Por Anesio Neto (*)
Nos últimos anos, temos assistido a avanços notáveis nas tecnologias de Realidade Virtual (RV) e Realidade Aumentada (RA), o que nos leva a questionar: Será que estas tecnologias estão a tornar-se acessíveis a todos? Neste artigo falo sobre os desenvolvimentos mais recentes e como estão a aproximar estas experiências imersivas do público em geral.
Redução de preço dos equipamentos de Realidade Virtual
Uma das barreiras tradicionais à adoção da Realidade Virtual ainda é sem dúvidas, o custo elevado dos equipamentos, conhecidos também como headsets. No entanto, empresas como a Meta (anteriormente conhecida como Facebook) estão a mudar este cenário nos últimos anos.
A Meta tem investido ao longo da última década no desenvolvimento da linha Quest, um headset de Realidade Virtual que oferece uma experiência de alta qualidade a um preço acessível. Esta redução de preço tem tornado experiências imersivas mais acessíveis para um público mais vasto, permitindo que mais pessoas experimentem mundos virtuais e imersivos.
O mais recente destes lançamentos foi o Meta Quest 3, anunciado em Julho deste ano mas lançado oficialmente apenas em Outubro. Os novos headsets apresentam uma impressionante capacidade de processamento, com melhor design, e os melhores displays já desenvolvidos pela Meta. Os preços, um pouco mais elevados que sua versão anterior, rondam entre os €549,99 e os €699,99 na Europa.
O papel da Realidade Virtual no nosso dia-a-dia
A Realidade Virtual tem vindo a desempenhar um papel cada vez mais significativo no nosso dia-a-dia. Desde a sua utilização na indústria e entretenimento até à educação e medicina, as aplicações são variadas e muitas vezes impressionantes.
No entretenimento, a Realidade Virtual oferece experiências imersivas em videojogos, cinema e até mesmo na cultura como podemos ver em exemplos de museus virtuais. Os entusiastas podem ainda explorar mundos fictícios ou sítios históricos sem mesmo sair de casa.
Além disso, na indústria, é utilizada para formação de trabalhadores em ambientes virtuais, permitindo a simulação de situações de risco ou complexas. Esta tecnologia também é aplicada também em cases de arquitetura e design, permitindo aos profissionais visualizarem projetos digitais antes de os concretizarem.
E uma das aplicações mais interessantes e quem tem desertado muito interesse, na medicina, a Realidade Virtual é usada em formações e também como ferramenta para terapias, permitindo aos médicos praticarem procedimentos complexos e aos pacientes superar fobias.
Para tornar o tema mais próximo da nossa realidade, trago alguns exemplos portugueses. Podemos falar sobre a Virtuleap, baseada em Lisboa, que desenvolve uma experiência incrível para elevar o sector da avaliação cognitiva e da formação com a ajuda da Realidade Virtual. Ou ainda a InciteVR, que publica experiências de aprendizagem imersivas para o ensino superior e o ensino profissional. Mais ao norte do país, a X-Plora (agora VizitAR) apresenta a evolução do áudioguia com uma aposta em Realidade Aumentada e Realidade Virtual, gamificação e NFTs para melhorar a experiência de visitantes em museus e espaços culturais.
Realidade Aumentada: telemóveis e tablets cada vez melhores e mais acessíveis
Assim como os headsets de Realidade Virtual da Meta tem responsabilidade no crescimento deste mercado, os telemóveis estão a desempenhar um papel crucial na expansão da Realidade Aumentada. A crescente capacidade de processamento, de realizar digitalizações, inclusive com uso da tecnologia LiDAR e a capacidade de conectividade em alta velocidade com o 5G, são as principais características que permitem que estes gadgets cada vez mais possam reproduzir experiências imersivas.
A Inteligência Artificial impulsiona o desenvolvimento das experiências de RA e RV
A Inteligência Artificial (IA) tem desempenhado um papel crucial no desenvolvimento das tecnologias de RA e RV. A IA é usada para melhorar a deteção de gestos, quando usamos as mãos ao invés de controlos, a interação natural com ambientes virtuais e até mesmo para criar conteúdo gerado por computador mais realista. A IA também desempenha um papel crucial na personalização das experiências de RA e RV, adaptando-as às preferências e necessidades individuais.
E a Realidade Aumentada? Está presente no nosso dia-a-dia?
A Realidade Aumentada é uma presença crescente no nosso dia-a-dia, com aplicações que abrangem várias áreas. Através de aplicações em telemóveis, da publicidade, compras online e também na educação, a Realidade Aumentada oferece sobreposições de conteúdos digitais ao nosso mundo real, enriquecendo experiências com interatividade e informações em tempo real.
Além disso, nos setores industriais, de navegação e da saúde, a Realidade Aumentada desempenha um papel fundamental, permitindo a formação, manutenção e orientação avançada em trabalhos individuais ou colaborativos. É um novo mundo, mais interativo, envolvente e informativo. Uma nova realidade.
A versatilidade destas experiências tem impactos significativos, melhorando o nosso quotidiano ao proporcionar experiências mais imersivas e eficazes em diversas áreas, desde o entretenimento até à educação e à indústria, reforçando a interligação entre o mundo físico e o digital.
Em Portugal temos casos bem interessantes, com o do OnTop que acaba de lançar o New Fantasy, um game que usa Realidade Aumentada para entreter seus participantes em um jogo interativo. Outro exemplo é a Kit-AR que desenvolveu uma plataforma que ajuda indústrias a reduzir os erros de produção ao mínimo com auxílio de tecnologias imersivas.
O que esperar do futuro?
De uma maneira geral, estas tecnologias disruptivas estão a tornar-se cada vez mais acessíveis a um público mais vasto, graças à redução de preços dos equipamentos, ao aumento das capacidades dos telemóveis e ao papel da Inteligência Artificial.
No futuro, espera-se que estas tecnologias imersivas se integrem ainda mais na nossa vida, possibilitando ambientes virtuais cada vez mais realistas, experiências aprimoradas em diversas áreas e interações mais intuitivas com o mundo digital. Estas tecnologias têm o potencial de redefinir a forma como aprendemos, trabalhamos e nos entretemos, sem sequer ser necessário saber o nome da tecnologia que está a ser utilizada.
(*)Co-President da VRARA Portugal
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