Dados revelados esta terça-feira pela empresa, relativos ao segundo trimestre de 2015, indicam que o número de transações com cartões contactless aumentou 277% comparativamente ao ano anterior. O valor denota o interesse crescente pela solução de pagamento, mas traduzido em números absolutos poderá ter muito menos peso, já que estamos a falar de uma tecnologia que ainda não tem muito tempo de disponibilização no mercado português.

Nestas e noutras tecnologias de pagamento, “estamos a crescer em Portugal, mas obviamente podíamos comparar melhor com outros mercados, como por exemplo com Espanha”, considera Paulo Raposo, responsável para Portugal da MasterCard.

 

TeK: O que acha que falta no mercado português para o contactless, e nomeadamente o contactless mobile, ser uma realidade?

Paulo Raposo: Para já vontade de quem tem que tornar o sistema aberto para o mercado. Existem cartões, existem terminais, a forma de utilização está mais ou menos estabilizada. Entendo que seja mais uma questão de vontades do que outra coisa qualquer, porque a tecnologia está aí, os devices estão no mercado.

TeK: E também não falta mais informação aos utilizadores finais? Há grandes cadeias de supermercados que adotaram este meio de pagamento, mas não se veem muitas pessoas a utilizá-lo…  

Paulo Raposo: Alguma informação é fundamental especialmente quando estamos no arranque dessa tecnologia. No lançamento do serviço houve alguma formação dada aos operadores de caixa no sentido de informarem os clientes, mas o que é fundamental em todo o processo a primeira transação e depois a repetição.

TeK: Tal como acontece com as compras online, não acha que os portugueses são desconfiados em relação a este tipo de pagamentos?

Paulo Raposo: Da nossa parte estamos a fazer o nosso papel: dizemos e garantimos que a tecnologia integrada torna a solução segura. Obviamente que é bom que as pessoas recebam a essa mesma informação por parte dos seus bancos. E penso que a generalidade dos bancos teve campanhas de educação dos seus clientes. O que acontece é que se a infraestrutura de aceitação não esta desenvolvida, como não há repetição, como as pessoas não ganham confiança, o nível de suspeição permanece. É obvio que depende muito do tipo de consumidor, da faixa etária. Se for um “millennium” vai usar isto com a maior das facilidades.

TeK: Há uma outra preocupação que já vi as pessoas manifestarem que é, em caso de perda ou roubo de um cartão contactless, quem “achar” o cartão pode utilizá-lo sem que lhe seja requerida qualquer identificação ou outra confirmação. E e lá vão os 20 euros…

Paulo Raposo: Mas o mesmo pode acontecer com o dinheiro que tenha na carteira… há um valor máximo que está associado a uma transação que pode ser ativado quer por somatório de transações quer por valor: um cliente nunca perde mais do que esse valor. Tudo o que seja acima de 20 euros o sistema pede o PIN. De tudo o que temos visto, mesmo da experiência noutros mercados, a desconfiança é um fator comportamental que tem de ser trabalhado, mas não será por aí que não vamos ter a adoção do contactless em Portugal.

TeK: Depois de tudo o que foi falado esta manhã aqui, entre tendências e realidade, qual é o maior desafio que a indústria dos pagamentos enfrenta neste momento?

Paulo Raposo: É claramente acompanhar o digital. É um ecossistema novo, com novas formas de utilizar o cartão, com novas tecnologias, com novas questões do ponto de vista da segurança, daí o investimento que temos feito por exemplo na área da tokenização. Penso que esses são os grandes desafios.

A MasterCard tem feito um esforço claro nessa área. Um sistema fácil eficaz e seguro de pagamentos. Não estamos a reinventar a roda, não estamos a mexer naquilo que tem provado ser bom ao longo dos últimos 40 anos, a marca e a rede, mas estamos a acrescentar layers, camadas, quer na segurança quer de serviço para tornar esta experiencia ainda mais atrativa para o consumidor e mais conveniente para o fornecedor.

TeK: A diversidade de modelos de pagamento é cada vez maior. Não acha que alguns métodos vão ficar pelo caminho?

Paulo Raposo: A tokenização é o futuro, na minha perspetiva. Aquilo que tenho dito aos meus clientes é que é necessário pensar em soluções que sejam standards, em soluções que são escaláveis, há que pensar em soluções do ponto de vista da aceitação que possam servir maior número de clientes possíveis. Tudo o que é pequeno, local, doméstico, pode ser interessante do ponto de vista intelectual, mas do ponto de vista de negócio temos visto players entrarem e saírem porque não ganham escala. Sinceramente, Portugal, sendo um país pequeno, bastante exposto ao exterior, com uma população envelhecida, mas também com early adopters, tem de alavancar o desenvolvimento dos meios de pagamento e do ecossistema de compras olhando para quilo que são as grandes tendências de futuro e não para pequenas coisas.

TeK: Não vê cada banco a fazer a sua wallet?

Paulo Raposo: Eu vejo cada banco a fazer a sua wallet, mas com as nossas soluções, com os nossos standards, usando os APIs da MasterCard, especificações que lhes permitam ligar o seu ecossistema aos pagamentos internacionais e beneficiar da aceitação do MasterClass, que é bastante superior àquela que se pode criar num mercado local ou num mercado fechado.

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