
Por Nuno Ferro (*)
Promover a participação das mulheres nas áreas tecnológicas é, hoje, um dos maiores desafios e, simultaneamente, uma das maiores oportunidades para garantir um setor tecnológico mais inclusivo, inovador e resiliente. À medida que a transformação digital acelera e transforma as necessidades de competências, torna-se urgente reduzir o fosso de género nas Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), por forma a ampliar as bases de talento acessível e assegurar que as mulheres não ficam para trás num contexto cada vez mais marcado pelo avanço tecnológico.
A realidade não deixa margem para dúvidas, as mulheres continuam sub-representadas nas áreas das TIC. De acordo com dados da McKinsey & Company, em 2023, a presença feminina nas empresas tecnológicas ainda não ultrapassava os 40%. Para além disso, mais de metade das profissionais do setor acredita que a indústria não está a fazer o suficiente para combater esta desigualdade, segundo dados recolhidos pela Web Summit em 2024. Dados do ManpowerGroup reforçam esta mensagem: apesar de 68% das empresas tecnológicas afirmarem já estar a concretizar ou estar próximo de alcançar os seus objetivos de igualdade de género, este valor representa, na realidade, um recuo face ao ano anterior, quando era 72%. Alguns sinais positivos podem, no entanto, ser esperados da perspetiva a dois anos, já que a projeção destes empregadores é de vir atingir os 76%. Nesse sentido, importa assegurar que continuam a ser delineadas, implementadas e monitorizadas estratégias concretas para que não existam barreiras às mulheres em tecnologia.
O risco de acentuar desigualdades torna-se ainda mais evidente com o avanço de tecnologias como a Inteligência Artificial (IA). Um estudo recente da Harvard Business School revela que as mulheres estão a adotar ferramentas de IA generativa a um ritmo significativamente inferior ao dos homens - um fator que pode acentuar ainda mais as assimetrias de género no acesso a oportunidades. Ao mesmo tempo, os cargos tradicionalmente ocupados por mulheres são também os mais vulneráveis à automatização, segundo um estudo da Code First Girls.
Ignorar esta realidade é comprometer a competitividade e a inovação das empresas. A diversidade é um motor essencial para resolver problemas complexos, desenvolver produtos inclusivos e criar equipas mais resilientes. Promover a presença de raparigas e mulheres nas TIC é, por isso, mais do que uma questão de justiça - é um imperativo estratégico para garantir um futuro mais produtivo, rentável e sustentável para as organizações.
Embora represente um desafio, a IA pode também ser vista como uma oportunidade para promover a igualdade. Na verdade, esta ferramenta pode ajudar a tornar os processos de seleção mais equitativos. Segundo o estudo de Global Insights sobre AI, publicado pela Experis, 66% das empresas destacam que a IA trará benefícios aos processos de recrutamento, sendo que uma das vantagens passa pela redução de preconceitos inconscientes nos processos de seleção, eliminando fatores subjetivos como género, origem ou a raça. Importa, ainda assim, ter em conta as questões éticas no desenvolvimento dos algoritmos, para assegurar que, de facto, não existem vieses incorporados no modelo de aprendizagem e se cumprem todos os requisitos éticos. É igualmente importante rever frequentemente os próprios métodos de seleção, de forma a identificar possíveis barreiras à inclusão das mulheres em cargos tecnológicos.
Mas além do momento do recrutamento, é fulcral combater estereótipos neste setor em todos os momentos da jornada das trabalhadoras. Para isso é importante apostar em avaliações baseadas em competências para contratação e promoção, oferecer modelos de trabalho flexíveis, que permitam um equilíbrio entre as responsabilidades pessoais e profissionais, criar ambientes que promovam a formação de forma equitativa e garantir o apoio ativo de líderes seniores para criar oportunidades de carreira tangíveis para as mulheres na tecnologia.
Face à atual escassez de talento global, que é especialmente acentuada no setor tecnológico, atrair e reter uma força de trabalho diversa torna-se cada vez mais um imperativo empresarial, com as mulheres a desempenhar um papel cada vez mais importante no futuro do trabalho. Neste contexto, os empregadores das TIC que souberem potenciar o seu talento, irão obter uma vantagem competitiva sustentável.
(*) Brand Leader da Experis
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