Por Pedro Henriques *

O Mobile é um tema que não passa despercebido aos portugueses, sejam empresas que analisam como tirar partido das novas tecnologias nos seus negócios, sejam os consumidores que gostam de ter consigo sempre a última versão do smartphone da sua plataforma favorita. Prova disso é a penetração do serviço móvel em Portugal, que no 2º trimestre de 2014 alcançou uma taxa de utilização efetiva de 122,4%. A prevalência dos smartphones é inegável, sendo que desde 2013 que em Portugal se vendem mais destes dispositivos do que dos telemóveis tradicionais, com clara preferência para a plataforma Android. Após a era dos mainframes, do computador pessoal e do advento da Internet, são agora as tecnologias SMAC (Social, Mobile, Analytics e Cloud) que definem o novo paradigma de soluções de negócio digitais.

Por outro lado, o crescimento exponencial da electrónica de consumo coloca vários desafios às organizações, a chamada consumerization of IT - cuja face mais conhecida são as políticas de BYOD (Bring Your Own Device) - onde os colaboradores podem usar os seus dispositivos pessoais em ambiente empresarial.

Não há dúvidas sobre a importância das soluções de mobilidade, dizem-me amiúde que 'o mobile é o futuro'. Discordo, 'mobile é o presente'.Mas qual será a maturidade das soluções mobile em Portugal?

As soluções de mobilidade já faziam parte da vida de algumas empresas mesmo antes da revolução provocada pelo lançamento do iPhone. Contudo estas iniciativas estavam focadas em soluções internas, segmento B2E (Business-to-employee), para otimização do trabalho das equipas operacionais no terreno. Foi apenas com o novo canal de distribuição de software, a AppStore, que as marcas começaram realmente a trabalhar a área B2C (Business-to-Consumer), criando apps para os seus clientes.

Foi exatamente esse mercado B2C que teve maior crescimento nos primeiros anos desta década. Em 2010 e 2011, os departamentos de marketing procuraram posicionar as suas marcas como inovadoras apostando na criação de aplicações móveis. Muitas vezes essas apps tinham pouca utilidade e não eram utilizadas de forma regular, mas o retorno de investimento era a exposição da marca, e isso foi conseguido para os early adopters.

Durante 2012 e 2013, a maioria das empresas apostou, pelo menos, numa primeira iniciativa mobile para os seus consumidores. As soluções que emergiram tipicamente já se preocupavam em trazer valor e envolver os clientes, por exemplo, soluções de selfcare ou de fidelização. Voltou também a haver um esforço na mobilização dos processos internos, procurando aumentar a produtividade e qualidade do trabalho através do acesso a informação relevante a qualquer instante e em qualquer lugar.

Em 2014 assistimos a dois fenómenos interessantes, enquanto as empresas mais cépticas juntavam-se finalmente ao mundo mobile, muitas outras estavam já a trabalhar na 2ª versão de algumas soluções. Estas atualizações, para além de uma revisão gráfica, têm também uma estratégica de conteúdos e plano de usabilidade muito mais assertivo dada a aprendizagem anterior.

Apesar da maturidade do mercado, continuam a existir imensos desafios que se colocam às organizações:

  • - Que plataformas e dispositivos devem ser suportados?
  • - Desenvolvimento nativo, híbrido ou web?
  • - Como garantir a segurança de informação e dispositivos?
  • - Como rentabilizar este novo canal digital?

Não existe uma boa solução para todos os casos. Mas é indispensável para as empresas entrarem em 2015 com um plano estratégico de mobilidade.

* Business Manager na Carbon by BOLD e Professor na Universidade Lusófona.