A Sociedade Portuguesa terá que saber integrar a sua experiência e saber

Este país também é para velhos

Por Francisco Jaime Quesado (*)

Numa Conferência Internacional recentemente realizada em Lisboa alguns Especialistas em Gestão salientaram o movimento que em muitos países se está a desenvolver no sentido de aproveitar ao máximo do ponto de vista dos grandes projectos de mobilização nacional a experiência das pessoas mais velhas que em muitos casos se encontram reformadas.

Precisamos dessa atitude em Portugal e por isso impõe-se uma cultura de mudança. Portugal não escapa à regra. Em tempo de novas apostas, muito centradas no discurso nos Factores Dinâmicos de Competitividade, as pessoas mais idosas têm um papel essencial a desempenhar. Por isso, que fique claro. Este país também é para velhos.

A sociedade civil tem nesta matéria um papel central. As pessoas mais idosas, na sua diferença e no seu sucesso, são o resultado dum "tecido social" que se pretende voltado para um futuro permanente. Os índices de absorção positiva por parte da sociedade dos contributos relevantes das pessoas mais idosas passam muito pela estabilização de condições estruturais essenciais.

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A matriz comportamental da "população socialmente activa" das actuais sociedades é avessa ao risco, à aposta na inovação e à partilha de uma cultura de dinâmica positiva. Ou seja. Dificilmente se conseguirá impor por decreto este movimento colectivo de aproveitamento do activo central que constitui a experiência das pessoas mais velhas. A resposta tem que partir da própria sociedade e todos temos uma particular responsabilidade nessa matéria.

Na Nova Sociedade Aberta, importa de forma clara consolidar o posicionamento de todos aqueles que têm um contributo a dar para a afirmação duma identidade partilhada e aceite por todos. Nem sempre se tem conseguido corresponder a este desafio. Querer cultivar a pequenez e aumentá-la numa envolvente já de si pequena é firmar um atestado de incapacidade e de falta de crença no futuro.

É doentia a incapacidade em definir, operacionalizar e dinamizar a lógica de "Capital Social" na Nova Sociedade. Por isso, e mais do que nunca, a "inteligência colectiva" no aproveitamento das contribuições das pessoas mais experientes torna-se nesta matéria um dado fundamental com que se deve contar para a afirmação de uma Sociedade mais equilibrada e justa.

A consolidação do novo papel das pessoas mais idosas entre nós passa em grande medida pela efectiva responsabilidade nesse processo dos diferentes actores envolvidos - Estado, Universidade e Empresas. Todos eles têm que nesta matéria saber estar à altura destas expectativas de participação / colaboração tão próprias da Sociedade Aberta atrás referida.

Impõe-se neste sentido uma articulação adequada ente estes actores relativamente a um "consenso estratégico" à volta do adequado aproveitamento do capital de experiência das pessoas mais velhas. Um desígnio de reinvenção que acelere uma verdadeira acção colectiva de mobilização de ideias e vontades em torno duma mudança desejada.

É aqui que entram as pessoas mais idosas. Compete a estes "actores de distinção" um papel decisivo na "intermediação operativa" entre os que estão no topo e os que estão na base da pirâmide. Só com um elevado "índice de capital intelectual" se conseguirá sustentar uma participação consistente na renovação do "modelo social" e na criação de plataformas de valor global sustentadas para os diferentes segmentos territoriais e populacionais.

(*) Membro da Plataforma Construir Ideias