Universidade de Amesterdão, escolheu estes países com base nas suas diferenças em termos de regulamentação da privacidade e no seu historial de vigilância estatal. As leis de privacidade dos EUA são geralmente consideradas mais fracas do que as europeias.

O estudo pode ser o ponto de partida para investigações mais profundas, com destaque para as implicações éticas, sociais e para plataformas digitais resultantes da perceção dos utilizadores de que os seus dispositivos os espiam.

Recomenda ainda novas análises sobre privacidade e vigilância e verifica que as perceções de vigilância podem gerar reações adversas, afetando a experiência dos utilizadores e a confiança em plataformas de redes sociais.

Nas conclusões, a autora aponta ainda para a necessidade de iniciativas educacionais para combater a desinformação, principalmente nas redes sociais, onde a maioria dos utilizadores toma contacto com o fenómeno da “escuta eletrónica”.

Deixa ainda o alerta de que crenças equivocadas podem levar ao ceticismo de privacidade, reduzindo confiança nas instituições digitais, limitando a liberdade de expressão e afetando o uso de dispositivos e plataformas.

A investigação fornece um ponto de partida valioso para explorar como crenças relacionadas com a privacidade e a vigilância afetam indivíduos, empresas e sociedade como um todo.