Por Paulo Ayres (*)
O elevado volume de vagas para especialistas em TI em Portugal é notório. Numa rápida pesquisa de vagas nos principais portais e redes sociais profissionais, percebe-se que há muito mais oportunidades em TI do que em qualquer outro setor de atividade. E há diversos motivos para tal: milhares de Startups, novos centros de serviços compartilhados, empresas já instaladas que voltam a recrutar. Tudo isso cria um ambiente extremamente favorável ao profissional. As oportunidades são inúmeras. Mas, na perspetiva do candidato, o que fazer para se diferenciar e tornar-se apelativo num mercado tão dinâmico? Escolher bem o que quer, pensar a própria carreira, não aceitar contrapropostas, manter uma postura ética e buscar constante evolução são garantias de que quando o boom passar, o profissional não só vai estar bem posicionado, como terá aproveitado o bom momento para crescer na carreira.
No momento em que estamos um profissional de TI, de qualquer nível, recebe constantemente contactos nas redes sociais, telefonemas e e-mails com diversas oportunidades. E, mesmo se não estivesse a procura, tanto contacto acaba por criar uma certa curiosidade. Antes de qualquer resposta positiva, deve-se pensar: É hora de mudar? Já contribuí o suficiente na empresa que estou para poder aceitar um novo desafio? Vale a pena ao menos escutar o que o mercado tem para me oferecer? São perguntas simples, mas que não têm uma resposta padrão. Uma sugestão é fazer uma matriz para medir vantagens e desvantagens da mudança. Tendo mais respostas do lado positivo, mude. E, uma vez decidido, siga com o processo. Participe das entrevistas, deixe claro o que quer para a empresa que contactou. E ao receber uma oferta, que esteja em linha com o que foi sua expectativa salarial, simplesmente avise à empresa atual e alinhe a data de saída. Seja claro, direto e coerente, o seu atual empregador vai gostar da atitude. A forma como sai de uma empresa é mais importante que o que fez durante o seu percurso na mesma.
Seja pela dificuldade em recrutar, seja por considerar que o funcionário é fundamental para a empresa, existe a possibilidade de a empresa atual fazer uma contra oferta, sempre melhor que a da nova empresa. Deve-se aceitar e manter-se onde está? De uma maneira direta: não, de forma alguma. Uma vez que tenha demonstrado o desejo de sair, cria-se uma marca na empresa atual e frustra a nova que o convidou. E vale uma reflexão: se antes de ter tido uma nova oportunidade, não havia uma promoção no horizonte, por que só na hora de sair é que há essa valorização? Uma vez decidida a saída, saia e persiga a sua nova oportunidade e deixe sempre portas abertas.
O profissional deve pensar a carreira da mesma forma estratégica que pensa o dia-dia em seu trabalho. O que quer para o futuro? Quais competências precisa desenvolver para chegar onde quer? Aproveite que num momento de mercado tão dinâmico, as empresas investem em formação para seus colaboradores e até há mais opção de cursos com custos mais acessíveis. Esteja em linha com o que o mercado vai pedir nos próximos anos. Cloud, novas linguagens de programação, cursos de gestão; estudar, informar-se e avisar a empresa que está a fazê-lo. Isso não só vai valorizar o profissional, como nos cursos que estiver a frequentar, criará um networking que pode ser extremamente valioso no futuro. E, quando o crescimento acelerado do mercado arrefecer e as oportunidades não forem mais tão abundantes, os contactos para novas oportunidades não cessarão e, provavelmente, para cargos ainda melhores.
(*) Manager IT, Spring Professional Portugal
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