Por Caio Soares (*)

Na atual era digital, a tecnologia tornou-se um elemento absolutamente central na forma como vivemos, trabalhamos e acedemos à informação. Com a presença da internet no nosso dia-a-dia, é agora crucial garantir que todos podem aceder a websites e sistemas de forma igual, independentemente de quaisquer inabilidades, sejam elas visuais, auditivas, motoras ou cognitivas. E embora recentemente tenham sido feitos avanços significativos na consciencialização para a diversidade e inclusão, existem ainda muitas empresas que parecem não compreender a importância de garantir a acessibilidade digital para uma sociedade mais justa.

Além de uma estratégia-chave para promover uma maior inclusão digital, a acessibilidade é uma maneira eficaz das empresas atraírem um público mais vasto, ampliarem as bases de talento e fortalecerem a sua reputação. Ao tornarem os seus websites mais inclusivos, os líderes conseguem assegurar que um maior número de pessoas consultam e recorrem aos seus serviços, alcançando assim mais clientes e utilizadores. Além disso, através da adaptação dos sistemas de acordo com as necessidades de diferentes profissionais, podem ampliar as suas bases de talento, atraindo profissionais altamente competentes e valiosos. Ao mesmo tempo, promover a acessibilidade digital reforça o posicionamento das empresas no que toca à inclusão, algo extremamente importante numa altura em que os valores são, cada vez mais, uma prioridade para as pessoas.

Face ao impacto positivo da inclusão na era digital, importa compreender como podem os líderes promovê-la. Em primeiro lugar, uma das maneiras mais eficazes de perceber efetivamente quais as necessidades dos utilizadores com inabilidades passa por promover uma maior inclusão na própria criação dos websites. Ao apostar em talento diverso, as organizações poderão enriquecer a visão do desenvolvimento e garantir produtos mais inclusivos desde a raiz. Estes são profissionais com a formação e competências necessárias para desempenhar as suas funções e compreenderão melhor do que ninguém quais as necessidades e adaptações necessárias a cada sistema. Além disso, as soluções pensadas e desenvolvidas por estes profissionais podem ser muito úteis não apenas para pessoas com inabilidades permanentes, mas também temporárias, como um braço partido, por exemplo, ou até mesmo para pessoas sem quaisquer incapacidades.

Para responder a este desafio, é importante que as organizações estejam dispostas a ouvir as necessidades das equipas e a identificar quais as adaptações necessárias para assegurar que estas desempenham as suas funções da melhor forma. Para tal, devem garantir que os sistemas utilizados são compatíveis com as tecnologias e ferramentas assistivas, nomeadamente leitores de ecrã, zoom, aumento do tamanho de letra ou contraste.

Finalmente, para promoverem sites acessíveis as empresas devem estar constantemente atentas às regulamentações em vigor. A partir de junho de 2025, por exemplo, o Ato Europeu de Acessibilidade será implementado nos estados-membros da União Europeia (UE), impondo que os sites e plataformas da UE sejam acessíveis de acordo com as Diretrizes de Acessibilidade de Conteúdo da Web (WCAG). Estas diretrizes baseiam-se em critérios que os sites precisarão de cumprir para funcionar para o maior número possível de pessoas no maior número possível de dispositivos, nomeadamente no que respeita ao texto e às cores dos websites, às suas funcionalidades, à interação com os elementos do site, à linguagem utilizada e ao tempo de resposta.

Implementar estas estratégias é fulcral para impulsionar a acessibilidade digital, princípio básico da inclusão para que todos tenham a oportunidade e possibilidade de viver de forma independente num mundo cada vez mais digital. Promovê-la deve ser, por isso, uma prioridade de todos os líderes e empresas que operam na era atual e que querem verdadeiramente marcar o mundo de forma positiva.

(*) Software Engineer na Zühlke